Naquele dia acordou com uma dor forte nas costas. Não era habitual, mas como fazia desporto e dança pensou que não passava de um mau jeito e resolveu parar por uns dias. Catarina era jovem. Tinha 29 anos, mas aparentava muito menos, uns 22! Talvez pela sua forma de ser, de vestir, de estar. Era ativa, comunicativa, tinha mil hobbies, muitos amigos e estava a passar por uma ótima fase. Tinha um emprego novo e estava apaixonada por um dos instrutores do ginásio que frequentava e com quem andava a sair.

Dentro das suas formas curvilíneas, encontrava-se numa excelente forma física. De cabelo castanho, liso, mas com alguns jeitos, pestanuda e sempre sorridente, Catarina sentia-se feliz e saudável e, durante poucos dias, não se preocupara com o suposto mau jeito que teria dado. Tinha, de vez em quando, umas crises de mau feitio. Personalidades!

Os dias passaram. As dores agravaram. Catarina foi às urgências hospitalares. “Está tudo bem consigo. Basta que tome estes comprimidos e que ponha um emplastro de 12 em 12 horas”. Foi mais ou menos isto que o ortopedista que a examinou lhe disse. Catarina foi para casa e assim fez, mas a dor não passou. A dor piorou!

Infelizmente, a vida não é feita apenas de bons momentos e a de Catarina passou a ser um verdadeiro inferno! As dores eram atrozes, debilitantes, completamente impossíveis de suportar e os médicos não diagnosticavam doença alguma.

Catarina estava a enlouquecer. Sentia que a vida não valia a pena. Não conseguia imaginar-se a  viver assim, limitada, e muito menos suportar tamanha dor por muito mais tempo. Chegou a pensar em desistir de si, mas foi demasiado cobarde para isso!

Procurou mais e mais médicos. Sentava-se à sua frente e apenas conseguia chorar. Compulsivamente. Como quem pedira desesperadamente que a ajudassem. Um dia, foi a um reumatologista e tudo mudou!

Finalmente, encontrou o seu “anjo da guarda”. Alguém que se preocupou realmente consigo, com o seu caso e que, a pouco e pouco, lhe foi devolvendo a paz que perdera há alguns meses. Tempo de mais!

Com cerca de 50 anos, careca e com muito sentido de humor, também o seu reumatologista teve dificuldade em fazer o diagnóstico logo à primeira, mas preocupou-se em, simultaneamente, minimizar-lhe as dores e em fazê-la sorrir, com as histórias cómicas que ia contando ao longo das consultas.

Errou o primeiro diagnóstico, até que Catarina começou a ter manchas na pele! Finalmente descobriu-se: Artrite Psoriática, uma doença inflamatória reumática crónica. O percurso foi longo, muito longo, mas hoje está tudo bem e a doença controlada, apesar dos espaçados surtos.

Passar por momentos tão dolorosos e incapacitantes durante muito tempo não é fácil e descobrir que se tem uma doença crónica, ou seja, para toda a vida, também não. É desesperante!

Catarina tornou-se uma pessoa triste, nervosa, arrogante. Tinha medo da vida e do que viria pela frente! Acordava várias vezes por noite para confirmar que ainda se conseguia mexer e que não tinha mais manchas no corpo! Perdeu “amigos”, talvez por falar muito da sua doença, dos seus sintomas dos seus medos, talvez porque tenha passado a ser chata e desinteressante para eles! Catarina tornou-se uma pessoa revoltada.

Os anos passaram, novas pessoas surgiram na sua vida, umas ficaram outras não, Catarina aprendeu a lidar com a doença, aceitou-a e com o passar do tempo voltou a ser quem era antes. Um pouco mais “adulta”, talvez.

Quem nunca passou por uma história semelhante a esta, independentemente da doença, ou não cuidou e acompanhou de perto alguém com um problema deste género, não tem – e ainda bem – a menor ideia do seu sofrimento. Não percebe porque razão a pessoa é constantemente antipática, arrogante ou o que seja.  É importante lembrar que pessoas como a Catarina estão a travar um longa e muito pesada luta e que não vale a pena entrar em confronto.

Pelo contrário, devemos ter sempre em conta que, mesmo antipáticas, arrogantes, insuportáveis ou seja lá o que for, estas pessoas merecem todo o nosso apoio e respeito. Se tudo correr bem, com o tempo voltarão a ser como antes. Ou quase!

O que é a Psoríase?

A psoríase é uma doença sistémica inflamatória crónica da pele, não contagiosa, que pode surgir em qualquer idade. Afeta 1 a 3% da população.

O seu aspeto, extensão, evolução e gravidade são muito variáveis, caracterizando-se, geralmente, pelo aparecimento de lesões vermelhas, espessas e descamativas, que afetam sobretudo os cotovelos, joelhos, região lombar e couro cabeludo.

Nos casos mais graves, estas lesões podem cobrir extensas áreas do corpo. As unhas são também frequentemente afetadas, com alterações que podem variar entre o quase imperceptível e a sua destruição.

Cerca de 10% dos doentes desenvolvem artrite psoriática. Esta traduz-se por dor e deformidade, por vezes bastante debilitante, de pequenas articulações, como as mãos e os pés, ou grandes articulações, como membros e coluna. Pode manifestar-se também em outros órgãos e sistemas.

A origem da psoríase não está totalmente esclarecida, embora se saiba que é geneticamente determinada e envolva alterações no funcionamento do sistema imunitário, que provocam inflamação e aumento da velocidade de renovação das células da epiderme, a camada mais superficial da pele.

Apesar de não ter cura, a doença tem tratamentos muito eficazes. Se desconfiar que poderá sofrer desta patologia nas suas mais variadas formas dirija-se de imediato a um médico e não desista.

Algumas figuras públicas que revelaram sofrer de psoríase:

Portuguesas: Núria Madruga, Iva Domingues, Noémia Costa e Hélio Loureiro

Estrangeiras: Kim Kardashian, Britney Spears e Cameron Diaz

Mais informações em PSOPortugal