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Camila e Enrique: Paixão e dedicação ao Forró. “É orgânico”

Camila e Enrique (foto tirada do facebook de Enrique Matos)

São apaixonados por Forró. Ela é portuguesa, ele é brasileiro e, há cerca de 2 anos, juntaram-se como par de dança, com o objetivo de promover a difusão desta cultura não só em Portugal, mas pelos países da Europa… ou até mesmo por todo o mundo.

Fiz a oficina de Forró dos bailarinos/professores Camila Alves e Enrique Matos, no Festival Andanças, e não pude perder a oportunidade de os entrevistar e de falar sobre este ritmo – proveniente do Nordeste do Brasil – e dos projetos profissionais de ambos.

Quase às escuras, durante uma noite bastante quente, entre as temperaturas elevadas e o calor de um baile de Forró, com pessoas felizes, descontraídas e com vontade de dançar até o sol nascer, sentados em troncos de árvores, Camila e Enrique contam que esta parceria era “inevitável”. Encontravam-se variadíssimas vezes em bailes, workshops e festivais, ela estava a regressar de Londres, onde esteve a estudar, e ele ia passar dois meses ao Brasil.

Camila ficou a substituir Enrique nas aulas do Espaço Baião – um centro cultural e escola de dança, criado pelo próprio –  e, quando o bailarino regressou, começaram a trabalhar  juntos. “Olho para a Camila como uma irmãzinha mais nova. Brigamos muito, porque temos visões diferentes, mas é para seguir em frente, para evoluirmos”, afirma Enrique Matos, quando questionado acerca da sinergia que os une. A bailarina acrescenta: “Discutimos em termos de conceitos, de futuro, mas isso faz com que cresçamos. Cada um tem a sua linha de pensamento e, por vezes, chocamos.”

Forró: música, dança. Cultura

Muito mais que um estilo musical ou de dança, o Forró é considerado pelos “forrozeiros” como uma cultura. Tal como foi já referido este ritmo nasceu no Nordeste Brasileiro e rapidamente se difundiu pelo resto do país. Resulta do tradicional “dois para lá, dois para cá” e sofreu influências, nos anos 90, de ritmos como a Salsa, o Samba de Gafieira e o Samba Rock.

Para Camila Alves e Enrique Matos a disseminação desta cultura, na qual tanto têm trabalhado, está atualmente “mais forte que nunca”. “Estamos a seguir um caminho muito bom. Portugal está muito forte em relação à Europa e ao resto do mundo, provavelmente devido ao idioma, pois as pessoas percebem as letras das músicas”, diz Camila.

E desenvolve: “Contudo, achamos que não houve ainda um boom, o que não é mau, porque conseguimos ter um cuidado maior com aquilo que o Forró se vai tornar no futuro. Em muitas outras danças não é possível fazê-lo, por se terem tornado demasiado comerciais.”

Enrique afirma que as pessoas estão cada vez mais curiosas em relação ao Forró e a toda a cultura envolvente: “Não ensinamos apenas em sala de aula a dançar. Fazem-nos muitas perguntas e nós ensinamos até mesmo sentados no chão, a falar sobre Forró”.

O mundo de Camila

Natural de Lisboa, 25 anos, Camila Alves teve contacto com a dança desde criança. A sua mãe dava aulas no Andanças e esta bailarina começou a participar no festival desde os 11 anos e a dançar ritmos como Tango, Kizomba, Salsa e Hip Hop. Em 2010, decidiu aprender outro estilo, teve contacto com o Forró e “acabou por ser natural”, apaixonou-se. “Conheci o Forró aqui no Andanças e, por isso, poder, hoje, dar aulas aqui é super gratificante.”

Foto tirada do Facebook de Camila

Em 2013, foi viver para Londres, onde se licenciou em Business Management with Marketing. No entanto, não deixou de percorrer o seu caminho no mundo do Forró e avançar com a sua carreira. “Quando regressei a Lisboa consegui criar um caminho mais duradouro.”

Especializada em Styling feminino, a bailarina dá aulas regularmente por toda e Europa em festivais e workshops. Além disso, Camila luta também pela igualdade de género na dança, promovendo debates e palestras para a consciencialização deste tema.

“O que pretendo é mostrar que as mulheres podem mudar muita coisa. Não têm de ficar na sombra dos homens ao dar aulas”, salienta e acrescenta que, no geral, “o Forró já está mais democrático”

“Ainda há barreiras por quebrar, mas estamos no bom caminho. Deve haver a liberdade de troca de papéis e, se assim o entenderem, as mulheres devem poder conduzir e os homens, seguir.”

Enrique é da mesma opinião e está nesta luta com Camila. “Promovemos estes debates porque achamos importante que se fale de muitos assuntos, como a forma de lidar e de estar no Forró e esta questão do género na dança e do empoderamento da mulher a que, atualmente, assistimos e que é mais do que necessário”, afirma.

