Esta fotografia foi tirada no dia 14 de setembro de 2013, em Arcos de Valdevez, há precisamente seis anos, lembrou-me, ontem, o facebook. Esta imagem é a prova de que somos capazes de “tudo” e de que o nossos sonhos e a nossa felicidade não está assim tão longe, nem é tão incansável como tantas vezes pensamos.
No dia em que tirei esta fotografia não estava em Arcos de Valdevez por acaso, não estava a passeio, não estava a trabalho. Fui atrás de um sonho, fui resolver problemas, inquietações e frustrações de uma vida inteira… O dia 14 de setembro de 2013 marcou a minha vida para sempre. Para melhor.
Tudo mudou. A decisão foi difícil de tomar. Tive medo, muitas dúvidas, inseguranças, mas tive também força e coragem. Não fui sozinha, fui acompanhada por um turbilhão de sentimentos (e dois grandes amigos), mas fui com tudo. Segui o meu instinto, a minha vontade e consegui. Venci uma das causas mais nobres da minha existência! (podem crer)
Voltei uma pessoa mais forte, com mais um “check” na lista e com a certeza de que posso tudo o que quero e o que desejo. Numa altura como esta, em que algumas dúvidas estão a insistir em atormentar-me, esta foi, sem dúvida alguma, a melhor lembrança que poderia ter tido. A prova de que sou capaz de “tudo”.
Como dizia Charles Chaplin: “A vida é maravilhosa se não se tem medo dela”. E eu só quero é viver e ser feliz!
Joaquim Mochique, o talento maior da comédia portuguesa, fez anos na passada sexta-feira, dia 23 de agosto, e, para assinalar este dia, ofereceu aos seguidores da sua página de facebook bilhetes para a “conferência divinal” God, em cena no Teatro Villaret. Para tal, bastava responder à questão: “Qual o autor de God?”
Eu tive a sorte de ser uma das felizes contempladas e à hora marcada lá estava, para pela segunda vez assistir à comédia God. Mais uma vez, pude ver e ouvir Deus descer à terra, na pessoa de um dos meus ídolos da comédia portuguesa, que, como era de esperar, esteve mais do que à altura deste desafio divinal. A Ele juntaram-se os anjos Miguel e Gabriel, interpretados por Diogo Mesquita e Rui Andrade, com o objetivo de alterarem o rumo da humanidade, para tornarem a vida terrena mais agradável.
Naquela noite, na sala do Teatro Villaret, os 10 mandamentos foram outros e as explicações sobre a origem de tudo muito mais divertidas e corriqueiras do que aquelas que por várias vezes já nos foram contadas em missas de tardes domingueiras. Joaquim Monchique, ou melhor Deus, respondeu com humor e irreverência às grandes questões da humanidade, dirigindo-se concretamente aos portugueses.
Desengane-se quem pensa que, durante este momento de muitas gargalhadas, passadas entre o terreno e o divino, não foram enviadas mensagens importantes de vida, que ficaram a ecoar na memória de quem assistiu a esta peça. Disfarçadamente, enquanto espalhava a palavra divina de cima do palco do Villaret, o comediante deu a conhecer à plateia os seus novos 10 mandamentos, terminando com um (10.º mandamento) “Acreditarás em ti próprio”.
Parabéns Joaquim Monchique e obrigada pelo presente!
A peça está em cena no Teatro Villaret, em Lisboa, até dia 22 de setembro. Entre os dias 26 de setembro e 20 de outubro, God vai estar no Teatro Sá da Bandeira, no Porto.
Os pés estão muitas vezes sujeitos a condições de calor e humidade, nomeadamente pelo uso de calçado fechado, que favorecem o desenvolvimento de fungos responsáveis por infeções. Tal como outra parte do corpo, os pés devem ser cuidados durante todo o ano, contudo, no verão e em tempo de praia e piscina são vários os fatores propícios ao surgimento de micoses e, por isso, é crucial que os cuidados com os pés não sejam esquecidos.
Francisco Oliveira Freitas, podologista
As micoses são infeções altamente contagiosas provocadas por fungos, que se desenvolvem e se reproduzem em ambientes quentes, húmidos e escuros. Para obter energia, estes microrganismos “alimentam-se” de queratina, uma substância presente na superfície da pele, unhas e cabelo. Em circunstâncias normais, os fungos não causam doença, no entanto, se reunidas as condições necessárias à sua proliferação, a infeção pode instalar-se.
As infeções fúngicas estão entre as principais patologias ao nível do pé e a sua incidência aumenta significativamente no verão. Com o aumento das temperaturas, a concentração de transpiração no calçado e a exposição dos pés, em especial na praia e nas piscinas públicas, estão entre os principais fatores de risco.
Ao nível do pé, podemos falar de dermatomicoses e onicomicoses (micoses nas unhas). O pé de atleta é uma das micoses mais comuns no pé e, uma vez que o seu contágio é mais frequente nas piscinas e balneários públicos, pode ser considerado a “doença do verão”. Este problema surge mais frequentemente nos espaços entre os dedos e os seus sintomas incluem vermelhidão, prurido (comichão), inflamação, mau odor e alterações da pele, podendo provocar bolhas, fissuras e descamação da pele. O contágio é favorecido pela água e areia, bem como pela pele seca e fissurada dos pés, um problema também comum nesta altura do ano.
Já a onicomicose, responsável por mais de metade das doenças que afetam as unhas, pode provocar a alteração da coloração, deformação, engrossamento da unha e dor. Em certas situações, poderá verificar-se o descolamento da unha do leito ungueal. A dor poderá ser agravada pela pressão exercida pelo calçado.
O tratamento dependerá do tipo de fungo e da gravidade da micose, tal como do estado de saúde da pessoa, sendo muitas vezes necessária a prescrição de medicamentos de uso tópico e comprimidos de ingestão via oral. No que diz respeito à onicomicose, o objetivo da terapêutica é o crescimento de uma unha saudável, que demora pelo menos 12 meses a crescer desde a raiz até à ponta. Vigiar diariamente os pés permite a deteção dos sinais de infeção e facilita a obtenção de um diagnóstico precoce. Na presença de um ou mais sintomas de micose no pé, o próximo passo é recorrer a um podologista para tratar imediatamente a infeção e evitar que toda a família seja contagiada, uma vez que as micoses podem servir como “portas de entrada” a agentes patológicos causadores de infeções graves.
Que cuidados devo ter para prevenir o contágio e o desenvolvimento de micoses no pé?
