Hoje é 8 de março, assinala-se o Dia Internacional da Mulher.
Ser mulher é um turbilhão de sentimentos e de emoções. É ser multitasking. É afirmar, a cada dia, o papel feminino na sociedade, assumindo importantes funções a vários níveis – profissional, familiar, social. É ter orgulho em ser mulher.
Mulher é amor, ternura, resiliência. É Vida. Maternidade. Força. Mas não nos podemos esquecer que mulher tem sido, também, desigualdade e desrespeito. Violência, psicológica, física e sexual; dor; mutilação; morte. Desde sempre, por todo o mundo!
Por tudo isto, mulher é luta – por direitos, igualdade, respeito. Por um mundo mais humano, livre e justo, em que todos sejam considerados enquanto seres humanos. Mulheres e homens.
Muitas foram as conquistas das gerações anteriores, que nos traçaram um caminho no sentido de uma sociedade mais justa. Os progressos, no que respeita aos direitos das mulheres em todo o mundo, são muitos e significativos. Mas este continua, e tem de continuar, a ser o propósito de muitos, até porque, infelizmente, retrocessos também têm vindo a acontecer.
Basta olhar, perceber o mundo, para saber que ainda há muito a fazer. É preciso mudar culturas, mentalidades, formas de estar, crenças. É preciso esquecer as guerras de poderes, sejam género, raciais, culturais, políticas ou religiosas. Um trabalho que nunca acaba.
Cada um de nós pode contribuir, um pouco, para um mundo melhor, em que mulheres e homens, independentemente de cor, nacionalidade ou religião têm os seus direitos respeitados e podem viver livremente. Sem medo.
Como sugestão, deixo-lhe o “Woman – Mulher”, lançado em 2020, para assinalar o Dia Internacional da Mulher.
“Um documentário em que mulheres de todas as idades, etnias, credos e condições sociais revelam a sua visão do mundo. Da infância à velhice, uma recolha de ‘confissões’ íntimas e, por vezes, sombrias de uma vida onde desigualdades e injustiças ainda imperam.”
“Os 40 anos são uma idade terrível. A idade em que nos tornamos naquilo que somos”, Charles Péguy
Hoje faço 40 anos. Isso mesmo QUARENTA! Um número tão assustador, quanto merecedor de respeito.
Pela primeira vez, acordei com os dois pés bem assentes no mundo dos adultos. Finalmente, sou uma senhora. Tenho 40 anos e orgulho nisso.
Talvez fosse minha obrigação estar a passar por uma crise de identidade, a sentir-me nostálgica, com medo do futuro – que começa a tornar-se finito – e frustrada por todos os sonhos que ainda não realizei. Não é o caso, pelo menos para já.
“Os 40 anos são uma idade terrível. A idade em que nos tornamos naquilo que somos”, Charles Péguy
Hoje faço 40 anos. Isso mesmo QUARENTA! Um número tão assustador, quanto merecedor de respeito.
Pela primeira vez, acordei com os dois pés bem assentes no mundo dos adultos. Finalmente, sou uma senhora. Tenho 40 anos e orgulho nisso.
Talvez fosse minha obrigação estar a passar por uma crise de identidade, a sentir-me nostálgica, com medo do futuro – que começa a tornar-se finito – e frustrada por todos os sonhos que ainda não realizei. Não é o caso, pelo menos para já.
Falta-me muita coisa. Tanto, mas tanto… Tudo aquilo que sonhei e que acreditei que aos 40 anos já teria. Mas que não tenho. Estas 4 décadas não me trouxeram o que queria, mas trouxeram-me tudo.
Muito mais do que algum dia pensei que pudesse viver, sentir, perceber… Pessoas e experiências inesquecíveis e enriquecedoras, que me tornaram melhor, mais tranquila, mais segura, mais feliz e, sobretudo, mais humana. Com certeza das minhas convicções, daquilo que quero e em que acredito, do mundo em que quero viver… Do mundo que quero ajudar a construir.
E o que seria de mim se estes 40 anos já me tivessem trazido tudo aquilo que sempre quis e que continuo a querer com todas as minhas forças?