E acrescenta: “O grande problema é que as pessoas que realmente precisam de estar e ouvir o que é dito nestes debates não estão presentes para conversar.”

Enrique veio para Portugal e trouxe consigo o Forró

“Sempre pensei em Forró, é orgânico”, esta frase foi dita por Enrique, enquanto falava desta sua grande paixão. O bailarino e músico nasceu na cidade de Conceição do Mato Dentro, no interior de Minas Gerais, e começou, desde muito cedo, a envolver-se com músicos e produtores, passando a ser frequentador de casas de Forró e de aulas deste ritmo. Mais tarde, começou por se destacar por ser pioneiro na organização de bailes e festas de Forró em vinil, na Europa.

Foto tirada do Facebook de Enrique Matos

Atualmente, com 33 anos, Enrique vive em Lisboa. Quando veio para Portugal não deixou de trazer esta cultura consigo. “Não tinha como vir sozinho. Fiz questão de trazer todas as minhas ‘coisinhas’ que me lembravam o Forró e a paixão – CD’s e equipamentos”, recorda com um sorriso no rosto. E continua: “Quando cheguei fui-me logo enturmando, comecei a passar som e, passado um ano, abri a minha primeira aula e o meu primeiro baile.”

E assim foi apostando e dando continuidade ao seu trabalho que, hoje em dia, é tão apreciado e considerado uma referência. Criou o Projeto Forró de Lampião, com o qual levou o Forró a muitos palcos da cidade de Lisboa: Fábrica do Braço de Prata, Voz do Operário, Santiago Alquimista, Teatro do Bairro, B.Leza, Mercado da Ribeiro, Teatro da Comuna, Teatro a Barraca, entre outros.

E, finalmente, em 2015, encontrou instalações, no Ateneu, onde pode concentrar todas estas atividades e criou o Espaço Baião, um centro cultural e escola de dança,  cuja missão é tornar-se uma referência nacional e internacional no que toca a formar novos bailarinos e elevar o nome e a cultura do Forró no mundo.

“Era um espaço onde respirávamos cultura, um local de partilha, totalmente decorado e muito voltado para o Forró”, lembra Enrique. E continua: “Atualmente, estamos sediados nos Anjos 70, antiga Taberna das Almas, em Lisboa, que é também muito atrativo. Um centro de jovens, com um grande giro de público, onde acontece muita coisa alternativa. Muita arte.” No Espaço Baião são dadas aulas regulares de Forró e Samba de Gafieira, com vários níveis, e organizados bailes semanais, atividades mensais e feitas parcerias e eventos anuais.

Segundo Camila, neste Espaço são dadas aulas de segunda a quinta-feira, e qualquer pessoa que esteja interessada em aprender e dançar pode e deve inscrever-se. “O Forró é muito inclusivo, aceitamos pessoas de todas as idades.”

Mas Enrique não ficou por aqui e, para além de bailarino, professor e Dj, este artista é também músico, e, em 2013, fez nascer o grupo Luso Baião, que, hoje em dia, é uma referência na Europa.

Foto tirada do Facebook de Luso Baião

“O Luso nasceu da necessidade de ter um projeto musical a nível profissional que representasse o Forró. Em poucos anos conseguimos que se tornasse bem reconhecido e respeitado. As pessoas conhecem a nossa música, gostam e partilham. É muito gratificante”, diz Enrique com contentamento.

O grupo Luso Baião é constituído por Cícero Mateus, voz e violão; Betinho Mateus, voz, triângulo e percussão; Enrique Matos, Zabumba; Everton Coroné, Acordeon; Pedro Guimarães, Guitarra; Jackson Azarias, Baixo; e Daniel Guedes, Percussão.

No Facebook e site do Espaço Baião está toda a informação necessária sobre os eventos que organizam, como sejam os internacionais Baião in Lisboa Festival, que este ano se realiza de 7 a 9 de dezembro, e o Maria Bonita Ladies Festival, entre outros eventos.

Os festivaleiros do Andanças tiveram, este sábado, oportunidade de fazer, entre outros, um Workshop de Forró, com os professores Camila Alves e Enrique Matos, e de ficar assim conhecer um estilo de dança tão típico deste país, onde – mesmo situado outro lado do Atlântico – se fala Português – o Brasil.

Base um, base dois, base três, frente, trás, lado, rodopia, mas sem nunca perder a contagem – um, dois, três – arrasta pé. Foram alguns dos passos base dados por esta dupla de bailarinos, que fizeram “encher de muita gente” um dos palcos do festival.

No final do workshop, passado entre muito calor, mas debaixo de chuva – boa para refrescar – Camila e Enrique falaram sobre o Espaço Baião, em Lisboa, onde dão aulas, e dos eventos de Forró que organizam, às quartas-feiras, no Titanic Sur Mer, no Cais do Sodré, e aos domingos no Quiosque do Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, na Av. da Liberdade, e brindaram-nos com uma demonstração da sua arte, dançando Forró. O brilho, a cumplicidade e a felicidade que sentem ao dançar, não passou despercebida.

