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Aleitamento materno: o melhor para os bebés

DR.

A amamentação é a melhor forma de alimentar os bebés, sendo os benefícios mais óbvios para o bebé e a mãe, mas estendendo-se a toda a família e sociedade. É a forma mais antiga, natural e universal de alimentação dos pequenos humanos. É recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a alimentação ideal para os bebés em todo o Mundo, em exclusivo até aos 6 meses e depois mantida com a introdução progressiva dos outros alimentos. A duração “ótima” é desconhecida, sendo recomendada pela OMS até aos 2 anos ou mais, reconhecendo-se benefícios enquanto a mãe e a criança a queiram manter.

Os benefícios para o bebé são geralmente o grande motivador das mães, vão desde a nutrição e hidratação ótimas e adequadas a cada fase de cada bebé, transmissão de imunidade, regulação térmica e conforto, estimulando o ideal desenvolvimento da boca, dentes e linguagem e ajudando a estabelecer a ligação com a mãe. Diminui o risco de morte-súbita. É especialmente importante em recém-nascidos e bebés prematuros. Há ainda benefícios para o bebé a longo prazo, diminuindo o risco de obesidade, diabetes e alguns tipos de cancro.

Os benefícios para a mãe começam no pós-parto imediato, diminuindo o risco de hemorragias graves, fortalecendo a ligação com o bebé, providenciando um momento de pausa nas outras atividades e ajudando na perda de peso. Diminui o risco de obesidade, diabetes, osteoporose e vários cancros (especialmente da mama) a longo prazo. Em Portugal as mães que amamentam e trabalhem podem solicitar ajuste e redução de horário à entidade patronal.

Toda a família beneficia com a amamentação, pelo seu menor custo e ótima segurança e conveniência. A amamentação reduz temporariamente a fertilidade materna, contribuindo para o espaçamento das gravidezes.

Os benefícios para a sociedade são em primeira análise o menor custo com a alimentação dos bebés, mas sobretudo com o tratamento das doenças evitadas (do bebé e da mãe), diminuição do absentismo da mãe (já que os bebés adoecem menos) e globalmente, beneficia também o ambiente, já que a amamentação é a opção mais ecológica.

Estes benefícios são ainda mais evidentes em locais ou momentos em que as alternativas desaparecem ou são menos seguras (catástrofes, saneamento inadequado, pobreza extrema). Durante a presente pandemia de covid as recomendações internacionais têm sido veementes: as mães infetadas com covid devem ser apoiadas a amamentar, mesmo se sintomáticas (sendo que a mãe doente deve usar máscara e medidas de higiene reforçadas), pois os benefícios da amamentação parecem superar largamente o risco de infeção dos bebés.

Então e os “malefícios”, as desvantagens – são raras as situações em que é recomendado não amamentar – geralmente por infeções ou fármacos (da mãe) que passem para o bebé e cujo risco supere os benefícios acima listados (devendo ser avaliados caso a caso por profissional de saúde qualificado e atualizado). A mãe pode optar por não amamentar para partilhar ou ceder a tarefa de alimentar o bebé. Infelizmente, muitas mães desistem de amamentar (ou limitam a duração da amamentação) por dificuldades no processo de amamentação (feridas, mastites), pressão laboral, da sociedade e mesmo de familiares.

Quais as alternativas – quando a mãe não pode ou não quer amamentar, pode recorrer a várias alternativas: a Organização Mundial de Saúde recomenda o leite humano (bancos de leite) como primeira alternativa, para recém-nascidos; as amas-de-leite como segunda alternativa, e só depois as fórmulas de “leite adaptado”. O leite de vaca “normal” (não adaptado a bebés), leite de outros animais e as bebidas vegetais não são recomendadas para os primeiros 12 meses de vida.

Independentemente das escolhas, as Mães deveriam ser mais apoiadas por todos, pois enquanto parte da sociedade, todos queremos e todos ganhamos com o que todas as Mães querem, o melhor para os Bebés.

Artigo de opinião de Inês Palma dos Reis, coordenadora do Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI)

Sinais de problemas psicológicos nas crianças

Assinala-se, hoje, o Dia Mundial da Criança

DR.