Que venham as próximas realizações, mas que não demorem. Afinal, já tenho 40 anos!
Há dias em que estou bem em casa e dias em que só me apetece sair. Há dias em que estou calma e em paz e dias em que me sinto triste e ansiosa. Há dias em que estou bem sozinha e dias em que tenho saudade de tudo e de todos. Há dias em que a paz e a tranquilidade reinam nesta casa e dias em que quem se faz sentir é a dúvida, a indecisão, a incerteza e o medo do que o futuro me trará.
Há dias e dias…
O tempo passa. A vida não parou, mas perdeu praticamente todo o seu ritmo.
Aquele ritmo incessante, que me esgotava e me levava a esquecer-me de mim. A “perder a consciência” do meu eu, daquilo que sou, que quero, que defendo e em que acredito. Dos meus princípios, da pessoa que quero ser.
Aquele ritmo que me fez perder a noção da passagem do tempo e que, constantemente, me tornou indiferente aos outros, às suas necessidades e à sua reação perante minha já habitual ausência…
Aquele ritmo, que tanto me cansava e que eu tanto desejava que abrandasse, desapareceu por completo…
E o equilíbrio?!
É tempo de pensar, mas não demais. De aprender a lidar comigo mesma, com minhas as ansiedades e medos. É tempo de dedicar-me à casa e, sobretudo, à doce, meiga e teimosa velhinha que vive comigo e que tanto mimo me dá. De falar mais com os amigos, mesmo que à distância, mas de não fazer promessas que depois não vou poder cumprir, quando a vida voltar ao “normal”.
É tempo de fazer planos, de entender os meus sonhos e de perceber como os poderei alcançar. Mas, não pode ser tempo de antecipar o futuro. Não faz bem e a mim, em particular, provoca-me falta de ar!
É tempo de ser grata. Parece cliché, mas é a realidade. E estou a referir-me apenas a mim e à minha situação. Tenho consciência de que nem tudo é fácil.
Cada vez mais sei que não quero ser “tudo e mais alguma coisa”. Não é preciso. Apenas quero ser equilibrada e feliz.
Hoje deu-me para isto, escrever, escrever e nada dizer. Há dias assim…
Bonita q.b, escanzelada, loira oxigenada, voz de cana rachada. Muito simpática, sorridente, sensível, disponível. Uma rapariga banal.
Senti que era um pouco tonta, enquanto a ouvia falar entusiasticamente da sua vida. Dos seus hobbies, trabalho e família. Tem uma vida banal (como a minha), mas falava dela com orgulho e contentamento. Gosta do que faz, sente-se realizada e é feliz.
Sobre a minha mais recente entrevistada:
A rapariga banal e tonta (como eu a pintei na altura) falou da palavra AMOR vezes sem conta, do valor de estarmos com aqueles que nos são importantes e de sentir o seu abraço apertado.
A rapariga banal e tonta lembrou-me da importância de lhes dizermos vezes sem conta que os amamos, todos os dias. Porque os sentimentos bons também têm de ser ditos. Tornam-se mais fortes.
Obrigada à minha mais recente entrevistada, por me ajudar a fazer uma revisão da “matéria”. Ultimamente, de vez em quando, tenho dito aos meus que os amo. Mas, na realidade, tem-me faltado tempo e lembrança para o fazer todos os dias, vezes sem conta.
Conclusão, a rapariga banal e tonta sou eu!
E tu? Já lhes disseste, hoje, que os amas? Vezes sem conta?!
Talvez por ter recebido as boas energias do país e das pessoas com quem iniciei este ano, 2019 foi, sem dúvida, MUITO BOM.
Foi o ano da MUDANÇA, tanto em termos pessoais, como profissionais. O ano em que apaziguei o meu coração, em que defini sentimentos, vontades e objetivos. A altura em que me conheci um pouco melhor e em que percebi para “onde VOU”, o que QUERO e o que MEREÇO.
O ano da serenidade, da auto-estima e do amor próprio. Da aventura, da criação e da concretização de projetos. O ano das ideias e dos sonhos, de mais e mais sonhos que agora tenho para realizar.
