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Hasta luego, Cusco

“A saudade é a voz que grita ‘fica’ na hora da partida”

Partir não é fácil, sobretudo quando deixamos pessoas, projetos e formas de estar e de viver que tanto gostámos de experiênciar, mesmo que por pouco tempo.

Paisagens de sonho, cheiros, sons, sabores, texturas… Abraços apertados que ficam para sempre na memória. Sentimentos.

Hasta luego Cusco. Un dia voy a volver, te lo juro.

Agora é tempo de desfrutar de Lima e dos seus arredores…

Hoi An, a “cidade das lanternas”

Em Hoi An, no Vietname, existe uma crença local que diz que se colocarmos uma vela nas águas do rio Thu Bon e pedirmos um desejo, este irá realizar-se.

Segundo a mesma lenda, as oferendas colocadas nas águas do Thu Bon flutuam até aos seus antepassados, que as recebem e, em troca, realizam os desejos de quem as lançou.

Eu estive lá, na maravilhosa “cidade das lanternas”, e durante um passeio de barco, à noite, pedi um desejo e pus uma velinha no rio. Tive a sorte de contar com a ajuda de um menino, com os seus 7 anos, que me acompanhou e ajudou durante todo o passeio. Afinal, os turistas não sabem bem como fazer as coisas!

Estávamos em maio, celebrava-se o nascimento de Buda, a cidade estava em festa e toda iluminada! Linda, cheia de cor e de muito simbolismo. A paz e a serenidade estiveram sempre connosco. E eu, de coração cheio!

Hoi An está localizada no centro do Vietname, na província de Quang Nam, perto da foz do rio Thu Bon. É um dos destinos mais bonitos e populares no Sudeste Asiático, em grande parte devido à sua preservada “Cidade Velha”, classificada como património mundial pela UNESCO.

Será “pobreza” obrigatoriamente sinónimo de “miséria”?…

Batman e as amigas

… Não sei, mas defendo que não! Não é de todo a pobreza que faz das pessoas miseráveis. Até porque, a meu ver, trata-se de um adjetivo muito forte para atribuir a alguém apenas porque não tem dinheiro, tem uma casa mais pequena e com poucas condições… ou simplesmente uma forma “diferente” de estar na vida.

A semana passada fui até ao norte do país fazer uma reportagem. Um dos entrevistados era um muito simpático e castiço médico, com quem já trabalho há anos e, quando possível, costumo conversar.

Entre entrevistas e fotografias às instalações, aos seus colegas e aos doentes, o médico sugeriu que fizéssemos uma pausa e fossemos até ao bar. “Sabe, Sra. Dra. – é assim que me trata apesar de eu já lhe ter dito milhares de vezes para me chamar Sílvia – este ano vou de férias para o Perú”, contou, enquanto eu punha água no café e ele dava a primeira dentada num dos dois húngaros que pediu para o seu lanche matinal.

“Perú! Espetacular”, respondi. Falámos um pouco sobre a viagem que vai fazer e o que o levara até lá, até que resolvi falar das minhas últimas e ainda muito recentes férias. Disse-lhe que estive no Sudeste Asiático, que passei por Hong Kong, Macau, algumas cidades do Vietname, Luang Prabang em Laos e Bangkok na Tailândia.

“Conheço todos esses países, menos o Vietname! Do que é que gostou mais?”, perguntou-me. “Luang Prabang, em Laos!!!”, respondi com entusiasmo e sem pensar duas vezes. “Isso é uma miséria”, respondeu!

Fiquei boquiaberta! Quase me senti ofendida, como se fosse um deles e defendi-os, claro está, como se de familiares meus se tratassem! Senti-me tão bem em Luang Prabang!

Foi nesta altura que eu e os Sr. Dr. começámos a discordar. E foi assim que comecei a pensar no que realmente é importante e naquilo que precisamos para ser felizes. Para ele Laos é um país de pessoas pobres, “miseráveis”, com falta de coisas básicas, onde as crianças não tem com que brincar e andam todas sujas pela rua! É a sua visão e eu respeitei, mas tive de mostrar a minha.

Em Luang Prabang e na Hmong Village a felicidade está a vista de qualquer um. Ela anda por ali de mão dada com aquelas pessoas! Para mim, trata-se de um local de paz, amor, calor, budismo, natureza, alegria e eu fiquei fascinada!

As pessoas de Luang Prabang e da Hmong Village são simpatia, acolhimento, altruísmo. Recebem tão bem e são tão disponíveis. A cidade é muito calma e está cheia de crianças que nos cumprimentam constantemente com um simpático “Sabaidee” (olá em lausiano).

As pessoas da Hmong Village – uma espécie de tribo, se é que lhe posso chamar assim – são livres, vivem felizes e isso é visível aos olhos de quem por lá passa. A paz reina neste local e as crianças são genuinamente felizes. É um privilégio poder estar entre elas e fazer parte das suas brincadeiras.

Talvez não tenham com que brincar, como disse o meu entrevistado, e nem todas as condições de que necessitam nos pequenos bungalows em que vivem. Mas têm saúde, têm o amor da família, têm amigos com quem brincam na rua, têm comida, têm escola… O resto?!  Não sabem que existe. Têm tudo o que precisam!

Não entendo como podemos chamar miserável a alguém que tem “tudo e é tão feliz”! Talvez seja apenas uma questão de prioridades…

“Viajar é mudar a roupa da alma”

“Viajar é mudar a roupa da alma”, já o dizia Mário Quintana e eu não podia concordar mais com ele. Recentemente, estive no Sudeste Asiático, onde durante uma aventureira, divertida e muito corrida viagem, de quase três semanas, vivi experiências maravilhosas.

