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Mês: Agosto 2018

Pole Dance: habilita-te a ganhar uma aula experimental

“Estou a desenvolver um estilo mais experimental e conceptual dentro do Pole Dance. Quando crio uma performance parto de um conceito, de uma ideia, de um sentimento. Tal como pintar um quadro”. Quem o disse foi Joana Silva, pole dancer e instrutora de Pole Dance, no Clube Ferroviário, em entrevista ao Histórias de Encantar… ou não.

Nesta performance, a artista representa o processo de germinação de uma semente. “Sempre gostei de plantas e de tudo o que está ligado à terra. Fiz experiências com a germinação de vários tipos de sementes. Achei curioso o movimento e o pulsar – não visto a olho nu – e resolvi representá-los com o movimento do meu corpo”.

Joana Silva começa em cima do varão, reproduz a queda da semente, desloca-se pelo chão representando a forma de propagação da espécie e, por fim, em outro varão, mostra o crescimento de uma nova árvore.

Não percas esta entrevista, já nos próximos dias, e participa no nosso PASSATEMPO. Vai ser sorteada uma aula experimental com Joana Silva, já no próximo dia 10 de setembro.

Mais informações muito em breve!

Peso das mochilas não provoca escoliose

A escoliose é uma deformidade em que existe uma curvatura lateral da coluna no plano frontal. Embora em regra seja mais evidente um desvio da coluna para um dos lados, a escoliose é uma deformidade tridimensional da coluna, com rotação e desvio em vários planos.

Nuno Neves, ortopedista

A sua causa é, na maioria dos casos, desconhecida e por isso não é possível preveni-la. A escoliose afeta principalmente mulheres saudáveis na adolescência (escoliose idiopática adolescente) e em idades mais precoces: escoliose idiopática infantil (antes dos três anos) e escoliose juvenil idiopática (entre os três anos de idade e a puberdade). Estima-se que esta deformidade afete cerca de 2 a 3 por cento dos adolescentes.

Embora a causa da escoliose permaneça desconhecida, o seu desenvolvimento não tem sido relacionado a fatores nutricionais ou posturais, à prática de desporto, ao uso de mochilas ou ao transporte de uma mala pesada.

A escoliose em que se conhece a sua origem está usualmente relacionada com uma doença subjacente, com fatores genéticos e hereditários. Pode estar associada a doenças neuromusculares (como a paralisia cerebral) ou doenças do tecido conjuntivo (como o síndrome de Marfan). Quando a escoliose é secundária a uma malformação vertebral, é conhecida como escoliose congénita.

O problema mais importante relacionado com a escoliose é a progressão da deformidade e os efeitos colaterais resultantes, como distúrbios respiratórios.

Os principais sinais de alerta são os ombros a alturas diferentes, uma das ancas mais levantada, cintura desigual, inclinação do corpo para um dos lados e proeminência da grelha costal (bossa torácica) ao fletir a coluna para a frente.

Após a deteção da doença (onde os pais e professores desempenham um papel importante), a criança ou adolescente deve ser seguido por um especialista médico. A confirmação do diagnóstico e o acompanhamento geralmente são feitos por métodos radiológicos.

As escolioses com menos de 20-25 graus exigem apenas uma vigilância regular até à conclusão do crescimento da coluna vertebral. Em escolioses com uma curvatura entre os 20-25 e os 40-45 graus em adolescentes que ainda não terminaram o seu crescimento, o uso de um colete pode ser recomendado para impedir o agravamento da curva.

O tratamento deve ser individualizado e deve ter em conta o risco de progressão da deformidade. O exercício e a fisioterapia não reduzem a magnitude da curva ou o risco de progressão, mas essas opções podem ser usadas como terapia coadjuvante para melhorar a postura e fortalecer os músculos.

A cirurgia, quando necessária, destina-se às escolioses mais graves (cerca de 1 em cada 5000 casos). O procedimento cirúrgico é feito com recurso a anestesia geral e geralmente obriga a um regime de internamento entre 4 a 7 dias.