Nem tudo foi bom. Não podia ser. Mas quero guardar essa experiência como algo positivo: mais uma aprendizagem! Até porque sei que o dia em que a vou compreender vai chegar.
2019 foi também o ano em que corri atrás do tempo, o ano em que não estive presente e em que cuidei menos dos meus. Algo de que não me orgulho e que vou certamente mudar em 2020.
Sou (estou) grata, calma, feliz e tenho esperança em 2020. Que seja o ano da continuidade e da consolidação.
Tenho de começar este texto com uma confissão oficial: já não estou numa relação abusiva com o cigarro… há quase 12 meses, optei por terminar este relacionamento que durou alguns anos e acabei por dar prioridade à minha saúde.
Como todas as relações abusivas, criei uma dependência física e emocional com o cigarro, mas, desde há uns meses a esta parte, o tabaco não passa de um ex-companheiro, daqueles com quem decidimos terminar um namoro que não tem pernas para andar, sem pensar duas vezes.
O motivo? Voltei a apaixonar-me verdadeiramente pela vontade de viver a vida. Esta “relação” com o tabaco estava a destruir-me aos poucos, era uma espécie de vício, que me limitava a liberdade. Não havia grande margem para continuar esta relação. Os encontros só podiam acontecer em espaços exteriores. Sim, é curioso perceber que as pessoas, no geral, afastavam-se desta relação tóxica… é como se o ar fosse poluído pela presença de ambos. Ninguém aceitava a nossa relação dentro de quatro paredes!
Só por este motivo percebe-se bem que esta relação estava condenada ao fracasso. No fundo, esta relação só pode ser comparável a uma paixão doentia, que nos tira o fôlego, dia após dia… a verdade é que coloquei um ponto final nesta relação com o cigarro e, quando recuo no tempo, não poderia deixar de me sentir orgulhosa, por ter tido a coragem de cortar as amarras que muitos, por se sentirem reféns de uma dependência, nunca conseguiram cortar. Tenho de congratular todos os ex-fumadores desta vida, porque conseguiram livrar-se de uma relação difícil com o tabaco.
1,2,3 e uma baforada de cada vez… 4,5,6 e mais um prego para o caixão… Parece exagero, não é! Um prego para o caixão. Mas a verdade é que o tabaco, independentemente de ser aquecido ou usado pela via convencional, é responsável por inúmeras mortes prematuras, todos os dias! Não queria ter de dar esta notícia de chofre, mas alguém tem de alertar para os factos, não é verdade? Pior ainda: a decisão de fumar ou abandonar em definitivo este vício depende de cada um de nós, individualmente. E já diz o ditado que mais vale prevenir do que depois remediar.
Quando se larga o cigarro, e meses depois de o nosso corpo se restabelecer sem reservas de nicotina, percebemos que cada “passa” não passa de um tiro quase certeiro na nossa saúde. Se há maneira de “queimar” os minutos que temos nesta vida, essa maneira é através do fumo do tabaco. É uma maneira de queimar o tempo, de subtrair os minutos neste planeta cheio de loucos (é certo!), mas onde habitam algumas das pessoas que mais contribuem para a nossa felicidade.
Foi por este motivo, e por acreditar que há mais vida para além do tabaco, que há aproximadamente 12 meses decidi deixar de fumar. Foi uma decisão difícil, porque acabar um relacionamento tão longo, que durou anos, nunca será algo que se consegue de ânimo leve. Mas teve de ser. Ou seria isso ou iria manter em suspenso um projeto que está prestes a concretizar-se na minha vida: a maternidade.
Já havia feito uma tentativa prévia para abandonar esta relação, que eu sabia ser abusiva, e consegui manter-me afastada do cigarro durante mais ou menos dois anos, depois de um enorme susto, que me limitou a capacidade de respirar. Durante dois anos, enquanto me lembrava da sensação de não conseguir respirar, mantive-me longe desta relação com o cigarro. Sempre tive vontade de colocar um ponto final definitivo nesta relação, mas, como em praticamente todas as relações abusivas, chegamos a pensar que a nossa vida não faz sentido sem aquele elemento da equação: o cigarro.
