Refletir, escrever, fantasiar, seduzir, comunicar, informar. Viver

Mês: Julho 2018

“Mais respeito que sou tua mãe” uma peça a não perder

Fotografia tirada do Facebook de Força de Produção

“O que importa é que estamos todos juntos e todos bem”. Foi esta a mensagem que – o grande em tamanho e enorme em talento – Joaquim Monchique nos deixou no final da peça “Mais respeito que sou tua mãe”, em cena no Teatro Villaret, até agosto.

Sob a pele de Esmeralda Bartolomeu, uma mulher humilde, de bairro, sem estudos e com pouco dinheiro, Joaquim Monchique mostrou-nos que ser mãe, dona de casa e o pilar de uma família – três filhos, o marido e o sogro – nem sempre é fácil.

Durante duas horas de humor e muitas gargalhadas, foi-nos contada a história de uma peculiar família da Baixa da Banheira, em que a personagem de Joaquim Monchique luta pela sobrevivência, educação e bem-estar dos seus, tendo de lidar com um marido desempregado e fanático por futebol, um sogro bastante idoso e  viciado em marijuana, tanto quanto o seu filho mais novo. Uma filha adolescente, também ela problemática e muito sabida para a idade e o filho mais velho, o bem comportado, que frequentou a faculdade, mas que, entretanto, se assume como gay. Mais tarde deixa de o ser e constitui família.

Várias vezes durante a peça, entre cenas, Esmeralda Bartolomeu surge na escuridão de uma sala, sob um forte foco de luz, aproxima-se o mais possível do público, confidencializando os sentimentos, medos e dúvidas de uma mulher, mãe, sogra… Foi sobretudo nestes momentos, mas durante as duas horas de muito humor, que mais uma vez voltei a ver a grandiosidade deste ator e o respeito que merece por todo o talento que tem.

No meio de todos estes problemas e da já referida mensagem final que nos deixou  – “O que importa é que estamos todos juntos e todos bem” -, ficou bem patente que com o seu esforço, carinho e amor maior de Mãe, Esmeralda Bartolomeu é fator de união desta desestruturada e muito divertida família portuguesa.

Uma peça de morrer a rir a não perder!

Quinta da Regaleira: saída de um “verdadeiro” conto de fadas

“Ficou ali sentada, os olhos fechados, e quase acreditou estar no País das Maravilhas, embora soubesse que bastaria abri-los e tudo se transformaria em insípida realidade…” é mais ou menos assim que me sinto quando vou à Quinta da Regaleira, em Sintra, – “uma” Alice! Louca, curiosa, sonhadora, feliz.

Misteriosa, enigmática, fantástica… a Quinta da Regaleira faz-me sentir como que caída exatamente num conto de fadas. Aliás, este seria o cenário ideal para uma história destas. Ideal e real! E ali, eu sou a Sílvia no País das Maravilhas!

Enquanto observo, cheiro, sinto e desfruto deste lugar “de fantasia” vou-me recordando das falas dos personagens e das passagens do filme! Mais ou menos, como se ao invés de ter atravessado os portões da quinta, tivesse caído, sabe-se lá de onde, no seu Poço Iniciático, que deve esconder tantos ou mais segredos que estas personagens! Até porque, segundo reza a história, o Poço Iniciático é precisamente a representação da passagem pelo inferno, o purgatório e o paraíso…

“Onde fica a saída?”, perguntou Alice ao gato que ria. “Depende”, respondeu o gato. “De quê?”, replicou Alice. “De para onde você quer ir…” A história continua, e tal como a Alice, também eu, muitas vezes, não sei para onde vou ou para onde tenho ou quero ir!

Ainda assim não me importo de me perder na gruta do labirinto! De percorrer os seus caminhos, ouvir as gotas de água que vão caindo aqui e ali, sentir o cheiro a terra molhada, pôr o pé nas poças, admirar os lagos que a rodeiam e, por fim, “ver a luz ao fundo do túnel”! E lá vem novamente a lembrança da Alice: “Entenda os seus medos, mas jamais deixe que eles sufoquem os seus sonhos.”

