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Catchupa d’Terra: a cultura de Cabo Verde em Portugal

A 10.ª edição do Catchupa d’Terra realiza-se já no próximo dia 17 de novembro, no Barrio Latino, em Lisboa.

Catchupa d’Terra é um evento desenhado e pensado por pessoas completamente apaixonadas pela cultura cabo-verdiana, para quem partilha deste mesmo gosto ou quer conhecer melhor as coisas boas que são criadas nas 10 ilhas vulcânicas da região central do Oceano Atlântico, a uns quantos quilómetros da costa da África Ocidental.

O ambiente é familiar, doce e acolhedor. Durante o jantar – de cachupa, tal como o nome faz entender -, ouvem-se agradáveis músicas tradicionais deste arquipélago. As pessoas convivem, fazem amigos e ainda têm oportunidade de ouvir um contador de histórias, algo tão usual em Cabo Verde de outrora e que agora volta a estar na moda.

Os organizadores e toda a sua equipa são disponíveis e focados em dar atenção aos clientes, para que todos se sintam acolhidos e confortáveis. Depois de tudo isto, começa o baile… e com direito a animação!

Em suma, Catchupa d’Terra é definida pelos seus organizadores, Waty Barbosa e Miguel Magalhães, como um evento que visa promover a cultura cabo-verdiana, nas vertentes da gastronomia, música e dança. Waty Barbosa está responsável pela cachupa rica e pelas sobremesas tão típicas da terra onde nasceu. A animação durante o baile está também a seu cargo.

Miguel Magalhães é responsável por toda a logística do evento e, sendo também o seu DJ residente, por toda a música que é passada durante o jantar (sobretudo, Morna e Coladeira), a festa (com clássicos de Coladeira, Kizomba, nos seus diferentes estilos, como seja Cabo Love, Cabo Retro e Cabo Zouk, e Funaná tradicional) e as animações de grupo (Funaná, Kola San Jon e Afrohouse, um ritmo de Angola).

O próximo Catchupa d’Terra vai realizar-se já no dia 17 de novembro, no Barrio Latino, em Lisboa, somando a assim a sua 10.ª edição. O preço dos bilhetes, que podem ser adquiridos aqui, é de 20 euros.

Um projeto com história e em crescimento

Um é cabo-verdiano, o outro português, ambos têm 41 anos e foi o gosto em comum pela kizomba e pela cachupa que os tornou amigos e mais tarde sócios – com a criação do Catchupa d’Terra, que assim que possível, será ainda mais do que um jantar seguido de festa.

Ambos consideram que juntos fazem a parceria ideal para a realização deste evento. “Cada um tem o seu conjunto de saberes, que não coincidem e, por isso, não há motivos de discussão. Completamo-nos!”, afirma Miguel Magalhães.

Sempre pensaram no Catchupa d’Terra como um evento cultural, onde iriam dar a conhecer a gastronomia, a música e a dança de Cabo Verde, no formato de jantar, seguido de festa. Contudo, o gosto e a vontade de partilha de tudo aquilo que é criado em Cabo Verde são tão grandes que, com a construção do site, feito com o objetivo de gerir a venda de bilhetes para o evento, surgiu também a ideia de usar a marca Catchupa d’Terra para desenvolver um espaço na Internet com informação acerca desta cultura.

“Um dos projetos que tenho, e que pelo que sei ainda não existe, é a criação de um dicionário de Crioulo cabo-verdiano/Português, Português/Crioulo cabo-verdiano. Além disso, existe a vontade de dar a conhecer outro tipo de personalidades, como pintores, artistas plásticos, escritores…”, enumera Miguel Magalhães. E avança: “Esta parte ainda não está posta em prática, mas está em projeto para completarmos aquilo que é a marca Catchupa d’Terra.”

Tudo começou, em 2013, numa aula de kizomba. Miguel era aluno de outro professor, que, na altura, precisou de se ausentar por uns dias. Waty Barbosa foi substituir o colega.

“Gostei logo da abordagem do Prof. Waty Barbosa, criei empatia, fui procurá-lo na academia em que dava aulas e passei a ser seu aluno”, recorda Miguel.

Na época, Waty explorava um bar em Santos, onde, todas as sextas-feiras, fazia cachupa. Miguel passou a frequentar e a dar a conhecer o espaço e, especialmente, o prato a vários amigos. “A Catchupa d’Terra vem muito do talento do Waty também como cozinheiro. Se a cachupa dele é diferente de todas as outras, para melhor, porque não aproveitar isso para dar a conhecer a gastronomia de Cabo Verde?!.”

Nestes “convívios de cachupa”, às sextas-feiras, fizeram-se muitos amigos. Waty e Miguel criaram uma grande amizade, tornando-se, mais tarde, sócios. “Por vezes, o Miguel dizia-me que tínhamos de fazer uma festa de cachupa e foi daí que surgiu a ideia”, lembra Waty.

Um dia, o professor de kizomba pediu ajuda a Miguel para organizar um evento solidário para a sua parceira de dança, que estava a passar por um problema grave de saúde. “O nosso primeiro evento não tinha nome, chamamos-lhe apenas jantar solidário. Correu bem, as pessoas gostaram, ficámos com uma ideia do trabalho que dá e com alguma experiência e resolvemos criar o Catchupa d’Terra”, conta Waty.