O cigarro parece a “companhia” perfeita, que está connosco ao final do dia, quando a noite cai e o silêncio parece demasiado pesado. Parece que o cigarro – com quem mantemos uma relação sinérgica – nos deixa mais confiantes e estimula o nosso raciocínio. De repente, deixamos de conseguir pensar sem um cigarro na mão… mas onde está a verdade no meio disto tudo? A verdade é que o cigarro tem um poder magnético e, por vezes, se decidimos dar uma nova oportunidade a esta relação, acabamos por ficar novamente enredados pelo tabaco.
Outra verdade é que só podia “andar de mãos dadas” com o cigarro em espaços exteriores… sentia que havia um certo ostracismo por parte de terceiros relativamente à relação que mantinha com o tabaco. Havia a proibição de me encontrar com o tabaco em espaços fechados. Quase todos os encontros pareciam clandestinos e alguns deles até bastante fugazes.
É um prazer momentâneo, que compartilhava com outros que, como eu, também estavam em relações semelhantes e abusivas com os seus respetivos cigarros. Depois de cada encontro havia alguns olhares de soslaio, provavelmente aqueles que agora lanço a quem ainda mantém relações do género… há uma condenação quase pública, mas silenciosa, porque toda a gente sabe que estas relações tóxicas são prejudiciais. Há avisos públicos e mensagens bem claras que alertam para relações deste género. Há especialistas que se dedicam a ajudar os que querem sair destas relações, mas toda a gente reconhece que estas relações com o cigarro são difíceis de terminar.
Após cada “beijo” que damos a um cigarro ninguém pode negar que fica um amargo de boca… além disso, esta relação tóxica entranha-se nas nossas roupas e nas nossas vísceras. Não há ninguém que não perceba, através dos sinais olfativos e visuais, que estamos numa relação com o tabaco…
Amor (próprio) é um cigarro que se apaga, porque os benefícios para a saúde, após duas a três semanas sem fumar, são incalculáveis. Depois, a longo prazo os benefícios multiplicam-se e o corpo, aos poucos, liberta-se de todos os componentes químicos que nos causaram dependência física e psicológica.
Há quem decida apagar o cigarro de uma só vez da sua vida. A esses, os corajosos e que optaram por dar mais tempo à vida, devo dar os parabéns. Porque, independentemente dos motivos que nos levam a deixar de fumar, a vida vale sempre muito mais do que um simples cigarro.
E bem sei que a tentação está à espreita a cada esquina e que há sempre quem lucre com estas relações abusivas, fazendo acreditar que quem está “numa relação com o cigarro” poderá manter-se assim, sem que esta relação seja minimamente prejudicial. É um logro pensar que há relações com o tabaco que serão eternas, até porque, a dada altura das nossas vidas, iremos perceber que esta relação nos subtraiu tempo de viver. E esse tempo é irrecuperável e não volta atrás…
Texto escrito por uma “orgulhosa” ex-fumadora que preferiu não ser identificada
Esta fotografia foi tirada no dia 14 de setembro de 2013, em Arcos de Valdevez, há precisamente seis anos, lembrou-me, ontem, o facebook. Esta imagem é a prova de que somos capazes de “tudo” e de que o nossos sonhos e a nossa felicidade não está assim tão longe, nem é tão incansável como tantas vezes pensamos.
No dia em que tirei esta fotografia não estava em Arcos de Valdevez por acaso, não estava a passeio, não estava a trabalho. Fui atrás de um sonho, fui resolver problemas, inquietações e frustrações de uma vida inteira… O dia 14 de setembro de 2013 marcou a minha vida para sempre. Para melhor.
Tudo mudou. A decisão foi difícil de tomar. Tive medo, muitas dúvidas, inseguranças, mas tive também força e coragem. Não fui sozinha, fui acompanhada por um turbilhão de sentimentos (e dois grandes amigos), mas fui com tudo. Segui o meu instinto, a minha vontade e consegui. Venci uma das causas mais nobres da minha existência! (podem crer)
Voltei uma pessoa mais forte, com mais um “check” na lista e com a certeza de que posso tudo o que quero e o que desejo. Numa altura como esta, em que algumas dúvidas estão a insistir em atormentar-me, esta foi, sem dúvida alguma, a melhor lembrança que poderia ter tido. A prova de que sou capaz de “tudo”.