Transpirar dos pés é uma resposta biológica e fundamental para controlar a sua temperatura e manter a flexibilidade da pele, contudo, ao contrário de outras áreas do corpo através das quais pode evaporar facilmente, o uso de sapatos e meias pode levar à retenção de suor. Como o excesso de transpiração é naturalmente mais comum nas alturas de calor, é importante prevenir a concentração de humidade no calçado, que propicia o desenvolvimento de micoses.
Para evitar a exposição aos fungos pelo contacto com superfícies contaminadas, é crucial usar sempre chinelos em locais húmidos. Embora não se possa garantir que evite a 100 por cento a probabilidade de sermos contagiados, usando-os estamos bem mais protegidos contra este tipo de infeções. Doentes com diabetes e com o sistema imunitário debilitado devem ter cuidados redobrados.
De modo a prevenir infeções causadas por fungos, existem algumas recomendações a seguir no sentido de evitar o contacto direto com o fungo e, por outro lado, o desenvolvimento de condições favoráveis à sua proliferação, nomeadamente durante a estação mais quente do ano:
Usar sempre chinelos nas zonas de banho, como piscinas e balneários públicos;
Escolher calçado arejado e que permita a ventilação do pé;
Colocar os sapatos a arejar num local ventilado e iluminado e aguardar, pelo menos 24 horas, antes de calçar os mesmos sapatos novamente;
Preferir calçado em pele e meias de fibras naturais (preferencialmente de algodão);
Manter uma higiene cuidada do pé, lavando os pés com sabão de pH neutro;
Secar bem os pés com a toalha, especialmente os espaços entre os dedos;
Fazer uma hidratação diária dos pés;
Trocar de meias diariamente;
Em caso de excesso de transpiração, usar antitranspirante específico para os pés;
Não partilhar objetos pessoais, como toalhas, meias ou calçado.
ARTIGO ESCRITO POR FRANCISCO OLIVEIRA FREITAS, PODOLOGISTA RESPONSÁVEL PELO CENTRO DE PODOLOGIA DE FAMALICÃO.
Ser mãe é um sonho. Um desejo que a grande maioria das mulheres não está disposta a deixar de concretizar, mesmo tendo consciência que se trata de uma decisão que vai mudar a sua vida para sempre.
As bailarinas não são, obviamente, exceção. No entanto, quando engravidam, muitas têm medo de continuar a trabalhar, o que não deixa de ser algo natural e compreensível. O corpo muda, o equilíbrio, a elasticidade e a coordenação também. O medo de prejudicar o bebé impõe-se.
No entanto, nada é impossível e muitas bailarinas profissionais há que continuam a trabalhar até ao fim da gravidez. Mas atenção: nada deve ser feito sem autorização e acompanhamento médico, com cuidados redobrados no que respeita à alimentação e à atividade física, adaptando tudo o que for necessário.
VÍDEO GRAVADO DURANTE UMA AULA QUE JANDIRA BAPTISTA DEU COM O BAILARINO TARIK CHAND, NO “AT YOUR BEAT STUDIO”, EM LONDRES.
Jandira Baptista: a bailarina que dançou até ao final da gravidez
Bailarina profissional e professora de dança, Jandira Baptista escolheu viver este período da sua vida a trabalhar e a dançar até muito pouco tempo antes de dar à luz.
“Sinto-me bem, abençoada e inspirada! Ansiosa por ter a minha pequena em meus braços”, disse a mais recente mamã, aquando da nossa conversa, uns dias antes da sua filha Zoe nascer. E continua: “Quando olho para trás orgulho-me, estou em paz. Tenho muito que fazer, mas estou ciente de que sou capaz e de que ser mãe me dá ainda mais força.”
Jandira nasceu em Portugal, há 33 anos. Há cerca de 10 meses mudou-se para Londres, com o objetivo de dançar muito e crescer ainda mais enquanto bailarina e professora de dança. Escusado será dizer que a gravidez não foi, de todo, programada e que era algo que, na altura, não esperava.
Soube que ia ser mãe já em Londres, com três meses de gestação. “Penso que foi a adrenalina e a ansiedade da mudança que não me deixaram perceber antes. Estava a preparar-me para trabalhar fora do meu país, para fazer audições, treinar, entre muitas outras coisas”, conta.
Sentiu-se a 200% fora da sua zona de conforto: “Foi um misto de felicidade com pânico. Não estava sequer em minha casa. Tive inseguranças em relação à carreira, em como iria gerir este recomeço com a gravidez e, além disso, o fator idade também me deu que pensar… Saiu tudo diferente daquilo que tinha planeado, mas aceitei. Ser mãe sempre fez parte dos meus sonhos, tomei a decisão de seguir em frente e, rapidamente, tudo se tornou secundário.”
Dançar é uma forma de esquecer os sintomas da gravidez
Para a bailarina, trabalhar grávida é “viver um dia de cada vez”, consciente que de há dias melhores e piores, alguns cansativos e stressantes. Mas, nem tudo é mau, dançar foi uma forma de se abstrair dos sintomas da gravidez e de estar ativa. A partir dos cinco meses abrandou, passou a trabalhar entre dois a três dias por semana e, no final, apenas um dia. Porém, sem nunca deixar de treinar. Deu aulas sem dificuldade, sentiu-se sempre bem, até porque “é algo natural” para si. No final de cada sessão, sentia que “toda a energia desaparecia”.
A pequena Zoe nasceu em Londres, no dia 11 de junho. É filha do bailarino Edgar Carvalho, que se mudou com Jandira para a capital do Reino Unido.
Para terminar, a mãe da Zoe deixa uma mensagem de otimismo: “Não tenham medo. Só paramos se quisermos. É preciso muita disciplina e vontade, mas tudo se faz. Somos privilegiadas, porque o que fazemos permite-nos conciliar o nosso trabalho com a maternidade e com o estar mais tempo com a criança. Agrada-me a ideia de ir ensaiar ou de ir dar aulas e levar a minha pequena. Façam por relaxar e respeitar cada fase. Aproveitem para aprender a fazer outras coisas. Observem os outros a dançar, o movimento. Financeiramente, se possível, é bom ter ‘um pé de meia’, para este tipo de surpresas, excelentes! Senão, há sempre solução.”
A história de Jandira
“Dança significa vida” Jandira Baptista dança desde sempre. Cresceu num ambiente de DJ’s e bailarinos. Porém, a nível profissional, iniciou-se tarde, aos 22 anos. Pensava que o futuro lhe reservava uma carreira enquanto estilista ou ligada à política, isto porque desenhava roupa e fazia desenho de observação a óleo e, também, porque o seu avô era empresário e diplomata, acabando por captar o seu interesse para as políticas sociais e de sustentabilidade.
