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Enfarte do miocárdio vitimiza quase duas mil mulheres por ano

Assinala-se hoje o Dia Internacional da Mulher

Artigo de Opinião de Elisabete Jorge, Cardiologista de Intervenção e membro da Comissão Científica da Campanha Cada Segundo Conta

As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte em Portugal. Em 2017, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, morreram 1917 mulheres com enfarte agudo do miocárdio.  A obstrução das artérias do coração por placas de gordura (a doença coronária) pode manifestar-se de várias formas, desde dor no peito em esforço, até ao perigoso enfarte agudo do miocárdio e à dramática morte súbita. Os fatores de risco são bem conhecidos e potenciam-se entre si, fazendo com que pequenas elevações em vários parâmetros condicionem em conjunto um maior risco.

O controlo eficaz dos seguintes fatores de risco e a implementação de um estilo de vida saudável podem reduzir em 80% a incidência de enfarte agudo do miocárdio, nas mulheres:

  1. O tabagismo é o fator mais importante para o desenvolvimento de doença coronária e causa 50% das mortes evitáveis. Nos fumadores o risco é 60-70% superior aos dos não fumadores. O tabaco deve ser evitado em absoluto, pois não há nenhum nível de exposição que seja considerado seguro. Deixar de fumar é a medida mais eficaz para reduzir o risco de doença coronária.
  2. Na diabetes existe excesso de açúcar no sangue. Isto acontece quando o pâncreas não produz insulina suficiente e/ou quando esta não atua eficazmente, esta última forma associada ao excesso de peso e ao sedentarismo. Esta doença necessita de ser bem controlada de forma a evitar complicações, nomeadamente cardíacas, pois estas são a principal causa de morte nos diabéticos.
  3. Portugal tem uma realidade dramática em relação à hipertensão arterial (HTA). Em geral, a pressão arterial deverá ser <140/90 mmHg. É fundamental um cumprimento rigoroso da medicação e uma redução do sal na alimentação.
  4. A dislipidémia corresponde a um aumento do colesterol, dos triglicerídeos ou de ambos. A redução das gorduras na alimentação e o cumprimento rigoroso da medicação (“estatinas”) são fundamentais para o seu controlo.
  5. A obesidade ocorre quando o número de calorias ingerido é superior ao que é gasto, sendo armazenadas em gordura. Esta associa-se à diabetes, dislipidémia e HTA que, no seu conjunto, aumentam o risco de enfarte agudo do miocárdio. Uma dieta pobre em gorduras saturadas e baseada no consumo de vegetais, fruta e peixe – a dieta mediterrânica – é fundamental na prevenção cardiovascular.
  6. O risco de desenvolver doença cardiovascular aumenta 50% nas pessoas que não praticam atividade física. Recomenda–se a prática de 30 minutos/5x por semana de exercício aeróbico de intensidade moderada ou 15 minutos/5x por semana de exercício de elevada intensidade. O exercício diminui a pressão arterial, os níveis de colesterol, melhora os níveis de açúcar, reduz o peso e melhora o bem-estar psicológico.

Para aumentar a consciencialização para o enfarte agudo do miocárdio, a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) está a promover a campanha Cada Segundo Conta, uma iniciativa que tem como objetivos promover o conhecimento e compreensão sobre o enfarte agudo do miocárdio e os seus sintomas; e alertar para a importância do diagnóstico atempado e tratamento precoce. Para mais informações sobre esta campanha consulte www.cadasegundoconta.pt

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), uma entidade sem fins lucrativos, tem por finalidade o estudo, investigação e promoção de atividades científicas no âmbito dos aspetos médicos, cirúrgicos, tecnológicos e organizacionais da Intervenção Cardiovascular. Para mais informações consulte: www.apic.pt

Nestas férias, cuide do seu coração

O mês de agosto é sinónimo, para a maioria dos portugueses, de férias e calor. No entanto, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para o facto de que a exposição prolongada ao sol ou a temperaturas exageradamente elevadas pode ter consequências graves para o sistema cardiovascular. Na verdade, a taxa de mortalidade por golpe de calor em pessoas saudáveis encontra-se entre os 10% e os 50 % e estes números podem ser maiores em quem sofre de alguma doença cardiovascular e/ou apresenta fatores de risco.

Em Portugal, as ondas de calor que se têm verificado nos últimos anos têm sido responsáveis pelo agravamento de inúmeros casos de doença cardíaca e até por um aumento na mortalidade. Isto sucede porque o organismo reage ao aumento da temperatura, podendo originar um golpe de calor, que não é mais que uma resposta inflamatória sistémica à exposição a temperaturas muito elevadas ou a exercício físico intenso em ambientes quentes e húmidos.

Quais são os sintomas de um golpe de calor? O que fazer?
Os sintomas podem ser vários, mas esteja atento a sudação excessiva acompanhada de febre, dores de cabeça fortes, fraqueza, tonturas, e vómitos. Nestes casos deve-se colocar a vítima num local fresco e aplicar panos molhados no corpo para fazer descer  temperatura enquanto não chega ajuda médica.

O que fazer para evitar um golpe de calor?
A Sociedade Portuguesa de Cardiologia aconselha, em primeiro lugar, que as pessoas se mantenham hidratadas, sendo que a sede é já um sinal de desidratação e nunca se deve chegar ao ponto de ter esta sensação. Em segundo lugar, evitar estar no exterior nas horas de maior calor. Por último, evitar fazer exercício físico no exterior ou em locais sem sistema de arrefecimento.

Os idosos e as crianças constituem as faixas etárias mais sensíveis ao calor, pelo que, no caso de exposição a temperaturas excessivamente elevadas, os cuidados devem ser redobrados. Quem é obeso ou sofre de doença crónica, como a Insuficiência Cardíaca, tem um risco acrescido e são necessárias medidas apropriadas para prevenir um evento cardiovascular durante os meses mais quentes.

Os doentes que fazem terapêutica para controlar a hipertensão estão mais suscetíveis de vir a sofrer de desidratação e, consequentemente, queda abrupta da pressão arterial, taquicardia e pulso fraco. A este cenário junta-se, por sua vez, o risco acrescido de Insuficiência Renal. Por outro lado, esta medicação tem uma acção vasodilatadora, que vai ser potenciada pelo calor. Assim, a terapêutica/dosagem poderá ter de ser revista pelo médico, caso surjam alterações na pressão arterial.

De acordo com o Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologista, Prof. João Morais, “é importante que as pessoas se apercebam dos riscos e das consequências, para que nesta altura de maior calor não se verifique um aumento dos eventos cardiovasculares.”

Comunicado da Sociedade Portuguesa de Cardiologia “o calor e as doenças cardiovasculares”, agosto de 2018.

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