Como dizia Charles Chaplin: “A vida é maravilhosa se não se tem medo dela”. E eu só quero é viver e ser feliz!
Recentemente vivi uma experiência inesquecível, porém muito difícil de traduzir em palavras… Aliás, talvez consiga resumir todos os meus sentimentos num único: gratidão! Passei parte dos meses de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019 em Cusco, no Peru, num projeto de voluntariado na Kusi Wasi (Casa Feliz, em Quíchua), um lar para meninos com necessidades especiais e em situação de abandono e maus tratos.
Se podia ter optado por crianças saudáveis? Podia. Se teria sido mais fácil? Nos primeiros dias, com certeza. No entanto, não teria vivido o que vivi, aprendido o que aprendi, sentido o que senti, nem recebido o carinho e o amor que recebi.
Tratam-se de crianças com problemas mentais e/ou físicos, que viveram situações de abandono, maus tratos físicos, abusos sexuais, entre outros. Meninos com histórias de vida tão difíceis, que passaram por situações impensáveis, tão feias… Meninos sofridos, carentes, doentes, com necessidades várias. E, por incrível que pareça, meninos tão ternos, tão meigos, tão… tudo. Crianças que, inconscientemente, exigiram tanto de mim, mas que deram tão mais de si!
Voltei com o coração apertado e já cheia de saudades dos meus “bebés”, com a sensação que o tempo passou ainda mais rápido que o normal e com uma vontade imensurável de regressar. Voltei uma pessoa melhor (espero) e com uma visão muito diferente da vida.
Como não consigo falar muito mais sobre a Kusi Wasi, uma das casas da Asociación de las Bienaventuranzas (ADLB), conversei com o seu diretor, Genaro Bustamante:
“Os voluntários ajudam muito na estabilidade emocional das nossas crianças”
Histórias – Conta-me um pouco da história da Kusi Wasi e da ADLB? Genaro – Somos uma obra de amor que nasceu no coração de Deus, fundada pelo padre Omar Sánchez Portillo. A ADLB situa-se em Tablada de Lurín, Villa María del Triunfo, em Lima, e está, desde maio de 2016, em Cusco, como Kusi Wasi. Trata-se de um espaço que acolhe quem nada tem, quem mais precisa e quem se sente abandonado e sozinho.
Genaro com algumas das crianças da Kusi Wasi
Histórias – Quais os principais objetivos? Genaro – Dar abrigo, cuidados e desenvolvimento integral a estas pessoas, bem como responder às suas necessidades materiais, educacionais, médicas, emocionais e espirituais, sejam crianças, adolescentes, jovens, adultos ou idosos. Todos eles portadores de doença mental, deficiência ou com necessidades especiais de educação e em situação de pobreza extrema, abandono, vítimas de discriminação, de violência e de exclusão social.
Histórias – Atualmente, a Kusi Wasi acolhe apenas crianças e jovens. Quantos vivem neste espaço e qual média de idades? Genaro – Temos 23 crianças e jovens, 8 meninos e 15 meninas. A faixa etária está entre os 8 e os 27 anos.
Histórias – Quais as principais doenças/problemas? Genaro – Temos diferentes tipos de patologias e em todas as suas escalas, deficiência mental, autismo, trissomia 21, esquisofrenia, convulsões, entre outros.
Histórias – Quantas pessoas trabalharam na Kusi Wasi? Genaro – Somos uma equipa de seis pessoas.
Histórias – Quais são as principais necessidades da Kusi Wasi? Genaro – Alimentação, limpeza e higiene pessoal, materiais de trabalho para realizar as atividades de desenvolvimento motor e educacional e medicamentos – uma vez que a maioria toma fármacos psiquiátricos e/ou anticolulsivos. Precisaríamos, também, de contratar um professor de espanhol para os que não podem ir à escola. No entanto, não temos verbas para pagar. Outra grande necessidade, que para nós é muito importante e queremos que este ano se torne realidade, é conseguir fundos para poder construir uma nova casa Kusi Wasi, num terreno de 8 mil metros quadrados, que foi doado ao padre Omar, em 2018. A casa onde estamos atualmente é alugada, pequena e não nos permite ajudar mais pessoas.