A sua carreira na dança começou quando, finalmente, decidiu enfrentar o medo de participar em competições. Foi-se destacando e ganhando prémios em eventos nacionais e internacionais, conhecendo pessoas na área e sendo convidada para dar aulas. Tudo aconteceu naturalmente. Começou a viajar através da dança e a organizar eventos e workshops como forma de contribuir para o desenvolvimento da comunidade em Portugal.
Dança um pouco de tudo e, atualmente, dá, sobretudo, aulas de Hip Hop, House, Waacking, Popping e High Heels.
Ser criança é ser pequeno em tamanho e grande em sonhos. É ter no sorriso o dom de trazer a felicidade a quem as rodeia. Ser criança é tudo! É ser inocente, é acreditar no mágico, no maravilhoso e no fantástico, mas é, também, ter medos, traumas e frustrações. Por isso, os pais devem estar atentos e informados para que as possam apoiar, sempre que alguma situação coloque em causa o seu bem-estar psicológico.
Como identificar problemas psicológicos nas crianças Joana Peres Carneiro, psicóloga clínica, lembra que os mais pequenos se exprimem de forma diferente dos adultos: “Têm mais dificuldade na expressão verbal das suas emoções e, por essa razão, manifestam o seu estado emocional através do comportamento e das atitudes.”
Alterações nos padrões de sono e alimentar, enurese (perda involuntária de urina), isolamento, medos repentinos, irritabilidade, baixa capacidade de concentração e de atenção, comentários depreciativos em relação a si e ao seu corpo, comentários relativos à vontade de “desaparecer”, choro sem motivo aparente, sintomas de ansiedade, irrequietude, comportamentos agressivos e autolesivos são, de acordo com a psicóloga, motivos de alerta.
“Os pais devem estar atentos, não apenas quando a criança passa por algum episódio marcante, mas também na existência de sinais que surjam sem motivo aparente. Pequenas e pontuais situações, às quais não damos importância, poderão perturbar a criança e ter um grande impacto na sua vida”, refere Joana Peres Carneiro.
É, no entanto, de realçar que existem reações adequadas a determinados acontecimentos. Sentir tristeza, raiva e ansiedade, perante situações que assim o exijam, “é natural e saudável”.
“Não podemos querer que a criança esteja feliz, quando é suposto estar em sofrimento. Porém, caso os sinais perdurem no tempo, de forma desproporcionada e com intensidade desmedida, ou se limitarem o seu funcionamento, é importante procurar ajuda.”
Situações que podem originar transtornos Divórcio dos pais, nascimento de um irmão, mudança de casa ou de escola, morte de alguém próximo, pressão relativamente ao desempenho no desporto e às notas escolares, são acontecimentos que podem levar a alguns desajustes emocionais.
Além disso, problemáticas como bullying na escola, maus-tratos físicos e emocionais por parte da família, vício em jogos e sobreexposição nas redes sociais, entre outras, podem obviamente desencadear instabilidade emocional.
Segundo Joana Peres Carneiro, o que para uma criança pode ser encarado de forma normal, sem qualquer alteração no seu equilíbrio emocional e funcional, para outra pode levar a alguma desestabilização. “Todas são diferentes. Desenvolvem-se a ritmos distintos, física e emocionalmente, e não devem ser comparadas entre elas”, salienta a psicóloga.
“É essencial deixarmos as crianças ser crianças e, tanto quanto possível, que tenham apenas as preocupações típicas da idade”, afirma Joana Peres Carneiro. E continua, mencionando que, por vezes, os pais esquecem-se que os filhos são como uma “esponja”. Ou seja, que absorvem tudo o que ouvem e veem, quer seja bom ou mau. Trata-se situações ansiogénicas e perturbadoras, uma vez que não estão ainda aptos para as entender e gerir internamente
Ajuda profissional Joana Peres Carneiro salienta que os pais devem ter tempo para os filhos. “A criança deve sentir que a mãe e o pai se preocupam, que querem saber de si e que estão sempre dispostos a ouvi-la. Assim, vão ter confiança para partilhar algumas das coisas que sentem e, pelas quais, possam estar a passar.
“Saber que pode contar com os seus pais e que não vai ser ridicularizada, culpabilizada, nem comparada com o irmão ou com outra criança, é meio caminho andado para que não se construam muros internos”, explica a psicóloga.
Mas atenção: se, apesar de tudo, sentir que o seu apoio não está a ser suficiente para manter o bem-estar psicológico do seu filho, por que não recorrer à ajuda de um psicólogo?!
Sempre que verificar que a vida da criança está a ser afetada e a sofrer alterações que colocam em causa o seu bom funcionamento, pode e deve recorrer ao apoio destes profissionais de saúde. Sem tabus!
Além disso, uma ida ao psicólogo pode ser feita como meio de prevenção e não apenas como tentativa de atenuar sintomas. Se considerar que um evento que está na eminência de acontecer – separação dos pais, nascimento de um irmão, mudança de escola -, pode vir a fragilizar a criança, não descarte esta opção.
Foto tirada em Hmong Village, Luang Prabang, Laos
Joana Peres Carneiro, psicóloga clínica:
“A Psicologia é fascinante no que toca à interpretação de comportamentos e de palavras”
Joana Peres Carneiro desenvolve o seu trabalho, em contexto privado, com crianças, adolescentes e adultos, assim como numa instituição de apoio a crianças em risco, vítimas de maus tratos psicológicos e físicos, de abusos e de negligência.
Histórias – Por que razão se formou em Psicologia? Joana Peres Carneiro (JPC) – Decidi que queria ser psicóloga aos 14 anos. Na altura, acreditava que ia ser capaz de interpretar o que as pessoas pensavam só de olhar para elas e para o que faziam.
Depois, percebi que, de facto, a Psicologia é fascinante no que toca à interpretação de comportamentos e de palavras, mas que pode ser muito mais do que isso! A Psicologia é uma grande ajuda ao outro, ao seu bom desenvolvimento, bem-estar e equilíbrio, além de que se enquadra em qualquer contexto!
Histórias – E a área das crianças como é que surgiu? JPC – Entrou na minha vida através dos estágios académico e profissional. Mais tarde, acabou por ocupar a grande maioria da minha vida profissional. É uma área interessante e extremamente gratificante.
Muitas vezes, é também um desafio, pois não trabalho apenas com a criança, mas em tríade, com os pais, que são motores fundamentais para que este trabalho clínico chegue a bom porto.