A SPPCV foi fundada em 2003 com o objetivo de promoção, estudo, investigação e divulgação das questões inerentes à problemática da prevenção, diagnóstico e tratamento das patologias da coluna vertebral. Para mais informações consulte http://sppcv.org/

Artigo escrito por Nuno Neves, ortopedista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV)

Camila e Enrique: Paixão e dedicação ao Forró. “É orgânico”

Camila e Enrique (foto tirada do facebook de Enrique Matos)

São apaixonados por Forró. Ela é portuguesa, ele é brasileiro e, há cerca de 2 anos, juntaram-se como par de dança, com o objetivo de promover a difusão desta cultura não só em Portugal, mas pelos países da Europa… ou até mesmo por todo o mundo.

Fiz a oficina de Forró dos bailarinos/professores Camila Alves e Enrique Matos, no Festival Andanças, e não pude perder a oportunidade de os entrevistar e de falar sobre este ritmo – proveniente do Nordeste do Brasil – e dos projetos profissionais de ambos.

Quase às escuras, durante uma noite bastante quente, entre as temperaturas elevadas e o calor de um baile de Forró, com pessoas felizes, descontraídas e com vontade de dançar até o sol nascer, sentados em troncos de árvores, Camila e Enrique contam que esta parceria era “inevitável”. Encontravam-se variadíssimas vezes em bailes, workshops e festivais, ela estava a regressar de Londres, onde esteve a estudar, e ele ia passar dois meses ao Brasil.

Camila ficou a substituir Enrique nas aulas do Espaço Baião – um centro cultural e escola de dança, criado pelo próprio –  e, quando o bailarino regressou, começaram a trabalhar  juntos. “Olho para a Camila como uma irmãzinha mais nova. Brigamos muito, porque temos visões diferentes, mas é para seguir em frente, para evoluirmos”, afirma Enrique Matos, quando questionado acerca da sinergia que os une. A bailarina acrescenta: “Discutimos em termos de conceitos, de futuro, mas isso faz com que cresçamos. Cada um tem a sua linha de pensamento e, por vezes, chocamos.”

Forró: música, dança. Cultura

Muito mais que um estilo musical ou de dança, o Forró é considerado pelos “forrozeiros” como uma cultura. Tal como foi já referido este ritmo nasceu no Nordeste Brasileiro e rapidamente se difundiu pelo resto do país. Resulta do tradicional “dois para lá, dois para cá” e sofreu influências, nos anos 90, de ritmos como a Salsa, o Samba de Gafieira e o Samba Rock.

Para Camila Alves e Enrique Matos a disseminação desta cultura, na qual tanto têm trabalhado, está atualmente “mais forte que nunca”. “Estamos a seguir um caminho muito bom. Portugal está muito forte em relação à Europa e ao resto do mundo, provavelmente devido ao idioma, pois as pessoas percebem as letras das músicas”, diz Camila.

E desenvolve: “Contudo, achamos que não houve ainda um boom, o que não é mau, porque conseguimos ter um cuidado maior com aquilo que o Forró se vai tornar no futuro. Em muitas outras danças não é possível fazê-lo, por se terem tornado demasiado comerciais.”

Enrique afirma que as pessoas estão cada vez mais curiosas em relação ao Forró e a toda a cultura envolvente: “Não ensinamos apenas em sala de aula a dançar. Fazem-nos muitas perguntas e nós ensinamos até mesmo sentados no chão, a falar sobre Forró”.

O mundo de Camila

Natural de Lisboa, 25 anos, Camila Alves teve contacto com a dança desde criança. A sua mãe dava aulas no Andanças e esta bailarina começou a participar no festival desde os 11 anos e a dançar ritmos como Tango, Kizomba, Salsa e Hip Hop. Em 2010, decidiu aprender outro estilo, teve contacto com o Forró e “acabou por ser natural”, apaixonou-se. “Conheci o Forró aqui no Andanças e, por isso, poder, hoje, dar aulas aqui é super gratificante.”

Foto tirada do Facebook de Camila

Em 2013, foi viver para Londres, onde se licenciou em Business Management with Marketing. No entanto, não deixou de percorrer o seu caminho no mundo do Forró e avançar com a sua carreira. “Quando regressei a Lisboa consegui criar um caminho mais duradouro.”

Especializada em Styling feminino, a bailarina dá aulas regularmente por toda e Europa em festivais e workshops. Além disso, Camila luta também pela igualdade de género na dança, promovendo debates e palestras para a consciencialização deste tema.

“O que pretendo é mostrar que as mulheres podem mudar muita coisa. Não têm de ficar na sombra dos homens ao dar aulas”, salienta e acrescenta que, no geral, “o Forró já está mais democrático”

“Ainda há barreiras por quebrar, mas estamos no bom caminho. Deve haver a liberdade de troca de papéis e, se assim o entenderem, as mulheres devem poder conduzir e os homens, seguir.”