Waty Barbosa em Portugal há 20 anos

Professor de danças tradicionais de Cabo Verde, Waty Barbosa nasceu na Ilha de São Vicente. A sua mãe é da Ilha de São Nicolau e o pai da Ilha do Fogo. Aos 21 anos de idade, Waty Barbosa veio a Portugal, gostou e cá ficou. Faz 20 anos!

“A maioria dos cabo-verdianos crescem com a ideia de sair de Cabo Verde, de emigrar para ter uma vida melhor e ajudar a família que fica. Eu fui, mais ou menos, apanhado nessa onda”, diz Waty Barbosa. Mas acrescenta que, na realidade, o que o trouxe a Portugal foi a dança.

“Eu tinha um grupo multicultural de teatro e dança, que foi convidado para fazer animação no pavilhão de Cabo Verde, na Expo 98, e ainda num outro evento, com a duração de um mês, com o Grupo Preto no Branco, de Montemor-o-Velho, que já tinha estado em Cabo Verde”, recorda. E afirma: “Estive nessas ‘duas frentes’ e como tinha tios a viver em Peniche, resolvi ficar. Três meses depois mudei-me para Lisboa.”

Afirma ter gostado de Portugal. Caso contrário não teria ficado até hoje. Contudo, sentiu a diferença cultural. “É uma mudança que se sente, mas com 21 anos não se pensa muito nessas coisas. Estava a viver outra realidade e a gostar da experiência, por isso não foi muito difícil”, conta, confessando que, obviamente, tinha saudades da mãe e da sua comida, da família e dos amigos. “É por isso que usamos tanto a palavra ‘sodad’! Tive de me adaptar, demorou, mas habituei-me a viver a realidade de Lisboa.”

Atualmente, está mais dedicado ao seu trabalho na área da construção, razão pela qual dá cada vez menos aulas de dança. Contudo, e porque é algo que não quer deixar totalmente, vai dando umas aulas pontuais e participando em festivais. “Não quero parar, gosto de dar o meu contributo, de ajudar a ensinar às pessoas aquilo que considero que se deve saber para dançar socialmente”, indica.

Miguel Magalhães: um apaixonado por Cabo Verde

Miguel Magalhães nasceu e sempre viveu em Portugal. Não sabe de onde vem este seu gosto pela cultura Africana, sobretudo pela de Cabo Verde, mas acredita que o facto de a sua mãe ter nascido em Moçambique e de muita da sua família ter vivido em África possa ter influência.

“Talvez ter crescido a ouvir muitas histórias da minha família que emigrou para vários países de África, de ouvir música africana e de ver fotografias tenham criado em mim a simpatia que tenho pelo continente”, observa.

Enquanto DJ e apreciador de música, Miguel Magalhães recorda que começou a ouvir as primeiras kizombas cabo-verdianas, por volta do ano de 1998. Porém, naquela altura, não sabia a sua proveniência. “Agora, que sou conhecedor dos estilos e subgéneros, apercebo-me que as kizombas que gostava eram as de Cabo Verde”, diz. E desenvolve: “Normalmente são músicas mais românticas e, além disso, sou um apaixonado pelo crioulo. Acho que é um dialeto muito doce.”

Além de DJ, Miguel Magalhães trabalha em eventos, na área dos audiovisuais. E tem vindo a formar-se na área do Marketing Digital e da produção e organização de eventos.

Catchupa d’Terra e Histórias de encantar… ou não vão sortear um bilhete para a 10.ª edição do evento. Fica atento ao passatempo no facebook e concorre!

Vai uma “massagem com alma” e energia positiva?!

O ritual é praticamente sempre o mesmo. Ambiente escuro, iluminado por luz de velas, música relaxante… Perfeito para descontrair! Sou recebida pela simpática, doce e sorridente Patrícia Caldeira, massagista, que me dá dois beijinhos e me pergunta como estou. Tiro a roupa, deito-me na marquesa e lá começa a tortura… Uma tortura boa, que me deixa bem mais leve, descontraída, feliz e sem dores nas costas! A massagem nem sempre é boa, dói. Mas a verdade é que resulta! “Ai, este pescoço está péssimo!”, diz quase sempre, mas acrescenta também que, ainda assim, estou muito melhor. E eu sei que estou, sinto!

Esta última sessão, teria sido “igual a todas as outras” se no final não tivesse ficado a conversar com a massagista da Gémeos Academia, em Lisboa, que me explicou todos benefícios da massagem de recuperação, tanto a nível físico, como emocional e energético. Isso mesmo, emocional e energético!

Considera que a massagem é a sua vocação e, cá só entre nós, eu acredito! Massagista, mas também psicóloga, Patrícia Caldeira tem 35 anos, está nesta área há 14 e, tal como explica, durante cada sessão trabalha para libertar as contraturas, distensões, luxações e “nós” musculares dos seus clientes, mas não só. Faz muito mais que isso! Ajuda a pessoa a libertar as suas emoções negativas, permitindo a fluidez energética.

“Tudo o que sentimos tem consequências físicas. As emoções negativas são as que mais reprimimos e quando não trabalhadas acabam por gerar problemas como stress, ansiedade, depressão, esgotamento, ataques de pânico, cansaço, insónias, pesadelos, enxaquecas, medos, raiva, obesidade, mente confusa, fazendo com que percamos toda a nossa energia e conexão com o nosso interior”, explica Patrícia Caldeira.