Momentos únicos que me permitiram conhecer novas culturas, paisagens, cheiros e, sobretudo, diferentes formas de viver e de estar na vida… Assim voltei a ver o mundo pelos olhos de uma criança. Mas cresci!

Enquanto apreciava uma das belas vistas de Hong Kong, a nossa primeira paragem, adormeci num canteiro artificial, entre a beleza e a enorme agitação da cidade. O Jet Lag é lixado e, vá, para quem gosta de dormir, qualquer desculpa serve.

Em Macau, senti-me em casa. Gostei de passear sobre a nossa tão bonita calçada portuguesa e de ver que a Língua e a cultura portuguesas ainda se mantêm do outro lado do mundo. Os já poucos portugueses/macaenses gostam de nos ver, de conversar, de nos orientar e dar dicas. Dos “supostos” pasteis de nata, já não posso falar tão bem!

O Vietname é brutal! Em Hoi An, durante um passeio de barco à noite pedi um desejo e pus uma velinha no rio, com a ajuda de um menino que a ia reacendendo, cada vez que se apagava e que eu fazia um “ohhh”! Andei de mota a três, comi coisas deliciosas e fiz quase tudo aquilo que os Srs Drs. da consulta do viajante disseram que não se podia fazer! Que se lixe, importante é viver!

Em Hanói, a capital, rezei cada vez que precisei atravessar a rua. Só quem passou pelo mesmo vai compreender. E fiquei muito surpreendida, pelo modo de vida daquelas pessoas, pela falta de condições, de espaço, de higiene… Em suma, pela luta pela sobrevivência.

Porém, terminámos a última noite desta nossa estadia a dançar na rua, que obviamente adorámos, e, já de dia, horas antes de partirmos, enfrentámos uma fila de pessoas que queriam tirar fotografias connosco! Foi só insólito e muito engraçado! Depois  disso, bebi um delicioso sumo natural que veio acompanhado de  uma nota: “Hanói loves you”! Com tudo isto, senti-me uma estrela e obviamente que também gosto de Hanói. Ah, os templos, pagodes e afins são lindos, claro está!

Em Cat Ba e Ha Long Bay vi paisagens fantásticas, fiz Kaiake, subi ao pico de montanhas e, ainda, mandei um “espetacular” mergulho de cima do barco, que me lixou os ouvidos!

Passámos a noite num bungalow na Ilha dos Macacos, onde não conseguimos ver nem um. Vá-se lá entender! Mas tivemos o privilégio de “dormir” com um ser que, mais tarde, viemos a saber ser um reptil. Mesmo sem nunca o termos visto – tal como aos macacos -, conseguimos ouvi-lo e perceber que estava bem perto de nós. Fazia um som estranho, como quem se riu alto durante toda a noite!!! Tivemos ainda a companhia de uma espécie de tarântula!

Luang Prabang, em Laos, foi o ponto alto, e o local onde estivemos mais tempo. A paz reina ali e eu pude senti-la. Em Laos ficámos a saber mais sobre Budismo, assistimos à cerimónia das almas, às 5h30 da manhã – isso mesmo não me enganei -, onde a população se junta para dar comida aos monges, que por sua vez a dividem com aqueles que mais precisam.

Logo de seguida, fizemos um lindo passeio de barco, em que dormi durante toda a viagem. As paisagens eram maravilhosas, não tenho dúvida!

Tivemos numa experiência fantástica, onde interagimos e nadámos com os elefantes, que para mim foi fenomenal e me deixou de coração cheio. Sentimentos que voltaram a sobressair durante a visita à Hmong Village, em que pudemos brincar com as crianças e sentir a sua alegria tão genuína. Além disso, ainda tivemos o privilégio de ficar a saber toda a vida do nosso tão simpático guia, que nos disse coisas como “I’m a playboy” ou “I have a dream…” .

Nadámos nas limpas e azuis águas da Kuang Si Waterfall, uma paisagem de sonho. E como não há impossíveis, ficámos amigas de um monge com quem passeámos e conversámos horas a fio durante a noite… Nunca imaginei que pudesse acontecer! Quem sabe um dia volte!…

A experiência terminou em Bangkok, na Tailândia, onde fomos apanhar o avião para a Europa, mas aproveitámos para passar uma noite e um dia. Desta não posso falar muito… apenas dizer que começou com uma atribulada viagem de comboio até ao hotel, em que uma senhora, que apenas falava tailandês, passou todo o tempo a levantar e a baixar a minha pesada mochila e a insistir para eu digitar o meu número no seu telemóvel. Como não teve sucesso deu-me um papel com os seus contactos!

Fiquei surpreendida com a noite desta cidade. Prostituição, muitos shows de sexo, pessoas que se ameaçam e que se enganam. A contrastar, os templos são lindíssimos, sem dúvida dos mais bonitos que já vi!

Curiosamente, esta experiência fantástica acabou no meu dia de aniversário que, pela primeira vez, durou 30 horas! Iniciei o dia em Bangkok e terminei-o em Lisboa, cuja diferença horária são de seis horas!

Não menos importante para o sucesso desta aventura, muito pelo contrário, foi a minha companheira de viagem que, apesar de não ser muito dada à bicharada, esteve sempre apostos para o que desse e visse. Uma verdadeira companheira de viagem/aventura!

Nota: Este texto foi feito com base em outro que escrevi assim que regressei. Qualquer semelhança não é pura coincidência!

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