Enrique é da mesma opinião e está nesta luta com Camila. “Promovemos estes debates porque achamos importante que se fale de muitos assuntos, como a forma de lidar e de estar no Forró e esta questão do género na dança e do empoderamento da mulher a que, atualmente, assistimos e que é mais do que necessário”, afirma.

E acrescenta: “O grande problema é que as pessoas que realmente precisam de estar e ouvir o que é dito nestes debates não estão presentes para conversar.”

Enrique veio para Portugal e trouxe consigo o Forró

“Sempre pensei em Forró, é orgânico”, esta frase foi dita por Enrique, enquanto falava desta sua grande paixão. O bailarino e músico nasceu na cidade de Conceição do Mato Dentro, no interior de Minas Gerais, e começou, desde muito cedo, a envolver-se com músicos e produtores, passando a ser frequentador de casas de Forró e de aulas deste ritmo. Mais tarde, começou por se destacar por ser pioneiro na organização de bailes e festas de Forró em vinil, na Europa.

Foto tirada do Facebook de Enrique Matos

Atualmente, com 33 anos, Enrique vive em Lisboa. Quando veio para Portugal não deixou de trazer esta cultura consigo. “Não tinha como vir sozinho. Fiz questão de trazer todas as minhas ‘coisinhas’ que me lembravam o Forró e a paixão – CD’s e equipamentos”, recorda com um sorriso no rosto. E continua: “Quando cheguei fui-me logo enturmando, comecei a passar som e, passado um ano, abri a minha primeira aula e o meu primeiro baile.”

E assim foi apostando e dando continuidade ao seu trabalho que, hoje em dia, é tão apreciado e considerado uma referência. Criou o Projeto Forró de Lampião, com o qual levou o Forró a muitos palcos da cidade de Lisboa: Fábrica do Braço de Prata, Voz do Operário, Santiago Alquimista, Teatro do Bairro, B.Leza, Mercado da Ribeiro, Teatro da Comuna, Teatro a Barraca, entre outros.

E, finalmente, em 2015, encontrou instalações, no Ateneu, onde pode concentrar todas estas atividades e criou o Espaço Baião, um centro cultural e escola de dança,  cuja missão é tornar-se uma referência nacional e internacional no que toca a formar novos bailarinos e elevar o nome e a cultura do Forró no mundo.

“Era um espaço onde respirávamos cultura, um local de partilha, totalmente decorado e muito voltado para o Forró”, lembra Enrique. E continua: “Atualmente, estamos sediados nos Anjos 70, antiga Taberna das Almas, em Lisboa, que é também muito atrativo. Um centro de jovens, com um grande giro de público, onde acontece muita coisa alternativa. Muita arte.” No Espaço Baião são dadas aulas regulares de Forró e Samba de Gafieira, com vários níveis, e organizados bailes semanais, atividades mensais e feitas parcerias e eventos anuais.

Segundo Camila, neste Espaço são dadas aulas de segunda a quinta-feira, e qualquer pessoa que esteja interessada em aprender e dançar pode e deve inscrever-se. “O Forró é muito inclusivo, aceitamos pessoas de todas as idades.”

Mas Enrique não ficou por aqui e, para além de bailarino, professor e Dj, este artista é também músico, e, em 2013, fez nascer o grupo Luso Baião, que, hoje em dia, é uma referência na Europa.

Foto tirada do Facebook de Luso Baião

“O Luso nasceu da necessidade de ter um projeto musical a nível profissional que representasse o Forró. Em poucos anos conseguimos que se tornasse bem reconhecido e respeitado. As pessoas conhecem a nossa música, gostam e partilham. É muito gratificante”, diz Enrique com contentamento.

O grupo Luso Baião é constituído por Cícero Mateus, voz e violão; Betinho Mateus, voz, triângulo e percussão; Enrique Matos, Zabumba; Everton Coroné, Acordeon; Pedro Guimarães, Guitarra; Jackson Azarias, Baixo; e Daniel Guedes, Percussão.

No Facebook e site do Espaço Baião está toda a informação necessária sobre os eventos que organizam, como sejam os internacionais Baião in Lisboa Festival, que este ano se realiza de 7 a 9 de dezembro, e o Maria Bonita Ladies Festival, entre outros eventos.