Histórias – Qual o papel da Psicologia Infantil? JPC – O trabalho do psicólogo passa por identificar o que se passa com a criança e, à semelhança do que deve acontecer com o adulto, por estabelecer uma relação de confiança. Através do lúdico (brincadeiras e jogos), de conversas e de desenhos são identificadas e interpretadas as dificuldades da criança. O objetivo é desbloqueá-las e tornar o mundo da criança mais suportável e leve.
Histórias – Que tipo de apoio é dado aos pais, para que possam compreender e acompanhar melhor os seus filhos? JPC – Neste trabalho clínico é fundamental o envolvimento dos pais. Se a criança perceber que a sua ida às consultas de Psicologia não é valorizada, possivelmente também as vai desconsiderar, prejudicando o seu envolvimento na relação terapêutica.
Desde que os pais sejam colaborantes, é fácil e benéfico envolvê-los no processo, pois será uma equipa a trabalhar para um bem comum: a criança. Cada um tem um papel fundamental, nunca esquecendo que aquele é o espaço e o tempo da criança, que não deve ser invadido e, sim, respeitado.
Muitas vezes, são necessárias sessões pontuais com os pais, onde são abordados assuntos relacionados com a criança e realizada a devolução do estado do processo psicológico. Contudo, sempre sem quebrar o sigilo daquilo que é falado entre o psicólogo e a criança. Estas sessões servem também para orientar os pais e dar-lhes algum aconselhamento parental.
Foi com o seu sorriso largo, carisma, humildade, energia, cómica forma de estar e, obviamente, com o seu talento enquanto bailarino, que Fábio Jorge, mais conhecido por Fábio Krayze, conquistou o coração dos portugueses, durante a sua participação no programa de talentos “Achas que sabes dançar?”, há cerca de quatro anos.
No dia em que fizemos esta entrevista, encontrámo-nos na zona de Santos, onde Fábio dá aulas. Era noite, estava frio, mas acabámos sentados a conversar junto ao Tejo. Com vista privilegiada para a Ponte 25 de Abril.
Fábio nasceu em Luanda, em agosto de 1988. Veio para Portugal aos 13 anos. E recorda com nostalgia os tempos de infância, o bairro pobre onde viveu, a família, os amigos, as brincadeiras e as danças de rua. Era mesmo muito feliz. Sente saudade. Porém, se lhe perguntarmos se quer voltar, diz que não.
É de poucas palavras, mas respondeu a tudo o que lhe foi perguntado. Sempre com sentido de humor e com um enorme brilho nos olhos. Afirma-se tímido. Mas não parece! É “muito mais” que kudurista, não gosta desse rótulo. É bailarino! A dança é sem dúvida a sua vida, no entanto quer apostar também na música. É um sonho.
Na sua opinião, Portugal tem bailarinos de muito talento. Contudo, lamenta que no nosso país não haja o empenho e o rigor que existe noutros locais da Europa, em relação à formação e ao treino intensivo, sobretudo na área das Danças Urbanas.
Para o futuro, Fábio Jorge ambiciona “apenas” uma coisa: ser feliz.
Histórias – Fábio Krayze, de onde vem esta alcunha? Fábio – Vem do tempo do secundário, da altura em que pertencia ao grupo Pupilos do Kuduro. Um deles começou a chamar-me Crazy Frog, porque eu era muito irrequieto! Com o tempo “perdi o frog” e passei a ser Krayze.
Histórias – Continuas muito irrequieto? Fábio – Já não! Estou bem mais tranquilo…
Histórias – Esta alcunha combina com Kuduro, que é um estilo um pouco louco…Fábio – Louco, mas no bom sentido, atenção! Sim, tem tudo a ver, daí a ter mantido.
Histórias – Como é que explicas o que é Kuduro, a quem não conhece? Fábio – Numa linguagem mais leiga, eu definiria Kuduro como uma dança energética, divertida e com muito foot work. Para mim, além de alegria e explosão de energia, Kuduro significa vida e fuga.
Este estilo nasceu em Angola nos anos 80, altura da guerra. Era uma forma das crianças não estarem muito focadas nos problemas da violência e da fome… Dançávamos Kuduro para nos mantermos à parte de tudo isso. Era o nosso escape!
Histórias – Já se dança muito Kuduro em Portugal? Fábio – Dança, mas já se dançou mais! Quando vim para Portugal, em 2001, só se dançava Kuduro nos subúrbios. Mais tarde, tornou-se mainstream! A grande explosão da Kizomba, há cerca de quatro anos, acabou por trazer com ela o Kuduro e, nessa altura, havia mesmo muita gente a dançar.
Hoje em dia, o Afrohouse está mais na moda. Tem uma batida mais lenta, é mais melódico e, na generalidade, as pessoas gostam mais.
Histórias – És um pouco responsável por essa explosão? Fábio – Não!… No meio mainstream, talvez! A Blaya começou a dar aulas e acabou por me trazer também para o meio das academias de dança. Mas existem muito bons bailarinos de Kuduro, simplesmente não são conhecidos… Talvez a Blaya e eu tenhamos essa responsabilidade, sim!
Histórias – Quando te fiz esta pergunta pensei que ias falar dos Pupilos do Kuduro… Fábio – Também, mas os Pupilos do Kuduro davam espectáculos, faziam animações. As pessoas gostavam de assistir, mas não dançavam. Fizemos muita estrada, mas não pusemos ninguém a dançar.
Histórias – Como surgiram os Pupilos do Kuduro? Fábio – É uma história engraçada. Surgiram na altura do secundário. Fui a um casamento angolano, com muito Kuduro. Pensava que era o único que sabia dançar, comecei a dar o meu show e um primo afastado, que conheci nesse dia, começou a dançar também! Acabámos por criar uma espécie de competição, uma battle!
No dia seguinte, por acaso, encontrei-o. Andávamos na mesma escola, mas não sabíamos! Uma semana depois, convidou-me para fazer parte do grupo que estava a criar, os Pupilos do Kuduro. Éramos todos da mesma escola e ensaiávamos nos intervalos. Até hoje, creio que foi o único grupo de Kuduro que fazia coreografias do início ao fim das performances.
O Kuduro tem o freestyle como base. Nós fazíamos cerca de seis minutos de coreografia e acredito que marcámos por isso. Havia outros grupos que também o faziam, mas entre 30 a 60 segundos.