Acrescentando que tudo isto vai originar também dores musculares e nas articulações, nós, contraturas, massas físicas, sobretudo na zona do pescoço e omoplatas. “São resultados de emoções mal resolvidas, que se refletem no nosso corpo.” Estes sintomas são agravados, no dia-a-dia, pela nossa postura e esforço no trabalho e em casa.

“Todas as sensações que se geram com o coração vão bloquear o mesmo chakra –  núcleo de absorção de energia – nas costas, diminuindo assim a fonte de energia da pessoa e criando os tais nós na dorsal, até ao pescoço”, explica.

Durante uma sessão é possível libertar as emoções negativas e absorver as positivas, que nos são transmitidas pelo profissional, daí “a importância do toque do massagista”.

“Imagina o que seria teres uma pessoa fria, nervosa e irritada a fazer-te uma massagem! Quando há toque, há troca de energia e um bom profissional tem de passar bons sentimentos e ajudar a libertar a emoção negativa”, exclama Patrícia.

Massagem atua a nível emocional e físico

A massagem de recuperação da Patrícia atua ao nível do corpo emocional e físico, libertando tensões musculares, que comprometem o bem-estar e a saúde.

Com as “suas mãos de fada”, pelas quais é tão conhecida, a Patrícia desfaz os “nós” físicos que estão a fazer pressão sobre determinado chakra, tendo a pessoa uma sensação imediata de leveza.

“Quando desfaço um nó liberto a emoção que o provocou, que pode ser de raiva, de tristeza…”, afirma, acrescentando que todo este processo é inconsciente para o cliente. “Esta é uma forma de trabalhar a parte emocional e a física. Porém, as pessoas não têm noção deste lado psicoterapêutico da massagem”, indica. E acrescenta: “Normalmente, pensam que, ao fazer a massagem e ao tirarem os nós, ficam bons. Não é bem assim, porque voltam a ter a mesma semana, as mesmas emoções e sentimento.”

Patrícia Caldeira trabalha também a respiração durante a sessão, que contribui para a, já tão referida, libertação de emoções e tensões acumuladas, denominadas de stress emocional.

A massagem regular ajuda não só a limpar as emoções negativas presentes, como a prevenir que novas emoções se instalem fisicamente.

Em suma, a massagem de recuperação – ou a “massagem com alma” da Patrícia – ajuda na recuperação muscular, melhora a mobilidade e a elasticidade, ajuda na remoção do ácido lático, em caso de se tratar de uma pessoa que treine diariamente, e liberta as emoções negativas.

“Além de tudo isto há, ainda, as emoções positivas que a massagem gera, como a alegria, a leveza, o conforto”, acrescenta.

E conclui: “Nós, massagistas, aprendemos a trabalhar a nossa própria energia e a libertar muita da emoção negativa que soltamos.”

Massagista por paixão e vocação

“Ser massagista é ter o dom de curar com as mãos e isso para mim é uma bênção”, afirma a doce massagista ao falar da sua profissão. Patrícia tirou um curso de técnica auxiliar de Fisioterapia, em 2004, e concorreu a um concurso público para massagista no Estádio Universitário de Lisboa, onde trabalhou durante 10 anos. “Penso que desenvolvi uma massagem mais forte porque comecei logo a trabalhar com homens, atletas, com muitas contraturas.”

Mais tarde, decidiu tirar outro curso: “Com o meu trabalho como massagista fui percebendo que as pessoas têm muita necessidade de falar e que vão desabafar com alguém que não seja conhecido, porque podem falar de tudo. Achei que gostavam de conversar comigo, que podia aprender mais e que fazia todo o sentido tirar um curso de Psicologia.” Tirou a licenciatura e o mestrado.

Considera que este segundo curso foi uma mais-valia para si, também, enquanto massagista. “Não tinha tanta noção do lado físico-emocional do tratamento da massagem.”

E termina: “Gosto de ser psicóloga, de trabalhar com grupos, mas ser massagista dá-me aquela gratificação maravilhosa de ver que determinada pessoa que um dia entrou no gabinete com uma dor enorme, muito triste, abatida e cheia de emoções negativas, passado dois ou três meses é outra. Muito mais feliz!”

Patrícia Caldeira trabalha como massagista na Gémeos Academia, em Lisboa, às quartas-feiras e sábados. Para marcar ou para mais informações basta contactar este espaço ou enviar um email para patricia_caldeira@sapo.pt e seguir a sua página de Instagram.

Kaizen Dance: a engenharia (interna) das emoções

Foi com muita simpatia, um sorriso grande e brilhante e uma serenidade contagiante que fui recebida pelo bailarino Kwenda Lima, no Art Kaizen, em Lisboa, o espaço que criou, há cerca de um ano, e que define como “um templo de arte para o equilíbrio interno, através de engenharia interna Kaizen”.

Depois de me dar a conhecer este seu tão acolhedor espaço – com zonas próprias para meditar, socializar, dançar e todo ele decorado com símbolos das várias religiões e culturas, de forma a levar as pessoas a conhecer-se e a respeitar-se nas suas diferenças, crenças e filosofias -, Kwenda Lima falou-me do Kaizen Dance, que criou em 2003, do Art Kaizen, de si e da sua forma de estar na vida.