Também os jardins são maravilhosos e conquistam precisamente pela sua grandeza e beleza, num misto de muito sol e sombra, entre o tão típico e já conhecido micro clima de Sintra. O palácio propriamente dito, o patamar dos deuses – composto por nove estátuas de deuses greco-romanos – , e as muitas fontes, bancos, terraços, torres e portais estão todos eles carregados de muita história e simbolismo, que vale a pena pesquisar, saber e sobretudo ir ver e conhecer a fundo.

A Quinta da Regaleira é, sem dúvida, um espaço verdadeiramente mítico, mágico e de uma beleza fenomenal, onde podemos passar o dia a passear, meditar, refletir… estando abertos às mais profundas e diferentes sensações!

Ah, é verdade, “outra coisa que descobri: rir durante o dia faz com que você durma melhor à noite”, Chapeleiro Maluco!

Saiba tudo sobre a Quinta da Regaleira

DarKirKos – “o circo de ritmos” e de emoções

Foto: Jazzy Dance Studios

Um, dois, três, quatro. Cinco, seis, sete, oito. Volta, contra volta, meia volta. Contratempo. Foram assim os últimos dois dias! Os meus e os de todos os grandes bailarinos que participaram no “DarKirKos – O Circo de Ritmos” – o espetáculo de final de ano da Jazzy Dance Studios Saldanha, este domingo no Tivoli.

Maiores ou mais pequenos, no sábado, todos os espaços da escola de Santos foram aproveitados para mais um, outro e outro ensaios. Jazz, House, Kuduro, Bachata, Kizomba, Irish Dance, Semba, Salsa… Independentemente do estilo, todos estavam empenhados em dar o seu melhor e em “fazer bonito” no dia seguinte.

Stress muito stress, empenho, magia, paixão, cor, imagem, beleza, inspiração… O hula hoop com que tinha de entrar em palco estava a incomodar-me verdadeiramente! Sentia que não tinha jeito e não sabia o que fazer com ele. Sentia-me ridícula… Nem sempre estava em concordância com o meu tão amável e disponível par, que, afinal, em momentos de pressão, também tem mau feito e não aceita que o corrijam.

Criou-se um pequeno desconforto entre nós, até porque aqui a estrela – eu – de santa também não tem nada! “Estas coisas só servem para nos conhecermos melhor e reforçar relações”, disse ele e muito bem! Continuámos a ensaiar como se não houvesse amanhã, mas era já amanhã…

Eu continuava a dar dicas! “Vira para a esquerda. Esquerdaaaa!”, dizia. “Ups, ele não gosta, é verdade!”, pensava. Mais uma vez… Um, dois três, quatro. Cinco, seis, sete, oito. Ouvia-se a toda a hora, por todo o lado! “Tens de partir o braço atrás das costas”, lembrava eu. “Acho que fica melhor se puseres o pé mais atrás. Mas é tudo uma questão de estilo”, dizia ele!

Alguém passou, falou e “brincou” timidamente, como se nunca nada se tivesse passado. Alguém que em tempos me fez cair num poço de tristeza e desilusão que mais parecia não ter fim! Os sentimentos misturaram-se! Lembranças, stress, ansiedade. Respirei fundo! “Concentra-te Sílvia. Já passou. Foca-te agora no que é importante”. As calças de ganga também me incomodavam um pouco. “Mas porque é que não trouxe as leggings?!”. E o ensaio geral fez-se…

Domingo, 10h00, vá 10h30, estávamos no Tivoli! E tudo se repetiu novamente, como se no dia anterior nada se tivesse passado. Um, dois, três, quatro. Cinco, seis, sete, oito. “Tenho de trabalhar melhor o meu stilling!”, partilhei com o meu par. Nada podia falhar, mas ainda não me sentia segura.

Foto: Jazzy Dance Studios

Subimos ao palco para fazer o ensaio de spacing e de luzes. Ouvia o pessoal da organização a usar termos técnicos de que eu nada percebia! Coloquei-me no meu lugar no palco e procurei um ponto de referência para na hora “H” não me enganar! “Eles lá sabem do que falam!…”

Apesar do nervosismo, os camarins eram uma animação. Muita música, muitos sorrisos, muitos abraços, muita dança, muitas fotografias. E assim se esqueceu tudo o que estava lá fora, ou quase tudo. Assim se esqueceu o mundo!