Histórias – O Kuduro de hoje é completamente diferente daquele que dançavas em Luanda. Como é que vês essa evolução? Fábio – É um misto de sentimentos. Evoluiu-se muito, porém há aspetos de que não gosto. O denominado “Kuduro moderno”, criado pelo grupo Pink 2 Toques, é muito rápido, mais do que a própria música. É bom, gosto de ver, mas não me sinto confortável a dançar. Nasci na época do “Kuduro antigo”, que também era rápido, mas dançado ao ritmo da música.
A História de Fábio
Histórias – Estás em Portugal há 17 anos. O que mais recordas de Luanda? Fábio – É difícil!… Lembro-me bem do sítio onde morava, o bairro Marçal, na periferia de Luanda. Era muito degradado. Recordo-me da minha casa, não sei como consegui viver naquelas condições… Mas vivi e era mesmo muito feliz! E lembro-me das brincadeiras, não havia electricidade e, por isso, íamos todos para a rua, até às 22h00, 23h00.
Histórias – Tens saudades? Fábio – Muitas! Mas não é aquela saudade de querer voltar. Sinto-me nostálgico quando me lembro desses tempos, da família, dos amigos e de como era feliz. Se me perguntarem se quero voltar, claramente não.
Histórias – Como foi para um miúdo de 13 anos vir viver para Portugal? Fábio – O meu pai viaja muito, trabalha nas Linhas Aéreas de Angola, e sempre falou de Portugal. Eu era um miúdo que ainda não sabia nada da vida, que estava a tornar-se um jovem, fiquei deslumbrado.
Pensar que ia andar de avião e que vinha para outro país foi uma emoção. Quando cheguei, vi supermercados enormes!… Fiquei de boca aberta, no meu bairro não havia nada parecido!
Além disso, havia uma loja que se chamava Fábio Lucci! FÁBIO Lucci! A loja tinha o meu nome! Achava surreal… E foi fácil fazer amizades, enturmei-me muito bem…
Celebra-se hoje o Dia Mundial da Dança
Histórias – Não danças só Kuduro? Fábio – Não danço só Kuduro e acho muito importante frisar isso, porque estou rotulado como o Fábio Krayze do Kuduro. Obviamente, danço outros estilos dentro das Danças Urbanas, como Hip Hop, Locking, Popping… Gosto de salientar que sou muito mais do que Kudurista, sou bailarino. Aliás, o Hip Hop influência muito o meu Kuduro.
História – Como vês a evolução das Danças Urbanas em Portugal? Fábio – Na altura em que comecei nas Danças Urbanas cá em Portugal, o país já estava num patamar muito bom. Faziam-se muitas battles e já existiam excelentes bailarinos.
Com o passar dos anos, Portugal evoluiu ainda mais e, atualmente, tudo o que se faz de bom lá fora, nos EUA, também é feito cá. Além disso, há muita gente a querer fazer Street Dance.
Penso que os programas de televisão ajudaram nesse sentido, porque vieram desmistificar estes estilos, que obviamente não são só para “miúdos de bairro”, são para quem gostar e quiser dançar. Hoje em dia, a comunidade das Danças Urbanas é muito maior e essa é uma das grandes evoluções.
Histórias – Os nossos bailarinos estão ao mesmo nível dos de outros países da Europa ou dos EUA? Fábio – Não!… Portugal tem bailarinos com muito talento e de muita qualidade, provavelmente até mais do que muitos outros países. Porém, não temos metodologia, nem treino. Não somos rigorosos, somos demasiados descontraídos e um pouco relaxados.
Não tenho dúvidas de que temos qualidade e talento e a grande bailarina Diana Matos, que fez a tour com o Justin Timberlake, é um exemplo disso. Hoje é um nome de referência nos EUA, mas teve de ir para fora.
Não temos o rigor dos países da Europa do Norte, por exemplo. Treinam várias horas por dia, todos os dias, e têm um plano muito bem definido para alcançarem os seus objetivos. É impossível que não se tornem melhores que nós!
Krayze dedica grande parte do seu tempo aos projetos profissionais
Histórias – Tornaste-te uma figura pública com as participações no programa “Achas que sabes dançar?”, da SIC, e na telenovela “A única mulher”, da TVI. A tua vida mudou muito desde essa altura? Fábio – Mudou completamente! O “Achas que sabes dançar?” permitiu-me dar “um grande salto”, não só em termos de conhecimento e treino em dança, mas também porque me trouxe muito trabalho. Só parei em 2018!
Tanto o programa, como a novela, entre 2015 e 2016, trouxeram-me muita coisa boa e abriram-me muitas portas. Naquela altura, sentia-me realizado. Sentia que estava num patamar em que já tinha alcançado muita coisa, apesar de saber que ainda havia muito por fazer.
Foi importante, porque tive muito trabalho e vivo, exclusivamente, da dança.
Histórias – O que mais te marcou nessa altura? Fábio – Com o “Achas que sabes dançar?” ensaiei, durante meses, de terça a domingo, e cresci muito enquanto bailarino. No entanto, depois do programa terminar, não tive tempo para continuar a evoluir, porque tive muito trabalho. Hoje, penso que podia ter aprendido mais e melhorado outros estilos.
Histórias – Voltavas a fazer tudo de novo? Fábio – Voltava a fazer tudo de novo. Mas, hoje, não voltava a participar.
Histórias – Como é estar em cima de um palco? Fábio – Não consigo explicar. São muitos sentimentos em simultâneo: medo, euforia, alegria… É inexplicável!
Histórias – É um motivo de ansiedade? Fábio – Sim! É pensar se vai correr bem. Em quem está a ver… É muita coisa, mas gosto mesmo muito de estar em palco.
Histórias – Também és professor de dança. Como é para ti dar aulas? Fábio – Ser professor é uma aprendizagem. Não basta saber os passos e a metodologia. É preciso conhecer-me a mim e aos outros e isso leva tempo.
Ou seja, não levo coreografias feitas em casa para as aulas de Kuduro e de Afrohouse, porque não sei quem vou encontrar. Não gosto de terminar uma aula com a sensação que metade dos alunos não acompanhou, sequer, os primeiros oito tempos! Saio triste e frustrado.
Deixei de coreografar em casa, crio apenas uma base e vou construindo na sala de aula, porque vou percebendo as dificuldades. Isto leva tempo e é por isso que digo que ser professor não é fácil.
Por outro lado, é muito gratificante, pela visível evolução dos alunos e pelas palavras que alguns me dizem. Ao início, passei por uma fase em que não me apetecia dar aulas. Agora gosto e sei que é isto que quero fazer diariamente.
Histórias – Que estilos dás? Fábio – Neste momento, Hip Hop, na minha escola, a KRZESchool, e Kuduro, na Jazzy Dance Studios.