Kwenda nasceu há 40 anos, em Cabo Verde, e, desde que se recorda, sempre foi muito ligado à dança, à arte e à terra. Mais tarde, veio para Lisboa, onde se formou em Engenharia Aeroespacial, no Instituto Superior Técnico, tendo ido depois para Londres, onde fez o seu doutoramento. Apesar de ter sido esta a área que escolheu para trabalhar, o gosto pela arte, pela dança, pela meditação e pelo (seu e dos outros) bem-estar interior falaram mais alto, acabando Kwenda por dedicar-se à, como lhe chama, “engenharia interior”, criando e desenvolvendo o Kaizen Dance.

“O Kaizen é uma filosofia, uma maneira de estar na vida. Por vezes, chamo-lhe de tecnologia, por ser algo de que gosto muito e que desenvolvemos para nosso comodismo, para que funcione”, afirma. E acrescenta: “O Kaizen Dance vai precisamente no sentido de criar esse comodismo, mas de forma a irmos buscá-lo internamente, não apenas no exterior. É uma forma de viver a vida, cultivando-nos com responsabilidade.”

Kaizen é uma palavra japonesa, muito utilizada pelas empresas, que significa “algo que está em constante evolução”. A Dança Kaizen, uma espécie de meditação ativa, com inspiração em vários estilos de dança, de ritmos, de culturas e de religiões.

Aceitar a vida de forma simples

Estávamos sentados no chão, numa bege e felpuda carpete, num espaço acolhedor e com muitos livros, uma cadeira suspensa de teto e pequenos e confortáveis sofás, enquanto Kwenda me falava do Kaizen Dance. Ouvindo atentamente tudo o que me disse, tive de lhe perguntar como surgiu a ideia de criar este estilo de dança/meditação e em que é que se inspirou.

“Não foi algo pensado! Surgiu de uma sequência de informações e situações. Foi tudo muito natural, depois de lhe ter dado um nome, de o criar, cheguei à conclusão que já estava a fazê-lo antes!”

Contudo, e segundo conta, o que o levou a desenvolver o Kaizen Dance foi o facto de perceber que muitas das pessoas que iam dançar, procuravam algo que não era bem a dança. “Há qualquer coisa por trás dessa busca, o movimento acaba por esconder e disfarçar um pouco isso. Porém, entendi que as pessoas procuravam algo que lhes faltava internamente. Mais profundo, delicado e inconsciente. Foi isso que me levou a desenvolver este trabalho através da dança e por gostar de dançar”, afirma.

E desenvolve: “Com o Kaizen procuro levar as pessoas a descobrir e a valorizar as suas próprias ferramentas, a terem essa consciência e a fazer com que aceitem a vida de uma forma simples.”

Os objetivos de Kwenda Lima, em cada aula de Kaizen Dance, dependem do grupo com que está a trabalhar: “Cada corpo é um corpo e tem as suas memórias. Até chegarmos a essa informação, até preparamos o corpo – como a terra para receber a semente – é preciso passar por vários processos.”

No final de cada aula, com diversos ritmos, movimentos e exercícios. Depois de cansarem o corpo e a mente, as pessoas “serenam” e Kwenda passa a sua mensagem, que pode ser sobre a coragem, o medo, o medo de dar e de receber, o egocentrismo, o dinheiro, entre outros.

“Notas diferença nas pessoas passado algum tempo?”, pergunto. “Noto muita, mas vêm também falar-me emocionalmente e dizem-me. Não é um trabalho em que se veja uma diferença palpável, mas sim que se sente e em que há continuidade”, responde.

E diz: “É como se estivéssemos a trabalhar a terra. Depois de lhe deitarmos água, deixa de estar seca e dura, passa a estar macia e, ai, podemos pôr a semente e ela vai brotar. Leva algum tempo até chegarmos a esse ponto.”

Art Kaizen: o sonho que Kwenda tornou realidade

Como já referi, Kwenda Lima criou o Art Kaizen, que se situa na zona de Beato, em Lisboa, há um ano. Contudo, este é um sonho antigo, com mais de 10 anos. “É o tentar materializar a forma como vejo a dança e a vida.”

Aqui são dadas aulas regulares de Kaizen Dance, Kizomba, Afro-Contemporâneo, Yoga, Capoeira e Danças Africanas. Além disso, têm também cursos de Afro-cubano, Mudjeris di Terra – um encontro quinzenal de mulheres -, entre outros.

“O projeto Art Kaizen está a correr muito bem. Está a crescer devagar, mas está a seguir um bom caminho, aquele em que as suas raízes ficam fortes”, afirma Kwenda Lima. E continua: “Nunca gostei de avançar muito rápido. Adoro o Bambu precisamente por isso. Cresce de forma muito lenta, mas forte. Depois há um crescimento muito rápido, ele está forte e resiste a qualquer coisa.”

Kwenda aplica isto em tudo o que faz e o Art Kaizen é um desses seus ramos. “Está a crescer, mas com consciência. Não quero que seja uma escola de dança, mas um espaço de cultura, de união, de ligação, onde as pessoas se conhecem e se respeitam.”