Subimos ao palco novamente! O último e geral ensaio, com roupas, sapatos… Tudo. Nada podia falhar. Era a última vez antes do derradeiro momento!  No corredor encontrei a doce professora de House, que brincou como quem nos dá uma palavra de força! Dei-lhe um beijinho. Ela seguiu. “É tão querida!”, partilhei.

No final, tudo correu lindamente. Com um ou outro pormenor que ficou apenas entre nós – eu e o meu par. Com um olhar brilhante e cúmplice, entre quatro braços trémulos agarrámo-nos para dançar e dar o nosso melhor em frente às, segundo consta, mil pessoas que estavam sentadas na plateia do Tivoli.

Dança, amizade, respeito, admiração, missão cumprida… Palmas. Um abraço apertado!

Os “loucos” são mais felizes!

Ficas a saber que dois dos teus amigos não são bons da cabeça quando, um deles, de um dia para o outro, vos inscreve na Grande Regata de Barquinhos a Remos, nomeia a vossa equipa como “os pimbas” e a ti próprio como o capitão da mesma! E a resposta do outro é: “Ahaha lá nos vamos nós meter em aventuras, outra vez!”.

Ficas a saber que és igualmente senil quando aceitas a “aventura” e ainda te dás ao trabalho de caprichar no teu disfarce pimba, afinal és o capitão da equipa!

Os pimbas tiveram uma longa e muito puxada competição pela frente, treinaram, esforçaram-se, suaram e riram tanto que tiveram direito a um muito bom e honroso último lugar.

No meio de tudo isto há um quarto elemento que aparece para nos apoiar e tirar fotos!

Conclusão da história: um pouco de loucura é meio caminho andado para alcançar a felicidade!

Esta foi a 6.ª edição da Grande Regata de Barquinhos a Remos, que se tem realizado, todos os anos, no Lago do Jardim do Campo Grande. É organizada e apresentada por Fernando Alvim, humorista, locutor e apresentador.

Facebook da Grande Regata dos Barquinhos a Remos

Andanças: muito mais que um festival de dança

Tal como a escrita, para mim a dança é das melhores formas de expressão. Dançar é deixar fluir o movimento do corpo e a sua energia sem ter de pensar em nada, mas, ainda assim, transmitindo tudo o que me vai na alma. Dançar é ser feliz. É fazer poesia com o corpo!

Um dos pontos altos do meu mês de agosto é o Festival Andanças, que, este ano, se realiza de 1 a 5, em Castelo de Vide, com o tema “Roda Viva”. Não perco!

Para quem não sabe, o Andanças define-se como um festival em movimento e em constante evolução. Onde se dança, se ouve e toca música, se aprende. Onde se partilham tradições e saberes numa atmosfera de comunidade.

Completamente distinto de qualquer outro festival, o Andanças é, acima de tudo, “conexão”, não apenas entre os corpos que se “misturam” no “silencio da música que toca”, mas sobretudo com a terra, com a natureza. O Andanças é arte, alegria, partilha. É variedade, é aprendizagem, é amizade. É amor pela arte nas suas mais diversas vertentes, pela diversidade, pelo planeta. O Andanças é feito de momentos mágicos que a minha memória não esquece e guarda para toda a vida!

O festival recebe músicos e bailarinos do mundo inteiro. De dia, há oficinas de dança, massagens, artesanato, entre outros. À noite, bailes e concertos onde se experimentam passos, ritmos e melodias, a par ou em roda.

Curiosamente, além de reunir pessoas e culturas de todos os cantos do mundo, o que é maravilhoso, no Andanças vêem-se também pessoas de todas as idades, desde bebés aos mais idosos.

Se não conhecem, deviam ir. Eu aproveito, todos os anos, para repôr energia e colocar as ideias no sítio, mesmo sem pensar em nada. Entrar em outra dimensão, sentir-me livre e esquecer o mundo.

“Em Roda Viva o movimento é continuo. Damos as mãos e fechamos a roda, unimo-nos, giramos sobre o nosso corpo e sobre o nosso par, dançamos sem parar. Construímos e evoluímos, aprendemos. Mudamos de lugar e continuamos o trajeto, viajamos, partimos, chegamos. E começa uma nova dança.”

Informações no site e no facebook oficiais do Andanças

Palhinhas e pratos comestíveis?! Pois é, existe!