Fábio e Iara Núria
Histórias – Fala-nos da KRZESchool. Fábio – Criei a KRZESchool, oficialmente há três anos, com a minha irmã, Iara Núria. Situa-se em Rio de Mouro. Há muito tempo que tinha este projeto em mente, porque sempre quis ter uma escola de dança, para poder continuar a trabalhar na área, quando já não puder dar aulas. Ninguém melhor do que a Iara para entrar neste projeto comigo.
Quando começámos tínhamos apenas um aluno! Atualmente, temos cerca de 80 e, cada vez, mais estilos: Ballet, Contemporâneo, Salsa e vários níveis de Hip Hip. Dentro de pouco tempo, vamos abrir mais aulas.
Histórias – Não há Kuduro? Fábio – Não. Talvez abra uma aula de AfroKuduro, em 2020. Até agora, não quis ter Kuduro, precisamente devido ao tal rótulo que me puseram. Quis mostrar que sei dançar outros estilos, dou aulas de Hip Hop.
Histórias – E o Krayze Show, que projeto é este? Fábio – Nasceu em 2018. Sempre gostei de cantar, mas só comecei a apostar nesta área desde o ano passado. Até então não tive tempo, nem me sentia à vontade. E ainda não sinto, fico um pouco envergonhado.
Duas pessoas que vieram da Eslovénia, que faziam as minhas aulas, gostaram das músicas e incentivaram-me a juntar o canto e a dança e a criar o projeto. Senti-me motivado e decidi apostar no Krayze Show, com músicas originais e muita dança.
Krayze Show: Guilherme Brak-Lamy, Igor Lima, Anisa Kete, Kaja Besednjak e Fábio
Atuámos no Rock in Rio Lisboa, em colaboração com a Jazzy Dance Studios, no Meo Sudoeste, e no O Sol da Caparica, em colaboração com a A Showit Dance Academy. Foi muito bom.
Histórias – Tens um álbum com as músicas do Krayze Show? Fábio – Não, é um EP. Quando marcámos os festivais, tinha muito poucas músicas, e gravei o “2018 or Nothing”, com seis músicas.
2018 foi o ano em que investi na música para perceber se era realmente o que queria. O título do EP significa que iria passar a dedicar-me apenas à dança, caso este trabalho não seguisse em frente.
Histórias – Depois disto, consideras-te mais músico ou bailarino? Fábio – Bailarino, claramente! Vou ser sempre bailarino, mas gostava muito de ser cantor.
Histórias – Tens uma “marca” de roupa… Fábio – Tenho, a KRZE. É uma marca que me define, representa diversão e energia. Neste momento, estou a recriá-la e a associá-la à KRZESchool. Vêm aí coisas boas!
Histórias – Como é que se pode adquirir? Fábio – Através do Instagram da KRZE ou pelo meu Facebook.
Histórias – Com tantos projetos, como é que geres o teu tempo? Fábio – Não sei! A minha vida está toda virada para os projetos. De facto, não tenho tempo nenhum para mim… Esta pergunta fez-me, agora, pensar nisso!
Histórias – Como é que te vês daqui a 20 anos? Fábio – 20 anos é muito tempo! Quero fazer muito mais música e continuar a dançar e a construir a minha escola, que é um trabalho que nunca acaba. Pessoalmente… Quero ser feliz!
Workshop de Afrohouse
Nota: as fotografias foram tiradas do Facebook de Fábio Krayze.
O Dia Mundial da Dança vai ser celebrado em todo o país com várias com atividades, entre espetáculos, aulas e oficinas, para profissionais da área e para o público em geral. O objetivo é de festejar uma arte cuja universalidade é destacada por instituições internacionais como o Comité Internacional da Dança (CID).
O Dia Mundial da Dança foi instituído pelo CID da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em 1982. É celebrado na data de nascimento do bailarino, mestre de bailado e autor da obra teórica “Lettres sur la Danse”, Jean-Georges Noverre (1727-1810), considerado um dos pioneiros da dança moderna.
A Companhia Nacional de Bailado (CNB) vai celebrar a data com uma programação de espetáculos e atividades em quatro cidades, em simultâneo: Aveiro, Leiria, Lisboa e Faro.
Em Lisboa, no Teatro Camões, a CNB apresentará um programa inédito que pretende dar a conhecer ao público os bastidores da companhia, com visitas guiadas a partir das 15h00, e a possibilidade de assistir a uma aula dos bailarinos, às 19h00.
De acordo com a CNB, depois da aula dos bailarinos, a ter lugar no palco do teatro, serão realizados ensaios comentados de duas novas criações: “Annette, Adele e Lee”, e “Madrugada”, dos coreógrafos Rui Lopes Graça e Victor Hugo Pontes, respetivamente.
As celebrações da CNB estendem-se, no mesmo dia, a Aveiro, onde a companhia apresentará o espetáculo “A Perna Esquerda de Tchaikovski”, de autoria de Tiago Rodrigues, e que conta com a interpretação da bailarina Barbora Hruskova e do pianista Mário Laginha, também autor da música original deste espetáculo.
No âmbito de um trabalho que tem vindo a desenvolver junto das escolas de dança em Portugal, a CNB irá também promover uma masterclasses de técnica de dança clássica em Aveiro, Leiria e Faro.
No Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, o coreógrafo norte-americano Merce Cunningham (1919-2009) vai ser alvo de um espetáculo de homenagem, nos 100 anos do seu nascimento.
De acordo com a programação do Centro Cultural Vila Flor, a data será assinalada com o espetáculo “Not a moment too soon”, solo interpretado por Trevor Carlson, o último diretor da companhia de Cunningham.
Considerado um dos criadores que mudaram os rumos da dança moderna, Merce Cunningham criou mais de 200 coreografias e entre os seus colaboradores figuraram John Cage, Jasper Johns, Andy Warhol e Robert Rauschenberg.
No mês em que se celebram os 100 anos do seu nascimento, o Centro Cultural Vila Flor está a realizar desde segunda-feira – culminando com o espectáculo de dia 29 de abril – uma programação especial que inclui formação para escolas de dança, um ensaio aberto do espectáculo, uma conversa com Trevor Carlson, e a projeção de filmes feitos pelo coreógrafo nos últimos anos de vida.
Também a Companhia de Dança de Almada está a apresentar um programa de espetáculos e atividades a decorrer desde sexta-feira, que se prolongam até 3 de maio para assinalar o Dia Mundial da Dança.