Kwenda Lima e a sua filosofia de vida

Histórias – É gratificante perceber que fazes a diferença na vida das pessoas? Sentes que estás a “cumprir a tua missão/propósito de vida”?
Kwenda –
Nunca penso em “cumprir uma missão”. Nunca comecei por pensar num propósito de vida, acho que, em primeiro lugar, devemos deixar “a flor nascer”. Cuidar das suas raízes e fazer com que a planta seja saudável. De certeza, que a sua flor vai aparecer.

Nunca pensei na flor antes da planta. Vou vivendo as flores. Se me sentir satisfeito e se isso significa que alcancei o meu propósito de vida… então, sim! Não penso nisso, mas sim no meu bem-estar. No facto de que tudo aquilo que eu esteja a fazer,  contribua para o exterior e que seja um trabalho em paralelo para o meu próprio enraizamento e consciência.

É esse equilíbrio que me faz sentir que a vida é simples, boa de se viver.

Histórias – Colocas em prática todos os conselhos que dás?
Kwenda –
Não posso, nem quero, falar de uma teoria sem a experienciar. Para mim, o importante é eu viver, saber quem é esta máquina, para depois poder partilhar. Dar às pessoas, não a possibilidade de resolverem a sua vida, mas de tentarem descomplicá-la. Para mim não faz sentido falar de algo que não sinto ou não senti.

Histórias – Como é que um engenheiro aeroespacial veio aqui parar?
Kwenda –
Sempre tive estes dois mundos em paralelo – a dança e a engenharia. Sempre gostei muito de tecnologias e adoro aviões. É fascinante saber que o homem consegue construir uma máquina daquelas, que faz a ligação de uma ponta à outra do mundo, intercâmbios culturais.

Existem muitos engenheiros, é muito fácil viver socialmente de engenharia, mas faltava-me alguma coisa. A ligação com a arte. Gosto de relacionar as coisas e para mim faz sentido ligar a religião, à arte e à ciência. São três pilares muito importantes na sociedade.

Estando na dança consegui encontrar essa ligação. Além disso, enche-me o coração e, ainda, viajo e estou com muitas pessoas. Preenche-me muito mais, por isso não foi difícil seguir por este caminho.

Histórias – Nem sentes saudades?
Kwenda –
Não! Às vezes sinto saudade de estudar, dos computadores… mas não dura muito tempo! A engenharia passa por criar um conforto externo, fazendo uma casa, um carro, um avião, um computador… Permitir-nos ter uma vida mais fácil, utilizando o Kaizen, para mim é trazer a engenharia para a dança! Se eu consigo criar conforto externo, porque não hei-de criar também interno?

Desta forma, sou engenheiro das minhas próprias emoções, da minha forma de estar na vida, de aceitar, de fazer com que determinada reação/situação não tenha um impacto tão forte em mim. De perceber porque é que eu sou assim, porque é que certas coisas me atingem, porque é que eu permito. Tudo isto é uma tecnologia, uma programação e eu adoro. A nossa máquina é das mais complexas do mundo e entende-la é um desafio interessante.

Liebe em Hamburgo!

A propósito do Dia Mundial do Turismo, que se assinalou ontem, aqui fica uma fotografia de Hamburgo, apelidada pelos seus moradores de “a cidade mais bonita do Mundo”!

Muito conhecida pelo seu enorme porto, que, aliás, é um dos maiores da Europa, Hamburgo situa-se no norte da Alemanha, apenas a algumas horas de Berlim.

É uma cidade que encanta pelas suas muitas pontes e canais.

Mãe

DR.

Dizem que era linda! Cabelo escuro, comprido e ondulado, pele clara. Mãos delicadas, unhas enormes, sempre arranjadas e pintadas de vermelho. Feminina. Vaidosa.

Riso fácil, o sentido de humor era (e é) uma das suas características. Gostava de conversar, socializar, dançar, ouvir um fadinho e ir ao teatro.

A sua vida não foi fácil, até porque, a certa altura, ficou completamente sozinha “na cidade grande”, com uma filha nos braços.

Os tempos eram outros… Deve ter tido medo, mas foi forte. Lutou, trabalhou, sofreu, chorou, mas correu sempre tudo bem. Conseguiu.

Os anos (muitos) passaram e, desde que me lembro, sempre teve a dualidade de ser tão meiga, quanto exigente.

Cuida, mima muito, dá carinho, diz que ama, é querida, é amiga, mas é também severa, rigorosa, inflexível.

Tem uma personalidade forte. Princípios muito marcados, que defende com unhas e dentes. Intransigente. Só defeitos! Sempre a critiquei. E agora, quando paro para pensar, vejo que sou igual. Sou a sua continuação!

Pensar perdê-la…

Vou “ali” dar-lhe mimo e dizer-lhe o quanto a amo, pelo menos, mais umas mil vezes!

Até já!

A minha primeira aula de Pole Dance

Já passavam uns minutos das 18h00, saí atribulada do trabalho, fui em passo acelerado até ao carro, que ainda estava longe, e segui em direção ao Clube Ferroviário. A aula era às 18h30 e não queria, por nada, chegar mais tarde! Era a minha primeira aula de Pole Dance…

Sim, finalmente fiz uma aula experimental de Pole Dance e devo agradecê-lo à instrutora Joana Silva, que teve a excelente iniciativa de me a oferecer, tal como a alguns leitores do Histórias de encantar… ou não!