As palhinhas são super “divertidas” – se é que as posso caracterizar assim! Têm tantas ou mais cores que o arco-íris, são biodegradáveis, comestíveis e aromatizadas – feitas de amido de milho, água, gelatina e “sugar glass”. Segundo dizem, é um “tipo de açúcar” (não refinado), que permite que tenham apenas 23kcal, tantas como um limão! Das que pude provar, têm um sabor bastante agradável! Os pratos, mais discretos, são feitos de farelo de trigo. A minha memória remete-me para uma espécie de pão torrado ou algo parecido!

Tive contacto com esta novidade durante as festas dos Santos Populares. Os pratos estavam por “todo o lado”! As palhinhas, vi-as no Time Out Market Lisboa.

Fiquei curiosa, fui pesquisar e descobri que estes “objetos” comestíveis e biodegradáveis são comercializados por uma startup de Santarém, com o objetivo de reduzir a pegada ecológica e a poluição dos oceanos.

Disponíveis em oito aromas – morango, lima, limão, maçã verde, canela, gengibre, chocolate e neutro – que não passam para a bebida e respeitam o seu sabor, as palhinhas são produzidas em Espanha. Os pratos vêm da Polónia. 

Não sei muito mais sobre estes “amigos do ambiente”, apenas que pretendem, assim que possível, trazer para Portugal e, eventualmente, produzir cá, produtos que não alterem os nossos hábitos de consumo, com opções descartáveis que sejam amigas do ambiente. E que, a partir do mês de outubro, vão comercializar também palhetas para mexer o café, produzidas com base em fibras vegetais.

Eu já sou fã. Gosto de amigos do meio ambiente!

As festas da minha terra!

As ruas que se enchem de cor, entre balões e bandeirolas. A vizinha do 16 que grita pela do 18. Precisa de açúcar para pôr no arroz. O Sr. Manuel do café da esquina que abastece a arca para que não faltem minis, imperais, sumos e muito mais.

O cheiro da sardinha assada que inunda as ruas e as casas dos moradores. O caldo verde, as bifanas, as entremeadas, o chouriço assado, os churros e as farturas.

O estacionamento que a cada noite fica ainda mais escasso!

Música popular, arraias e bailaricos. “Risos, gargalhas, fados e desgarradas” até de manhã. Alegria, amizade, convívio… bebedeira!

Os bairros que se misturam. As ruas que se enchem de gente, muita gente. As marchas que descem a avenida. Os tronos de Santo António!

O cheiro dos manjericos com trovas dedicadas ao nosso casamenteiro e aos casais apaixonados.

As crianças (já muito poucas) que pedem uma moedinha para o Santo António! O São João e o São Pedro.

É assim o mês de junho na minha linda Lisboa. São/foram assim as festas da minha terra.

Para o ano há mais…

Festival ao Largo: CNB enche Largo de São Carlos

O silêncio que se fez sentir entre as centenas de pessoas que se encontravam frente ao Teatro Nacional de São Carlos e que, sentadas ou em pé, não desviaram os olhos do palco, diz tudo. Estavam a ver o último de três espetáculos da Companhia Nacional de Bailado (CNB), inseridos no 10.º Festival ao Largo MILLENNIUM, que decorreu de 6 a 28 de julho, no Largo São Carlos, em Lisboa. 

Como vem sendo habitual, também o Festival deste ano terminou com três espetáculos da referida companhia, que, nesta edição, apresentou três grandes êxitos do seu repertório de ballet clássico e contemporâneo: Serenade, de George Balanchine; Herman Schmerman, de William Forsythe; e Raymonda, de Marius Petipa (terceiro ato). Um programa que acompanhou a evolução do bailado entre o final do século XIX e o final do século XX e que atesta a versatilidade e excelência da CNB em diferentes registos de dança.

A beleza e a elegância dos corpos, simultaneamente leves e firmes, que se misturavam na simplicidade dos seus movimentos, entre coreografias que contam histórias, retiveram as atenções de toda a plateia, como é, desde sempre, apanágio destes bailarinos, da qualidade dos seus espetáculos e da magia dos seus movimentos em palco.

E visto isto, as palavras do filósofo alemão Friederich Nietzsche fazem sempre mais sentido: “Eu só poderia crer em um Deus que soubesse dançar”.

A CNB atuou, como foi já referido, nos últimos dias do festival,  de 26 a 28 de julho.

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