Ser criança é ser pequeno em tamanho e grande em sonhos. É ter no sorriso o dom de trazer a felicidade a quem as rodeia. Ser criança é tudo! É ser inocente, é acreditar no mágico, no maravilhoso e no fantástico, mas é, também, ter medos, traumas e frustrações. Por isso, os pais devem estar atentos e informados para que as possam apoiar, sempre que alguma situação coloque em causa o seu bem-estar psicológico.

Como identificar problemas psicológicos nas crianças
Joana Peres Carneiro, psicóloga clínica, lembra que os mais pequenos se exprimem de forma diferente dos adultos: “Têm mais dificuldade na expressão verbal das suas emoções e, por essa razão, manifestam o seu estado emocional através do comportamento e das atitudes.”

Alterações nos padrões de sono e alimentar, enurese (perda involuntária de urina), isolamento, medos repentinos, irritabilidade, baixa capacidade de concentração e de atenção, comentários depreciativos em relação a si e ao seu corpo, comentários relativos à vontade de “desaparecer”, choro sem motivo aparente, sintomas de ansiedade, irrequietude, comportamentos agressivos e autolesivos são, de acordo com a psicóloga, motivos de alerta.

“Os pais devem estar atentos, não apenas quando a criança passa por algum episódio marcante, mas também na existência de sinais que surjam sem motivo aparente. Pequenas e pontuais situações, às quais não damos importância, poderão perturbar a criança e ter um grande impacto na sua vida”, refere Joana Peres Carneiro.

É, no entanto, de realçar que existem reações adequadas a determinados acontecimentos. Sentir tristeza, raiva e ansiedade, perante situações que assim o exijam, “é natural e saudável”.

“Não podemos querer que a criança esteja feliz, quando é suposto estar em sofrimento. Porém, caso os sinais perdurem no tempo, de forma desproporcionada e com intensidade desmedida, ou se limitarem o seu funcionamento, é importante procurar ajuda.”

Situações que podem originar transtornos
Divórcio dos pais, nascimento de um irmão, mudança de casa ou de escola, morte de alguém próximo, pressão relativamente ao desempenho no desporto e às notas escolares, são acontecimentos que podem levar a alguns desajustes emocionais.

Além disso, problemáticas como bullying na escola, maus-tratos físicos e emocionais por parte da família, vício em jogos e sobreexposição nas redes sociais, entre outras, podem obviamente desencadear instabilidade emocional.

Segundo Joana Peres Carneiro, o que para uma criança pode ser encarado de forma normal, sem qualquer alteração no seu equilíbrio emocional e funcional, para outra pode levar a alguma desestabilização. “Todas são diferentes. Desenvolvem-se a ritmos distintos, física e emocionalmente, e não devem ser comparadas entre elas”, salienta a psicóloga.

“É essencial deixarmos as crianças ser crianças e, tanto quanto possível, que tenham apenas as preocupações típicas da idade”, afirma Joana Peres Carneiro. E continua, mencionando que, por vezes, os pais esquecem-se que os filhos são como uma “esponja”. Ou seja, que absorvem tudo o que ouvem e veem, quer seja bom ou mau. Trata-se situações ansiogénicas e perturbadoras, uma vez que não estão ainda aptos para as entender e gerir internamente

Ajuda profissional
Joana Peres Carneiro salienta que os pais devem ter tempo para os filhos. “A criança deve sentir que a mãe e o pai se preocupam, que querem saber de si e que estão sempre dispostos a ouvi-la. Assim, vão ter confiança para partilhar algumas das coisas que sentem e, pelas quais, possam estar a passar.

“Saber que pode contar com os seus pais e que não vai ser ridicularizada, culpabilizada, nem comparada com o irmão ou com outra criança, é meio caminho andado para que não se construam muros internos”, explica a psicóloga.

Mas atenção: se, apesar de tudo, sentir que o seu apoio não está a ser suficiente para manter o bem-estar psicológico do seu filho, por que não recorrer à ajuda de um psicólogo?!

Sempre que verificar que a vida da criança está a ser afetada e a sofrer alterações que colocam em causa o seu bom funcionamento, pode e deve recorrer ao apoio destes profissionais de saúde. Sem tabus!

Além disso, uma ida ao psicólogo pode ser feita como meio de prevenção e não apenas como tentativa de atenuar sintomas. Se considerar que um evento que está na eminência de acontecer – separação dos pais, nascimento de um irmão, mudança de escola -, pode vir a fragilizar a criança, não descarte esta opção.