Confesso que, até há poucas semanas, não tinha pensado experimentar! Amo dançar, mas quanto ao Pole Dance – apesar de sempre ter gostado de ver as performances, de achar lindo e “espetacular” – sempre achei que não era para mim. Pensei ser até impossível.

Se não tenho grandes problemas em termos de flexibilidade, no que diz respeito à força já não posso afirmar o mesmo. Porém, depois desta sessão percebi que não há impossíveis!

Obviamente, que fiz praticamente nada, mas entendi que apesar de não ser fácil, como já suspeitava, tudo é feito de uma forma muito gradual, com calma e com a ajuda da Joana.

Quando finalmente cheguei ao Clube Ferroviário, subi – com duas “colegas” que chegaram em simultâneo – até ao primeiro andar, onde se ia realizar a aula. Joana Silva recebeu-nos muito calmamente.

O espaço é grande, com muita luz natural. Preparámo-nos e sentámo-nos nos colchões a conversar com a nossa anfitriã, que queria saber que tipo de contacto tínhamos com o Pole Dance e o que nos levara até ali.

Passámos depois ao aquecimento, com exercícios de flexibilidade e de força – o meu calcanhar de Aquiles! E, de seguida, veio o tão esperado e, até engraçado, momento do varão. Os exercícios foram simples, os movimentos bonitos e femininos. Adorei! A Joana explicou tudo com muita calma e esteve sempre atenta e pronta a ajudar cada uma de nós.

Entre piadas e trocadilhos e enquanto nos íamos rindo de nós mesmas, acabámos por fazer todos os exercícios – a nossa dança do varão – e aquela 1h15 de aula passou num ápice!

A partir de agora o meu objetivo é muito simples: desafiar as leis da gravidade com a minha super força, fazer maravilhosas acrobacias, com a excelente flexibilidade que tenho, movimentos sensuais e flutuar, tal como a Joana Silva!… Sempre fui uma pessoa contida nos meus sonhos!

Muito obrigada à Joana pela entrevista e por esta oportunidade e a quem esteve, ontem, na aula. Grata também a todos os que participaram no passatempo.

Lê a entrevista a Joana Silva, pole dancer e instrutora de Pole Dance.

Hoi An, a “cidade das lanternas”

Em Hoi An, no Vietname, existe uma crença local que diz que se colocarmos uma vela nas águas do rio Thu Bon e pedirmos um desejo, este irá realizar-se.

Segundo a mesma lenda, as oferendas colocadas nas águas do Thu Bon flutuam até aos seus antepassados, que as recebem e, em troca, realizam os desejos de quem as lançou.

Eu estive lá, na maravilhosa “cidade das lanternas”, e durante um passeio de barco, à noite, pedi um desejo e pus uma velinha no rio. Tive a sorte de contar com a ajuda de um menino, com os seus 7 anos, que me acompanhou e ajudou durante todo o passeio. Afinal, os turistas não sabem bem como fazer as coisas!

Estávamos em maio, celebrava-se o nascimento de Buda, a cidade estava em festa e toda iluminada! Linda, cheia de cor e de muito simbolismo. A paz e a serenidade estiveram sempre connosco. E eu, de coração cheio!

Hoi An está localizada no centro do Vietname, na província de Quang Nam, perto da foz do rio Thu Bon. É um dos destinos mais bonitos e populares no Sudeste Asiático, em grande parte devido à sua preservada “Cidade Velha”, classificada como património mundial pela UNESCO.

Joana Silva: “Pole Dance é para todos… É para quem gosta”

Entre a barulheira da criançada que por ali brincava e a ventania repentina que se fazia sentir, sentadas num banco de jardim, conversávamos sobre Pole Dance. Encolhida dentro do seu casaco de ganga, como quem se defende do vento, Joana Silva não conseguia esconder o deslumbramento que sente por esta dança e pela sua profissão, às quais tanto se tem dedicado e muito a “preenchem”. Os olhos brilhavam.

Pole dancer e instrutora de Pole Dance, desde 2008, Joana Silva diz que, ao longo dos anos, a dança tem sido alvo de grande desenvolvimento, tanto a nível técnico, como de estilo. “Dentro do Pole Dance não há apenas aquele estilo sensual, que é o mais conhecido, existem muitos outros”, explica.

E continua: “Gosto de o definir como uma dança com uma componente técnica muito grande, onde se utiliza o varão para executar acrobacias ou para dançar. Tal como qualquer outra dança, é uma forma de expressão.”

Ouvindo isto, tive de perguntar-lhe se considera que o estigma inicialmente existente em torno do Pole Dance – apenas associado à sensualidade, ao erotismo, aos bares de strip, entre outros – já foi ultrapassado. Joana responde que não!

“Ainda existe, tanto em Portugal como em outros países desenvolvidos, e vai continuar durante muitos anos. No fundo, este estereótipo existe por falta de conhecimento, porque as pessoas continuam muito vinculadas à ideia de que o Pole Dance veio dos strip clubs. Efetivamente, faz parte da história em termos de evolução da dança, que é já muito mais que isso. Existem inúmeros estilos”, explica.

