

Os raios de luz que entram por entre o estore do quarto, o escuro e o silêncio que me transmitem paz e me permitem refletir e o som do despertador que insiste em lembrar que está na hora de acordar e que tudo nasce de um novo amanhecer.
Nem pensar em me levantar já! Volto-me para o outro lado e abraço a almofada com toda a força do mundo. A história repete-se a cada manhã… Levanto-me e na azáfama da luta contra o relógio, abro os estores, ligo o rádio bem alto e entre espreguiçadelas, bocejos, cantorias e passos de dança digo bom dia ao mundo.
Bolas, está quase na hora de sair de casa e ainda estou nestes preparos! Arranjo tudo o que há para arranjar, tomo o pequeno-almoço e saio na correria. Mas onde é que deixei o carro ontem?! Ah já sei!
Digo bom dia à Dna Madalena, uma doce velhinha de 90 anos, que àquela hora já está à janela do seu R/C a ver quem passa, e sigo. Pelo caminho encontro o rapaz mais porreiro do bairro e com quem tanto gosto de conversar. Logo agora que não tenho tempo! Aceno, sorrio e continuo. “Então miúda?! Estou a ver que estás de volta ao trabalho!”, ouço.
Verdade, após dias e dias de ausência, está na altura de voltar, ainda assim com tantos sonhos e outros projetos pessoais e profissionais por concretizar! Entro no carro e enquanto conduzo lembro-me que o sonho comanda a vida, que querer é poder e que acreditar e pensar positivo é meio caminho andado para conseguirmos tudo o que queremos. Não tivesse eu lido tantos livros de autoajuda!
Ponho a música bem alta e entre cantorias, buzinadelas e pensamentos menos bonitos sobre os condutores da frente, do lado e arredores vou arrumando as ideias e fazendo a lista de prioridades para o dia. Assusto-me com o som estridente e ensurdecedor da campainha do elétrico, aquele que tanto caracteriza os bairros típicos de Lisboa e que os turistas tanto gostam. Já devia estar mais que habituada!…
Finalmente chego ao trabalho e a horas! Ligo o computador, bebo um café… O elevado número de emails, recados e os cumprimentos mais efusivos de alguns colegas, que me perguntam se estou bem e o que tenho andado a fazer, fazem-me perceber que tudo voltou a ser como antes:
“Bom dia Sílvia, bem-vinda à realidade!”
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