Nestas férias, cuide do seu coração

O mês de agosto é sinónimo, para a maioria dos portugueses, de férias e calor. No entanto, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para o facto de que a exposição prolongada ao sol ou a temperaturas exageradamente elevadas pode ter consequências graves para o sistema cardiovascular. Na verdade, a taxa de mortalidade por golpe de calor em pessoas saudáveis encontra-se entre os 10% e os 50 % e estes números podem ser maiores em quem sofre de alguma doença cardiovascular e/ou apresenta fatores de risco.

Em Portugal, as ondas de calor que se têm verificado nos últimos anos têm sido responsáveis pelo agravamento de inúmeros casos de doença cardíaca e até por um aumento na mortalidade. Isto sucede porque o organismo reage ao aumento da temperatura, podendo originar um golpe de calor, que não é mais que uma resposta inflamatória sistémica à exposição a temperaturas muito elevadas ou a exercício físico intenso em ambientes quentes e húmidos.

Quais são os sintomas de um golpe de calor? O que fazer?
Os sintomas podem ser vários, mas esteja atento a sudação excessiva acompanhada de febre, dores de cabeça fortes, fraqueza, tonturas, e vómitos. Nestes casos deve-se colocar a vítima num local fresco e aplicar panos molhados no corpo para fazer descer  temperatura enquanto não chega ajuda médica.

O que fazer para evitar um golpe de calor?
A Sociedade Portuguesa de Cardiologia aconselha, em primeiro lugar, que as pessoas se mantenham hidratadas, sendo que a sede é já um sinal de desidratação e nunca se deve chegar ao ponto de ter esta sensação. Em segundo lugar, evitar estar no exterior nas horas de maior calor. Por último, evitar fazer exercício físico no exterior ou em locais sem sistema de arrefecimento.

Os idosos e as crianças constituem as faixas etárias mais sensíveis ao calor, pelo que, no caso de exposição a temperaturas excessivamente elevadas, os cuidados devem ser redobrados. Quem é obeso ou sofre de doença crónica, como a Insuficiência Cardíaca, tem um risco acrescido e são necessárias medidas apropriadas para prevenir um evento cardiovascular durante os meses mais quentes.

Os doentes que fazem terapêutica para controlar a hipertensão estão mais suscetíveis de vir a sofrer de desidratação e, consequentemente, queda abrupta da pressão arterial, taquicardia e pulso fraco. A este cenário junta-se, por sua vez, o risco acrescido de Insuficiência Renal. Por outro lado, esta medicação tem uma acção vasodilatadora, que vai ser potenciada pelo calor. Assim, a terapêutica/dosagem poderá ter de ser revista pelo médico, caso surjam alterações na pressão arterial.

De acordo com o Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologista, Prof. João Morais, “é importante que as pessoas se apercebam dos riscos e das consequências, para que nesta altura de maior calor não se verifique um aumento dos eventos cardiovasculares.”

Comunicado da Sociedade Portuguesa de Cardiologia “o calor e as doenças cardiovasculares”, agosto de 2018.

Já somos mil no Facebook!

UAU!!! Já somos 1000 no facebook!!! PARABÉNS a nós!!! 🎈🎈🎉🎊

Muito obrigada a todos pelo apoio e feedback. Sem vocês nada disto faria sentido…

Rumo agora aos 2000! 😁😁

Beijinhos e abraços
Sílvia Malheiro

O sapo que vira príncipe

Todos os dias, por volta das 8h45 – se eu não me atrasar – o Sr. Sapo desperta a minha atenção e interrompe o raciocínio da minha atribulada mente barulhenta para me fazer um aceno e me desejar bom dia!
Hoje, no regresso, resolvi parar e retribuir a gentileza – “boa noite Sr. Sapo!” Quem sabe amanhã não encontre um príncipe!

Curiosidade:
Esta foi a primeira peça da série de trabalhos Plastic Trash Animals de Bordalo II, feita na rua, no âmbito da sua exposição individual, ATTERO by BORDALO II, à qual deu o nome de “Plastic Frog”.
O artista assumiu esta exposição  como um comentário à nossa sociedade consumista e à forma como exploramos, muitas vezes de forma abusiva, os recursos que a Natureza nos dá.