Para combater esta ideia, a comunidade de Pole Dance tem vindo a organizar e a desenvolver projetos – desde competições, espectáculos e exposição nos media – com o objetivo de dar a conhecer e de explicar a dança à população.

Em Portugal, o Pole Dance tem “vindo a desenvolver-se muito bem”. Há cada vez mais escolas e pessoas a praticar. Realizou-se, durante três anos, um Espetáculo Nacional de Pole Dance, criado por Joana Silva e outra pessoa, e foi criada, recentemente, a Associação Portuguesa de Varão Desportivo.

Força, flexibilidade, treino e dedicação

Acrobata desde criança, aparentemente franzina e delicada, 37 anos, nas suas performances Joana demonstra ter a “força de mil homens” para se manter pendurada no varão, enquanto dança ou executa acrobacias, tal como uma flexibilidade indiscutível. Sem tremer. Sem aparente dificuldade. Como quem flutua.

Como professora e apaixonada que é por este estilo de dança, Joana afirma que, mesmo não sendo fácil, o Pole Dance pode ser praticado por qualquer pessoa, de ambos os sexos, de qualquer idade e com qualquer tipo de corpo. Basta que goste, que treine e que se dedique.

“A evolução depende de cada um, do background que possa ou não ter, do número de dias que treina, da dedicação e da capacidade de aprendizagem, que não é igual em ninguém. Não existe uma fórmula”, diz a bailarina.

E acrescenta: “É um pouco mais exigente que outra dança, porque tem uma componente técnica que requer mais força e mais flexibilidade, mas tudo é possível.”

Como qualquer outro estilo ou outra atividade física, também o Pole Dance traz inúmeros benefícios para a saúde. A nível físico trabalha muito os membros superiores e o core. Contudo, obviamente que são também usadas as pernas e que os resultados são visíveis.

Joana Silva considera que as mais-valias desta dança são ainda maiores e mais visíveis quando falamos em termos psicológicos. “À medida que vão conseguindo conquistar cada desafio, cada novo movimento e acrobacia, as pessoas sentem cada vez mais autossatisfação, autoestima e autoconfiança, o que traz muitos benefícios a nível pessoal e emocional”, menciona.

E explica que, em todas as aulas, durante o aquecimento, são feitos exercícios de condição física, que envolve treino de força, alongamentos, coordenação, treino respiratório, entre outros.

As aulas em si têm uma componente de condição física para preparar os alunos para a técnica do varão. No entanto, existe também uma aula específica só para condição física para o Pole Dance.

A história de Joana
“Experimentei uma aula. Apaixonei-me, mantive-me e dediquei-me”

Histórias – Qual o espaço que o Pole Dance ocupa na tua vida?
Joana –
Neste momento, é quase total. Tenho outras profissões, sou maquilhadora, fisioterapeuta e estudei Osteopatia. Contudo, estou dedicada, praticamente a 100%, à instrução de Pole Dance, tanto em Portugal, como no estrangeiro. Sou, cada vez mais, requisitada para ensinar lá fora.

A nível pessoal, enquanto pole dancer, também despendo de muito tempo, porque estou no ativo e em competições. Ou seja, treino três horas por dia, tenho dois de descanso, e dou aulas, o que implica também um trabalho de organização, preparação e planeamento. Tenho os dias bem ocupados!

Histórias – Fala-nos um pouco do teu percurso profissional enquanto bailarina e ginasta.
Joana – Sempre fui um bicho irrequieto! Gosto de me mexer, de tudo o que é prático e envolva o corpo. Comecei por fazer ginástica acrobática e fui atleta de alta competição, durante seis anos. Depois, decidi parar porque, na altura, entre estudar e treinar não tinha vida pessoal.

Senti falta de me mexer e resolvi ir dançar. Comecei a fazer vários estilos de Street Dance, entre Break Dance, New Style e House Dance. Gostava e fazia um pouco de tudo.

Sempre tive curiosidade em experimentar Pole Dance, porque vi o filme “Striptease”, com a Demi Moore, que ficou gravado na minha cabeça. Na altura, era nova e não fui logo fazer uma aula, nem creio que houvesse. Quando achei que era a altura certa, fui. Tinha 27 anos. Foi paixão à primeira vista, porque combinava as duas componentes que eu já gostava muito – a acrobática e a dança. Acabei por ir deixando tudo e por me dedicar ao Pole Dance.

Histórias – Foste campeã nacional de ginástica acrobática?
Joana – Sim, quase todos os anos! E fui selecionada para campeonatos da Europa e do mundo. Fiz parte da Federação Portuguesa de Trampolins e Desportos Acrobáticos e da selecção nacional.

Histórias – Também participas em competições internacionais de Pole Dance. Tens de te preparar muito?
 Joana – Sim. Não só a nível físico, como também psicológico e conceptual. O físico exige muitas horas de treino. O psicológico, porque no fundo trata-se de uma “batalha” e, acima de tudo, temos de ser fortes. É preciso abdicar de muita coisa, de muito tempo, de vida pessoal.

A nível de competição, nenhum desporto é fácil. É muito exigente, quando achamos que não dá mais, somos obrigados a levar o nosso corpo ao limite. É preciso estar psicologicamente preparado.

Em termos conceptuais já entra um pouco naquele que é o meu estilo e ao qual me estou a dedicar dentro do Pole Dance. Estou a desenvolver um estilo mais experimental e conceptual.