Muitas palmas, cumprimentos. E assim se pode observar o carinho dos seus alunos habituais, que participaram ou assistiram ao workshop, assim como a admiração daqueles que ainda pouco sabem sobre Forró. Provavelmente, ficou a vontade de conhecer mais.

Não percam a grande entrevista a estes dois bailarinos, brevemente, no nosso blog.

Festival Andanças: Danças Europeias numa “roda viva”

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Nem as elevadas temperaturas que se fizeram sentir, na tarde desta quinta-feira, afastaram as dezenas de pessoas que encheram, pelas 17h00, um dos palcos do Festival Andanças, para aprender um pouco mais sobre Danças Europeias, com o professor Matias.

Entre os muitos e abertos sorrisos que se impuseram naquele palco e a vontade de aprender, de dançar, socializar e fazer amigos que todos fizeram transparecer, Matias -com a sua boa disposição e sentido de humor muito próprio – ensinou cinco diferentes estilos de danças tradicionais europeias – Andró, Scottisch, Bourrée de dois tempos, Chappelloise, Circulo Circassiano.

Com diferentes contagens, dependendo da dança em questão, os festivaleiros não arredaram pé, esforçaram-se por apanhar os passos, mas também por desfrutar o momento, dando assim vida ao mote, deste ano, do Festival – “Roda viva”. A par ou em roda, dançaram, divertiram-se e ficaram, com certeza, com vontade de colocar os seus novos passos de dança em prática nos bailes noturnos.

O professor Matias é também presidente do Tradballs, uma organização com a missão divulgar e promover a cultura tradicional, e músico no grupo Fulano Beltrano & Sicrano.

Não perca a grande entrevista a este artista, brevemente, no nosso blog. 

O Festival Andanças começou esta quarta-feira, dia 1, e termina no próximo domingo, dia 5 de agosto.

Com diferentes contagens, dependendo da dança em questão, os festivaleiros não arredaram pé, esforçaram-se por apanhar os passos, mas também por desfrutar o momento, dando assim vida ao mote, deste ano, do Festival – “Roda viva”. A par ou em roda, dançaram, divertiram-se e ficaram, com certeza, com vontade de colocar os seus novos passos de dança em prática nos bailes noturnos.

O professor Matias é também presidente do Tradballs, uma organização com a missão divulgar e promover a cultura tradicional, e músico no grupo Fulano Beltrano & Sicrano.

Não perca a grande entrevista a este artista, brevemente, no nosso blog. 

O Festival Andanças começou esta quarta-feira, dia 1, e termina no próximo domingo, dia 5 de agosto.

Andanças: muito mais que um festival de dança

Tal como a escrita, para mim a dança é das melhores formas de expressão. Dançar é deixar fluir o movimento do corpo e a sua energia sem ter de pensar em nada, mas, ainda assim, transmitindo tudo o que me vai na alma. Dançar é ser feliz. É fazer poesia com o corpo!

Um dos pontos altos do meu mês de agosto é o Festival Andanças, que, este ano, se realiza de 1 a 5, em Castelo de Vide, com o tema “Roda Viva”. Não perco!

Para quem não sabe, o Andanças define-se como um festival em movimento e em constante evolução. Onde se dança, se ouve e toca música, se aprende. Onde se partilham tradições e saberes numa atmosfera de comunidade.

Completamente distinto de qualquer outro festival, o Andanças é, acima de tudo, “conexão”, não apenas entre os corpos que se “misturam” no “silencio da música que toca”, mas sobretudo com a terra, com a natureza. O Andanças é arte, alegria, partilha. É variedade, é aprendizagem, é amizade. É amor pela arte nas suas mais diversas vertentes, pela diversidade, pelo planeta. O Andanças é feito de momentos mágicos que a minha memória não esquece e guarda para toda a vida!

O festival recebe músicos e bailarinos do mundo inteiro. De dia, há oficinas de dança, massagens, artesanato, entre outros. À noite, bailes e concertos onde se experimentam passos, ritmos e melodias, a par ou em roda.

Curiosamente, além de reunir pessoas e culturas de todos os cantos do mundo, o que é maravilhoso, no Andanças vêem-se também pessoas de todas as idades, desde bebés aos mais idosos.

Se não conhecem, deviam ir. Eu aproveito, todos os anos, para repôr energia e colocar as ideias no sítio, mesmo sem pensar em nada. Entrar em outra dimensão, sentir-me livre e esquecer o mundo.

“Em Roda Viva o movimento é continuo. Damos as mãos e fechamos a roda, unimo-nos, giramos sobre o nosso corpo e sobre o nosso par, dançamos sem parar. Construímos e evoluímos, aprendemos. Mudamos de lugar e continuamos o trajeto, viajamos, partimos, chegamos. E começa uma nova dança.”

Informações no site e no facebook oficiais do Andanças

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