Histórias – De que forma podemos ajudar?
Genaro – Com todos os tipos de doações, sejam materiais ou financeiras. Através do nosso site ou da nossa página de facebook. Assim como com um pouco do seu tempo, ajudando nas tarefas diárias e nas atividades da casa.
Histórias – Qual a importância do voluntariado para a Kusi Wasi? Genaro – O tempo dedicado às crianças faz com que se sintam amadas. Os voluntários ajudam muito na estabilidade emocional de cada um deles. Brincando, abraçando, dançando, etc. Também dão muito apoio no que respeita às atividades de desenvolvimento da motricidade.
Histórias – Consideras que os voluntários chegam à Kusi Wasi preparados para encontrar e ajudar estas crianças? Genaro – São muito poucos os voluntários que vêm preparados! Ao início, quase ninguém sabe como reagir, mas basta vir com o desejo de ajudar, de dar amor e de abrir o coração para o receber também.
Histórias – O que é que um voluntário deve saber antes de iniciar o seu projeto na Kusi Wasi? Genaro – Ao início é difícil, mas com o tempo o voluntário aprende e passa a sentir-se parte de tudo! De qualquer forma, seria bom que se informasse sobre as patologias mencionadas, que trouxesse ideias de atividades para trabalhar com as crianças e que se lembre que a maioria nunca andou numa escola, não tem formação e foi vítima de abuso físico, psicológico e sexual, exploração infantil, entre outros.
Histórias – És jovem, tens 29 anos. Há quanto tempo estás ligado à Kusi Wasi? Genaro – Desde janeiro de 2018. Estive 9 anos no projeto em Lima. O padre Omar precisava de uma pessoa de confiança, que se encarregasse da missão da Kusi Wasi, e falou comigo. Não pude recusar e aqui estou como diretor, procurando o melhor para a Kusi Wasi, em benefício das crianças.
Histórias – O que significa para ti poder ajudar estas crianças e ter um papel tão importante nas suas vidas? Genaro – Só posso agradecer a Deus. Isto é a minha vida. Há muito tempo que pus os meus planos pessoais de lado e decidi ficar na ADLB. É maravilhoso o poder dos meninos de Lima e de Cusco… Mudaram totalmente a minha vida e ensinaram-me a dar amor desmedidamente.
Histórias – Projetos futuros? Genaro – A nova casa. Queremos ampliar o espaço, para hospedar mais crianças e jovens, mas também adultos e idosos, todos com necessidades especiais em situação de abandono. É uma grande necessidade em Cusco. Temos recusado muitos casos por questões de espaço, o que nos afeta muito, porque sabemos que precisam de nós. Queremos ter quartos adequados às necessidades, áreas de trabalho para os jovens, escola, gabinetes médicos e de terapia e dormitórios para os voluntários. Gostava que tivesses conhecido o espaço de Lima, para que pudesses ter uma ideia daquilo que queremos desenvolver em Cusco!**
Obrigada Genaro! Com certeza, voltarei para conhecer o espaço em Lima e espero encontrar a “nova Kusi Wasi” a funcionar em pleno!
Por último, mas não menos importante, devo dizer que fiz este projeto de voluntariado através da Iko Poran Volunteer Abroad, uma organização de voluntariado internacional sem fins lucrativos, com sede no Rio de Janeiro, Brasil, a quem devo também agradecer, na pessoa do seu diretor, Luis Felipe Murray, por todo o seu profissionalismo, atenção, acompanhamento e disponibilidade.
“A saudade é a voz que grita ‘fica’ na hora da partida”
Partir não é fácil, sobretudo quando deixamos pessoas, projetos e formas de estar e de viver que tanto gostámos de experiênciar, mesmo que por pouco tempo.
Paisagens de sonho, cheiros, sons, sabores, texturas… Abraços apertados que ficam para sempre na memória. Sentimentos.
Hasta luego Cusco. Un dia voy a volver, te lo juro.
Agora é tempo de desfrutar de Lima e dos seus arredores…