Quando crio uma performance para apresentar numa competição parto de um conceito, de uma ideia, de um sentimento. Tal como pintar um quadro. Há sempre uma intenção por trás. E para chegar a um conceito forte, que me diga algo e que eu queira expressar, preciso de fazer muita pesquisa.

História – Como é que tudo isto aconteceu na tua vida? O que querias ser quando crescesses?
Joana – Quando era criança não dizia que queria ser Pole Dancer! Curiosamente, queria ser botânica!

Mais tarde, quando andava na ginástica lesionei-me, fui tratada por um fisioterapeuta, gostei do seu trabalho e resolvi estudar Fisioterapia. Nunca pensei ser pole dancer e, muito menos, instrutora. Foi um processo muito natural! Fui experimentar, apaixonei-me, mantive-me e dediquei-me. Depois recebi um convite para dar aulas…

Hoje em dia, depois de ter estudado tanta coisa, acho que esta é mesmo a minha vocação! Adoro ensinar e descobri isso por acaso, ao dar aulas. Já sou instrutora há 10 anos e continuo a sentir-me realizada. Enquanto pole dancer também continuo a adorar. Preenche-me.

Histórias – Projetos futuros?
Joana – Quero participar em outra competição – estou na fase da elaboração do conceito – e continuar a dar aulas a nível nacional e internacional. Ter um pé em Portugal e outro lá fora.

Estou também a desenvolver um curso para instrutores de Pole Dance. Quero passar aquilo que sei e que desenvolvi ao longo de 10 anos a outros instrutores. Já comecei no Egipto, mas é um projeto que estou ainda a desenvolver.

aqui o conceito desta apresentação e o que levou Joana Silva a construí-lo e desenvolvê-lo

Joana Silva começa a dar aulas, já este mês, no Clube Ferroviário, em Lisboa. Para mais informações, contactar joannasilvaa@hotmail.com.

“Histórias de Encantar… ou não” vai sortear uma aula de Pole Dance, com a Joana, que se irá realizar dia 10 de setembro, pelas 18h30. Sabe mais aqui.

Fotografias de Pedro Silva

Peso das mochilas não provoca escoliose

A escoliose é uma deformidade em que existe uma curvatura lateral da coluna no plano frontal. Embora em regra seja mais evidente um desvio da coluna para um dos lados, a escoliose é uma deformidade tridimensional da coluna, com rotação e desvio em vários planos.

Nuno Neves, ortopedista

A sua causa é, na maioria dos casos, desconhecida e por isso não é possível preveni-la. A escoliose afeta principalmente mulheres saudáveis na adolescência (escoliose idiopática adolescente) e em idades mais precoces: escoliose idiopática infantil (antes dos três anos) e escoliose juvenil idiopática (entre os três anos de idade e a puberdade). Estima-se que esta deformidade afete cerca de 2 a 3 por cento dos adolescentes.

Embora a causa da escoliose permaneça desconhecida, o seu desenvolvimento não tem sido relacionado a fatores nutricionais ou posturais, à prática de desporto, ao uso de mochilas ou ao transporte de uma mala pesada.

A escoliose em que se conhece a sua origem está usualmente relacionada com uma doença subjacente, com fatores genéticos e hereditários. Pode estar associada a doenças neuromusculares (como a paralisia cerebral) ou doenças do tecido conjuntivo (como o síndrome de Marfan). Quando a escoliose é secundária a uma malformação vertebral, é conhecida como escoliose congénita.

O problema mais importante relacionado com a escoliose é a progressão da deformidade e os efeitos colaterais resultantes, como distúrbios respiratórios.

Os principais sinais de alerta são os ombros a alturas diferentes, uma das ancas mais levantada, cintura desigual, inclinação do corpo para um dos lados e proeminência da grelha costal (bossa torácica) ao fletir a coluna para a frente.

Após a deteção da doença (onde os pais e professores desempenham um papel importante), a criança ou adolescente deve ser seguido por um especialista médico. A confirmação do diagnóstico e o acompanhamento geralmente são feitos por métodos radiológicos.

As escolioses com menos de 20-25 graus exigem apenas uma vigilância regular até à conclusão do crescimento da coluna vertebral. Em escolioses com uma curvatura entre os 20-25 e os 40-45 graus em adolescentes que ainda não terminaram o seu crescimento, o uso de um colete pode ser recomendado para impedir o agravamento da curva.

O tratamento deve ser individualizado e deve ter em conta o risco de progressão da deformidade. O exercício e a fisioterapia não reduzem a magnitude da curva ou o risco de progressão, mas essas opções podem ser usadas como terapia coadjuvante para melhorar a postura e fortalecer os músculos.

A cirurgia, quando necessária, destina-se às escolioses mais graves (cerca de 1 em cada 5000 casos). O procedimento cirúrgico é feito com recurso a anestesia geral e geralmente obriga a um regime de internamento entre 4 a 7 dias.

A SPPCV foi fundada em 2003 com o objetivo de promoção, estudo, investigação e divulgação das questões inerentes à problemática da prevenção, diagnóstico e tratamento das patologias da coluna vertebral. Para mais informações consulte http://sppcv.org/

Artigo escrito por Nuno Neves, ortopedista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV)

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