Hoje, a Companhia de Dança de Almada estreia um programa composto por duas novas criações: “Qu’ils mangent de la brioche: #publicperception”, coreografado por Luís Malaquias com base na história de Maria Antonieta, rainha francesa guilhotinada durante a Revolução Francesa, numa decisão do tribunal revolucionário que marcou a história do país.
Vai ser também apresentada uma criação resultante de uma residência artística da coreógrafa sueca Julia Ehrstrand, com título ainda por anunciar.
No próprio Dia Mundial de Dança, a 29 de abril, segunda-feira, no Cine Teatro Sede da Academia Almadense, realiza-se uma sessão comemorativa para reflexão sobre o impacto das atividades da Companhia de Dança de Almada (Ca.DA) ao longo de quase 30 anos de trabalho na cidade, com a presença da fundadora e diretora, Maria Franco.
Nesta sessão serão apresentados alguns vídeos sobre o trabalho da companhia e extratos coreográficos ao vivo.
A terminar o programa, a 3 e 4 de maio, a Ca.DA apresenta “Óptima”, um espectáculo resultante do projeto coreográfico, criação da professora e coreógrafa Maria José Bernardino.
Em Torres Novas, o Dia Mundial da Dança será assinalado no domingo e na segunda-feira: no dia 28, com uma demonstração da escola o Corpo da Dança, às 15h00, na Praça 5 de Outubro, e às 16h00, na Praça do Peixe, uma demonstração de dança e expressão corporal a cargo da Fácil Contacto.
Na segunda-feira, 29 de abril, a autarquia desafiou duas instituições do concelho – a Escola de Dança Rita Assis e O Corpo da Dança de Marta Tomé – para, através de dois percursos diferentes pelas ruas da cidade, realizarem apontamentos artísticos, entre as 17h00 e as 19h00.
Histórias de Encantar… ou não vai assinalar este Dia Mundial da Dança com a publicação de uma entrevista ao bailarino Fábio Krayze.
Viajar é viver uma imensidão de sensações, experiências e emoções. É aprender e crescer interiormente.
Sair da nossa zona de conforto, para conhecer e viver uma cultura diferente, é abrir a mente, passar a ver o mundo de outra forma e abraçar novos valores e perspetivas. Viajar (diferente de fazer turismo) é poder encontrar tudo aquilo que não sabíamos que existia.
O Valle Rojo, no Peru, é um sítio maravilhoso, de uma beleza incrível e quase indescritível. Um local onde estive por acaso, do qual nunca tinha ouvido falar, mas que vai ficar-me na memória para sempre!
Naquele dia acordei por volta das 3h00 da manhã. Estava muito cansada, tinha sono e estava um frio de rachar… Arranjei-me muito à pressa, bebi o habitual chá de coca, para me “defender dos males da altitude” e me aquecer, comi qualquer coisa e sai.
O táxi estava à porta, à minha espera. Edith, a minha “mãe de acolhimento”, fazia sempre questão de chamar um taxista seu amigo para me levar. Afinal, os homens peruanos são “muito machistas” e uma moça indefesa não pode confiar assim e qualquer um! Lembrava-me sempre disso e pedia-me que tivesse cuidado. “Cuidate mucho. Te quiero”, dizia.
Às 4h00, como combinado, estava na Plaza de Armas de Cusco, para me juntar à tour que me ia levar até Vinicunca – também conhecida como Montaña de Siete Colores ou Rainbow Mountain. Dei um beijo de bom dia ao mexicano, que já estava à porta da carrinha a comer um croissant com chocolate, e entrei. Estava muito frio para ficar ali fora a vê-lo comer!
Vinicunca é relativamente perto de Cusco, mas as estradas são péssimas, de terra batida, apertadas, com muitas curvas e com íngremes subidas e descidas, pelo que a viagem foi longa. Mas divertida! À nossa frente estavam três portugueses que, ao ouvir-me falar, se aperceberam da minha nacionalidade e, de imediato, meteram conversa. Que bom que foi poder voltar a falar na minha língua materna. Tinha saudades!
O mexicano fez logo questão de dizer – numa mistura de diferentes idiomas – que tinha vários amigos brasileiros e que também sabia falar português. “Bacana né, bacana. No és asi que se habla en Portugau?!”…
A conversa estava boa e a paisagem lá fora era lindíssima. Montanhas, riachos, llamas, alpacas, glaciares. Cores e mais cores. Mas, a altitude aumentava e o mau estar físico começava a ser geral.
Passadas cinco horas, finalmente chegámos! Porém, tínhamos ainda uma muito longa e difícil caminhada pela frente. Estamos a mais de 4 mil metros de altitude acima do nível do mar. A dor de cabeça e a falta de ar faziam sentir-se, mas seguimos em frente.
Durante cerca de três horas de caminhada coloquei muita coisa em causa. As subidas eram íngremes, o cansaço e a falta de ar eram fortes e a minha cabeça parecia que ia explodir.
Pollo (sim Pollo), o nosso guia, tinha folhas de coca para irmos mascando, oxigénio para quem se sentisse realmente mal e ia recomendando que andássemos devagar. “Isto não é uma competição. Cada um ao seu ritmo.”
E não podia ser de outra forma! Ainda me deitei umas quantas vezes no chão, para recuperar o fôlego. Mas sou forte e nunca precisei de oxigénio! Os peruanos iam passando por nós, para cima e para baixo, em passo de corrida. Muitos já com alguma idade, o que tornava toda a nossa dificuldade um pouco ridícula.
A montanha arco-íris é real!
Cerca de 3h30 depois, e complemente de rastos, chegámos a Vinicunca, a montanha arco-íris. Estávamos a pouco menos de 5200 metros de altitude! “Ainda bem que não desisti”, pensei! A beleza do cenário era tal que me esqueci do cansaço. Limitei-me a agasalhar-me – faz mesmo muito frio lá em cima – e a contemplar a paisagem.
Nunca tinha visto nada assim. As fotografias que se veem na internet não têm Photoshop, acreditem. É real! Vinicunca é um destino turístico relativamente recente, descoberto em 2013. As alterações climáticas levaram a que a neve, que sempre cobriu toda a montanha, derretesse e que as camadas coloridas se revelassem.
As cores são resultado da composição mineral e das características das rochas da montanha: vermelho, óxido de ferro; amarelo/laranja, minerais combinados com enxofre; verde, óxido de cobre e minerais de ferro e de magnésio; branco, grãos de quartzo e calcário.
Gostei da montanha e de todo o cenário envolvente, mas teria gostado muito mais se não tivesse tanta gente e tanta confusão. Tiram-lhe muito da sua beleza!