Matias: “Danças Tradicionais Europeias estão no bom caminho”

Como era de esperar, durante o Festival Andanças, em Castelo de vide, cruzei-me com o músico e professor de Danças Tradicionais Europeias, Matias, e não pude perder a oportunidade de o entrevistar.
Sentados em dois fardos de palha, que se encontravam em frente à “barraquinha” da programação, falámos sobre a sua carreira profissional, o gosto que tem por esta área e os projetos nos quais está envolvido.
Afirmando-se “totalmente dedicado à música e danças tradicionais”, Matias diz que a evolução da divulgação e promoção das mesmas, em Portugal , “tem sido muito gradual, porém positiva”. Encontrando-se “no bom caminho”.

Matias (foto tirada do Facebook do Festival Andanças)

Histórias – Participas no Andanças desde 2001. O que significa para ti este festival?Matias – Significa muito! Partilha, alegria, convivo… Associado à música e à dança tradicional, que é 100% deste festival. O objetivo do Andanças é manter a cultura e a tradição dos vários países e descobrir novos estilos de danças, de músicas e de sons. Tudo se cria e se recria!Este festival é como que uma terapia! O corpo fica muito cansado, mas a mente fica limpa. Aqui esquecemos o nosso dia-a-dia e há sempre muita descontração.

Histórias – És mais que um voluntário aqui no Andanças. Tens uma parceria de organização. Correto?
Matias –
Sim, tenho uma função diferente. O voluntário, que é muito importante neste festival, tem o seu turno de quatro horas diárias. Eu tenho de estar sempre disponível. Além de que, por estar envolvido na coordenação do festival, já estou a trabalhar desde março. Analiso e seleciono as candidaturas dos artistas, contacto-os, trato da programação e de tudo o resto… Viagens, custos, entre outras tarefas.

Histórias – Como é que surgiram as Danças Tradicionais Europeias na tua vida?Matias – Se pensar bem, tudo teve início em miúdo, quando comecei a dançar no rancho folclórico da minha freguesia, na Figueira da Foz. Em 2001, “cai de paraquedas” no Andanças. Pensava que era um festival de Salsa, mas era muito mais que isso. Era de danças tradicionais e a descoberta nasceu ali!

Histórias – Curioso, o início da tua vida profissional acaba por estar ligado ao Andanças?!
Matias –
Sim, quase que começou tudo ali!

Histórias – Fala-nos um pouco do teu percurso profissional?
Matias –
Tirei Engenharia Eletrotécnica, em Tomar, cidade onde exerci esta atividade durante nove anos. Nesse período, fui também conhecendo as danças tradicionais, assim como outras atividades, como ator, por exemplo. Numa ocasião, a Associação PédeXumbo convidou-me para ajudar na programação do Andanças e, a partir dai, a minha vida mudou.
Já tinha criado a Tradballs, que, atualmente, é uma cooperativa cultural e comecei a dedicar-me mais a esta área… Hoje em dia, sou produtor, programador, músico, professor de danças e muito mais.
Coloquei a Engenharia de parte e estou totalmente dedicado à música e à dança.

Histórias – Durante todo esse tempo de descoberta das diferentes danças, tiveste de fazer formação…
Matias –
Sim, fiz várias formações e workshops, com professores portugueses e estrangeiros. Fui aprendendo, cada vez mais, sobre as várias danças, as suas histórias e os métodos de ensino, assim como a desenvolver o meu próprio método de ensinar e de lidar com estas danças.

Histórias – Não tens saudades da Engenharia?
Matias –
Tenho. Claro que sim. É uma área muito interessante. Tenho saudades da atividade em si, daquilo que fazia. Não dos horários rígidos, que obviamente são importantes em todo o lado, mas…