Foto tirada em Hmong Village, Luang Prabang, Laos

Joana Peres Carneiro, psicóloga clínica:

“A Psicologia é fascinante no que toca à interpretação de comportamentos e de palavras”

Joana Peres Carneiro desenvolve o seu trabalho, em contexto privado, com crianças, adolescentes e adultos, assim como numa instituição de apoio a crianças em risco, vítimas de maus tratos psicológicos e físicos, de abusos e de negligência.

Histórias – Por que razão se formou em Psicologia?
Joana Peres Carneiro (JPC) – Decidi que queria ser psicóloga aos 14 anos. Na altura, acreditava que ia ser capaz de interpretar o que as pessoas pensavam só de olhar para elas e para o que faziam.

Depois, percebi que, de facto, a Psicologia é fascinante no que toca à interpretação de comportamentos e de palavras, mas que pode ser muito mais do que isso! A Psicologia é uma grande ajuda ao outro, ao seu bom desenvolvimento, bem-estar e equilíbrio, além de que se enquadra em qualquer contexto!

Histórias – E a área das crianças como é que surgiu?
JPC – Entrou na minha vida através dos estágios académico e profissional. Mais tarde, acabou por ocupar a grande maioria da minha vida profissional. É uma área interessante e extremamente gratificante.

Muitas vezes, é também um desafio, pois não trabalho apenas com a criança, mas em tríade, com os pais, que são motores fundamentais para que este trabalho clínico chegue a bom porto.

Histórias – Qual o papel da Psicologia Infantil?
JPC – O trabalho do psicólogo passa por identificar o que se passa com a criança e, à semelhança do que deve acontecer com o adulto, por estabelecer uma relação de confiança. Através do lúdico (brincadeiras e jogos), de conversas e de desenhos são identificadas e interpretadas as dificuldades da criança. O objetivo é desbloqueá-las e tornar o mundo da criança mais suportável e leve.

Histórias – Que tipo de apoio é dado aos pais, para que possam compreender e acompanhar melhor os seus filhos?
JPC – Neste trabalho clínico é fundamental o envolvimento dos pais. Se a criança perceber que a sua ida às consultas de Psicologia não é valorizada, possivelmente também as vai desconsiderar, prejudicando o seu envolvimento na relação terapêutica.

Desde que os pais sejam colaborantes, é fácil e benéfico envolvê-los no processo, pois será uma equipa a trabalhar para um bem comum: a criança. Cada um tem um papel fundamental, nunca esquecendo que aquele é o espaço e o tempo da criança, que não deve ser invadido e, sim, respeitado.

Muitas vezes, são necessárias sessões pontuais com os pais, onde são abordados assuntos relacionados com a criança e realizada a devolução do estado do processo psicológico. Contudo, sempre sem quebrar o sigilo daquilo que é falado entre o psicólogo e a criança. Estas sessões servem também para orientar os pais e dar-lhes algum aconselhamento parental.

Mãe

DR.

Dizem que era linda! Cabelo escuro, comprido e ondulado, pele clara. Mãos delicadas, unhas enormes, sempre arranjadas e pintadas de vermelho. Feminina. Vaidosa.

Riso fácil, o sentido de humor era (e é) uma das suas características. Gostava de conversar, socializar, dançar, ouvir um fadinho e ir ao teatro.

A sua vida não foi fácil, até porque, a certa altura, ficou completamente sozinha “na cidade grande”, com uma filha nos braços.

Os tempos eram outros… Deve ter tido medo, mas foi forte. Lutou, trabalhou, sofreu, chorou, mas correu sempre tudo bem. Conseguiu.

Os anos (muitos) passaram e, desde que me lembro, sempre teve a dualidade de ser tão meiga, quanto exigente.

Cuida, mima muito, dá carinho, diz que ama, é querida, é amiga, mas é também severa, rigorosa, inflexível.

Tem uma personalidade forte. Princípios muito marcados, que defende com unhas e dentes. Intransigente. Só defeitos! Sempre a critiquei. E agora, quando paro para pensar, vejo que sou igual. Sou a sua continuação!

Pensar perdê-la…

Vou “ali” dar-lhe mimo e dizer-lhe o quanto a amo, pelo menos, mais umas mil vezes!

Até já!

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