Valle Rojo: o êxtase
Ainda estávamos em Vinicunca quando Pollo nos desafiou a ir conhecer o Valle Rojo, a cerca de 1 km de distância. Estávamos cansados e incomodados com a altitude e não ficámos muito convencidos.
Pollo explicou-nos que o local não era turístico, que era ainda mais bonito que a montanha das cores e que, uma vez que ali estávamos, não deveríamos perder.
O jovem guia é fascinado pela beleza e pela paz que se sente no Valle Rojo e queria mesmo que o conhecêssemos. Praticamente ninguém quis ir, preferiram descer! Só, os quatros portugueses, o mexicano e uma canadiana, que entretanto se juntou ao grupo, aceitaram. E ainda bem!
Andar 1 km naquelas condições não é fácil! Voltei a questionar tudo e mais alguma coisa, mas continuei… De repente, uma paisagem magnífica revelou-se. Uau!!! Percebi logo o que Pollo nos tentava dizer, quando insistiu que fossemos até ali!
Um vale de tonalidade vermelha, sarapintado com uma espécie de relva verde esmeralda! O local estava completamente deserto. Era enorme, não tinha fim. E ainda bem! Passámos horas ali. Senti-me totalmente em paz, completamente abraçada pelas montanhas e em contacto com a natureza na sua mais pura essência.
Voltei a ficar sem ar, mas desta vez por um bom motivo: o respeito e o fascínio que de imediato senti por aquele imponente cenário! A gratidão por poder ali estar!
De uma coisa tenho a certeza: Eu não poderia morrer sem ter ido ao Valle Rojo! O Peru é, sem dúvida, um país abençoado!
Sabias que 46% dos portugueses com idade igual ou superior a 25 anos dormem menos de 6 horas por dia? Que 21% dizem que demoram mais de 30 minutos para adormecer? Que 32% consideram ter um mau sono? E que 40% reportam dificuldade em manter-se acordados durante a condução e outras atividades diárias?
Tendo em conta estes resultados, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia divulgou um vídeo onde as médicas Susana Sousa e Sílvia Correia alertam para os riscos das noites mal dormidas e para os maus hábitos de sono repetidos ao longo da vida e deixam algumas recomedações para que os portugueses possam dormir melhor.
Não deixes que a noite te estrague o dia, segue estas 10 recomendações para uma melhor noite de sono:
– Evita cafeína, álcool e nicotina 4 a 6 horas antes de dormir – Mantém a temperatura do quarto a 18/19 graus – Mantém o quarto escuro e livre de ruídos – Tem um colchão e uma almofada confortáveis – Dá preferência à leitura e não utilizes tablets, telemóveis ou outros dispositivos eletrónicos antes de dormir – Toma um banho de imersão cerca de duas horas antes de ires para a cama – Pratica exercício físico, mas evita o final do dia (pelo menos 3 horas de intervalo antes de dormir) – Mantém horários regulares de sono, evitando variações na hora de dormir e acordar – Mantém-te à luz solar de manhã, mas evita a exposição à luz intensa durante a noite – Evita refeições pesadas ou picantes ao jantar
Artigo de Opinião de Elisabete Jorge, Cardiologista de Intervenção e membro da Comissão Científica da Campanha Cada Segundo Conta
As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte em Portugal. Em 2017, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, morreram 1917 mulheres com enfarte agudo do miocárdio. A obstrução das artérias do coração por placas de gordura (a doença coronária) pode manifestar-se de várias formas, desde dor no peito em esforço, até ao perigoso enfarte agudo do miocárdio e à dramática morte súbita. Os fatores de risco são bem conhecidos e potenciam-se entre si, fazendo com que pequenas elevações em vários parâmetros condicionem em conjunto um maior risco.
O controlo eficaz dos seguintes fatores de risco e a implementação de um estilo de vida saudável podem reduzir em 80% a incidência de enfarte agudo do miocárdio, nas mulheres:
O tabagismo é o fator mais importante para o desenvolvimento de doença coronária e causa 50% das mortes evitáveis. Nos fumadores o risco é 60-70% superior aos dos não fumadores. O tabaco deve ser evitado em absoluto, pois não há nenhum nível de exposição que seja considerado seguro. Deixar de fumar é a medida mais eficaz para reduzir o risco de doença coronária.
Na diabetes existe excesso de açúcar no sangue. Isto acontece quando o pâncreas não produz insulina suficiente e/ou quando esta não atua eficazmente, esta última forma associada ao excesso de peso e ao sedentarismo. Esta doença necessita de ser bem controlada de forma a evitar complicações, nomeadamente cardíacas, pois estas são a principal causa de morte nos diabéticos.
Portugal tem uma realidade dramática em relação à hipertensão arterial (HTA). Em geral, a pressão arterial deverá ser <140/90 mmHg. É fundamental um cumprimento rigoroso da medicação e uma redução do sal na alimentação.
A dislipidémia corresponde a um aumento do colesterol, dos triglicerídeos ou de ambos. A redução das gorduras na alimentação e o cumprimento rigoroso da medicação (“estatinas”) são fundamentais para o seu controlo.
A obesidade ocorre quando o número de calorias ingerido é superior ao que é gasto, sendo armazenadas em gordura. Esta associa-se à diabetes, dislipidémia e HTA que, no seu conjunto, aumentam o risco de enfarte agudo do miocárdio. Uma dieta pobre em gorduras saturadas e baseada no consumo de vegetais, fruta e peixe – a dieta mediterrânica – é fundamental na prevenção cardiovascular.
O risco de desenvolver doença cardiovascular aumenta 50% nas pessoas que não praticam atividade física. Recomenda–se a prática de 30 minutos/5x por semana de exercício aeróbico de intensidade moderada ou 15 minutos/5x por semana de exercício de elevada intensidade. O exercício diminui a pressão arterial, os níveis de colesterol, melhora os níveis de açúcar, reduz o peso e melhora o bem-estar psicológico.
Para aumentar a consciencialização para o enfarte agudo do miocárdio, a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) está a promover a campanha Cada Segundo Conta, uma iniciativa que tem como objetivos promover o conhecimento e compreensão sobre o enfarte agudo do miocárdio e os seus sintomas; e alertar para a importância do diagnóstico atempado e tratamento precoce. Para mais informações sobre esta campanha consulte www.cadasegundoconta.pt
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), uma entidade sem fins lucrativos, tem por finalidade o estudo, investigação e promoção de atividades científicas no âmbito dos aspetos médicos, cirúrgicos, tecnológicos e organizacionais da Intervenção Cardiovascular. Para mais informações consulte: www.apic.pt