Histórias – A Tradballs foi criada em 2005. Quais os objetivos desta cooperativa?Matias – São muito simples, basicamente passam por dar continuidade ao trabalho que a Associação PédeXumbo já fez: divulgar e promover, cada vez mais, as Danças Tradicionais Europeias. Focamo-nos nas danças europeias, não estamos com as africanas, americanas, nem brasileiras.
Estamos sediados em Lisboa, onde fazemos o nosso maior trabalho de divulgação. Porém, claro que, sendo contactados, vamos a outras zonas do país.
Desde há alguns anos, temos também parcerias com juntas de freguesia e câmaras municipais, que contam connosco para os seus eventos. Damos aulas de dança em Lisboa, no Teatro da Luz, às segundas e terças-feiras. Às quartas, estamos na Fábrica Braço de Prata com as “Tertúlias TRAD”, onde os alunos podem colocar em prática o que vão aprendendo. Uma vez por mês é com música ao vivo.
A cada 15 dias, consoante a agenda, realizamos um evento de Danças Tradicionais de Lisboa, que podem ter lugar no Teatro da Luz, no Teatro Ibérico ou no Museu de Arte Popular.
Temos ainda a fusão das aulas com os bailes, ou seja, os festivais. Em Lisboa, organizamos o “FEST-i-BALL”, nos finais de março e de outubro. No final de junho, o “Festival Raiz d’Aldeia”, na Aldeia de Xisto, em Janeiro de Cima, concelho do Fundão. Fazemos, ainda, em dezembro/janeiro, em Coimbra, o “Festival da Passagem d’Ano”. E, além disso, temos uma parceria com a Câmara Municipal de Tavira, a fim de participarmos na Feira da Dieta Mediterrânica, que se realiza sempre na primeira semana de setembro.

Histórias – E o grupo musical Fulano, Beltrano & Sicrano, como é que surgiu?
Matias –
Surgiu de uma forma muito engraçada. O beltrano, Vicente Camilo, acordeonista, começou a dar espetáculos a solo. Entretanto, entre conversas, fui fazer um concerto com ele, tendo surgido o grupo Fulano e Beltrano. Eu, como fulano, com a precursão e ensino das danças.
Passado um ano, encontrámos o nosso amigo, David Rodrigues, com a sua guitarra, e nasceu o trio Fulano, Beltrano & Sicrano!

Histórias– Quando é que descobriste também este teu dom musical?
Matias –
Descobri por acaso! Tenho muito mais formação em dança do que em música, mas fui sempre colaborando, mantendo contactos e trocando ideias com músicos. Fui vendo e analisando como é que tocam e arrisquei um pouco. Troquei algumas impressões e aprofundei.
Nem me considero músico. Toco e estou muito ligado à precursão, porque está relacionada com o ritmo, que, para mim, é muito interessante! Mas, não consigo tocar outros instrumentos.

Histórias – E o jam.pt?
Matias –
Também surgiu de forma engraçada e muito caricata! Os outros dois músicos são do Porto. O João toca violino e o Abel, concertina e guitarra. Eu estou na precursão, claro. E o nome “jam.pt”, está mesmo a ver-se como surgiu: “j” de João, “a” de Abel e “m” de Matias.”pt”, de Portugal!
Fui contactado por uns amigos de França, que queriam que fosse dar um workshop de danças portuguesas, mas pediram-me que levasse, músicos para fazer um baile. Lembrei-me deles e liguei-lhes.
Mais tarde, candidatei-me para ir a um festival, também em França. Fui selecionado e perguntei ao Abel e ao João se queriam participar. Foi nessa altura que seguimos em frente com o grupo.

Histórias – Com tantos projetos, como é que geres o teu tempo?
Matias –
Consegue-se gerir. Somos uma espécie de freelancers. Não temos horários rígidos e vamo-nos organizando. Umas vezes, tenho todos os dias da semana e do fim de semana ocupados. Outras, não.
Mas gere-se! Com os Fulano, Beltrano & Sicrano é mais simples porque estamos todos em Lisboa e, facilmente, ensaiamos. Com os jam.pt, inicialmente, tínhamos de nos encontrar para trabalhar. Agora, já é possível fazer apenas revisões de alguns temas antes dos concertos.

Histórias – Como avalias a divulgação e a promoção da música e das danças tradicionais em Portugal?
Matias –
Estão no bom caminho! Por vezes, perguntam-me por que é que as danças tradicionais não são mais divulgadas ou por que razão não se realiza mais festivais e bailes por todo o país.
Por muito que tentemos explicar às pessoas o que são danças tradicionais, não é fácil. É preciso arranjar sinónimos ou fazer comparações que, na realidade, não são totalmente verdadeiras. Ou seja, só se consegue explicar, convidando as pessoas a participar, a ver e a discutir.
Só assim é que se vai conseguir. Ou seja, não é apenas com a divulgação, porque ao ouvirem falar em danças tradicionais, as pessoas associam a rancho ou a pimba, o que não é verdade! Esta evolução tem sido muito gradual. Porém, positiva, porque não houve um boom, de um dia para o outro. Tem sido passo a passo.
Há uns anos, pensávamos que, com o tempo, íamos ter cada vez mais gente. E realmente temos, mas quem participa nestas atividades, fá-lo durante dois ou três anos e sai, segue outros caminhos e, em simultâneo, novas pessoas vão entrando. Tal como o tema, deste ano, do Andanças, é uma “roda viva”, que está sempre a ser renovada.

