
Estou há pouco mais de duas semanas em Cusco, no Perú. Sou voluntária num orfanato de crianças com deficiência e estou em casa de uma família local, estando a viver a 100% a sua cultura. Uma maravilhosa experiência de vida, acreditem!
A adaptação não foi propriamente fácil. Apesar de estar a viver com pessoas fantásticas, que me tratam tal e qual como da família fosse, fui “apanhada” pelos “males da altitude”, como por aqui se diz, e por isso passei a primeira semana adoentada, muito cansada e com dificuldades respiratórias.
Apesar de pobre, o Perú é um país fabuloso. As pessoas são acolhedoras, disponíveis, muito conversadoras e sempre prontas a ajudar e a orientar. As paisagens lindíssimas, do mais bonito que alguma vez tive oportunidade de ver.
As noites, à moda da América Latina, são “muy calientes”, fervorosas, com muita festa e muita dança – salsa, bachata, reggaeton, cumbia e também um pouco de pop. “Bailam” todas as noites, como se o mundo estivesse para acabar amanhã! Parecem-me tão felizes, apesar dos imensos problemas que têm. Fazem-me tão feliz.
A família com quem vivo – mãe e duas filhas -, com muito sucesso, faz de tudo para que me sinta bem e acolhida. São ternas, meigas e vão deixar-me tanta saudade! Desde domingo, temos um novo membro na família, Mo! Um estudante de Medinica, natural de Miami, que começa amanhã o seu programa de voluntariado, num centro de saúde por aqui a algures.

Pode parecer estranho, mas viajar sozinha para tão longe é a melhor forma de estar sempre acompanhada e fazer amigos. Alguns por apenas uns dias, outros por semanas! Pessoas de todo mundo, algumas ficam para a vida e deixam até um pouco de tristeza e solidão quando regressam aos seus países ou continuam o seu percurso pelo mundo fora…

São mexicanos, colombianos, argentinos, portugueses, espanhóis, franceses, americanos e até corianos. Por aqui falamos todos os idiomas e temos até um só nosso, onde, por vezes, em apenas uma única frase se utilizam palavras de várias partes do mundo.

Os meus meninos são maravilhosos e dão-me tanto. Se ao inicio senti algum receio, por se tratarem de crianças com doenças mentais, hoje vejo que não havia qualquer razão de ser. São carinhosos, agradecidos e felizes. Dão-me tanto amor! Obrigada a todos aqueles que me ajudaram a encher a mala com roupas, brinquedos e material escolar! Eles merecem muito e foi tão bom ver o seu contentamento ao receberem os “presentes”.

Andar de Zorro, Batman, Imperial, Rápido, entre outros – nomes que dão aos autocarros – foi inicialmente uma aventura, até porque para sair, contrariamente a Portugal onde existe o botão Stop para carregar, temos de nos levantar e gritar “bajar”, o que me deixa um pouco desconfortável!
Também o Natal é vivido com muita festa e alegria. E, apesar de estar longe de quem mais amo, a noite de ontem foi vivida com muita alegria, comida, presentes, fogo de artifício, música e dança. Afinal, o nascimento de Jesus é uma data muito importante que não pode passar em branco!
Assim que possa, escrevo um pouco sobre os lindíssimos locais que tenho vindo a visitar.
Desejos de festas felizes. Até breve.