Histórias – Que projetos tens para o futuro?
Matias –
Continuar a fazer o mesmo trabalho, se possível mais e melhor. De qualquer forma, se conseguirmos manter as coisas como estão, já é muito bom!

Os festivaleiros do Andanças tiveram, este sábado, oportunidade de fazer, entre outros, um Workshop de Forró, com os professores Camila Alves e Enrique Matos, e de ficar assim conhecer um estilo de dança tão típico deste país, onde – mesmo situado outro lado do Atlântico – se fala Português – o Brasil.

Base um, base dois, base três, frente, trás, lado, rodopia, mas sem nunca perder a contagem – um, dois, três – arrasta pé. Foram alguns dos passos base dados por esta dupla de bailarinos, que fizeram “encher de muita gente” um dos palcos do festival.

No final do workshop, passado entre muito calor, mas debaixo de chuva – boa para refrescar – Camila e Enrique falaram sobre o Espaço Baião, em Lisboa, onde dão aulas, e dos eventos de Forró que organizam, às quartas-feiras, no Titanic Sur Mer, no Cais do Sodré, e aos domingos no Quiosque do Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, na Av. da Liberdade, e brindaram-nos com uma demonstração da sua arte, dançando Forró. O brilho, a cumplicidade e a felicidade que sentem ao dançar, não passou despercebida.

Muitas palmas, cumprimentos. E assim se pode observar o carinho dos seus alunos habituais, que participaram ou assistiram ao workshop, assim como a admiração daqueles que ainda pouco sabem sobre Forró. Provavelmente, ficou a vontade de conhecer mais.

Não percam a grande entrevista a estes dois bailarinos, brevemente, no nosso blog.

Festival Andanças: Danças Europeias numa “roda viva”

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Nem as elevadas temperaturas que se fizeram sentir, na tarde desta quinta-feira, afastaram as dezenas de pessoas que encheram, pelas 17h00, um dos palcos do Festival Andanças, para aprender um pouco mais sobre Danças Europeias, com o professor Matias.

Entre os muitos e abertos sorrisos que se impuseram naquele palco e a vontade de aprender, de dançar, socializar e fazer amigos que todos fizeram transparecer, Matias -com a sua boa disposição e sentido de humor muito próprio – ensinou cinco diferentes estilos de danças tradicionais europeias – Andró, Scottisch, Bourrée de dois tempos, Chappelloise, Circulo Circassiano.

Com diferentes contagens, dependendo da dança em questão, os festivaleiros não arredaram pé, esforçaram-se por apanhar os passos, mas também por desfrutar o momento, dando assim vida ao mote, deste ano, do Festival – “Roda viva”. A par ou em roda, dançaram, divertiram-se e ficaram, com certeza, com vontade de colocar os seus novos passos de dança em prática nos bailes noturnos.

O professor Matias é também presidente do Tradballs, uma organização com a missão divulgar e promover a cultura tradicional, e músico no grupo Fulano Beltrano & Sicrano.

Não perca a grande entrevista a este artista, brevemente, no nosso blog. 

O Festival Andanças começou esta quarta-feira, dia 1, e termina no próximo domingo, dia 5 de agosto.

Com diferentes contagens, dependendo da dança em questão, os festivaleiros não arredaram pé, esforçaram-se por apanhar os passos, mas também por desfrutar o momento, dando assim vida ao mote, deste ano, do Festival – “Roda viva”. A par ou em roda, dançaram, divertiram-se e ficaram, com certeza, com vontade de colocar os seus novos passos de dança em prática nos bailes noturnos.

O professor Matias é também presidente do Tradballs, uma organização com a missão divulgar e promover a cultura tradicional, e músico no grupo Fulano Beltrano & Sicrano.

Não perca a grande entrevista a este artista, brevemente, no nosso blog. 

O Festival Andanças começou esta quarta-feira, dia 1, e termina no próximo domingo, dia 5 de agosto.

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