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Aleitamento materno: o melhor para os bebés

DR.

A amamentação é a melhor forma de alimentar os bebés, sendo os benefícios mais óbvios para o bebé e a mãe, mas estendendo-se a toda a família e sociedade. É a forma mais antiga, natural e universal de alimentação dos pequenos humanos. É recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a alimentação ideal para os bebés em todo o Mundo, em exclusivo até aos 6 meses e depois mantida com a introdução progressiva dos outros alimentos. A duração “ótima” é desconhecida, sendo recomendada pela OMS até aos 2 anos ou mais, reconhecendo-se benefícios enquanto a mãe e a criança a queiram manter.

Os benefícios para o bebé são geralmente o grande motivador das mães, vão desde a nutrição e hidratação ótimas e adequadas a cada fase de cada bebé, transmissão de imunidade, regulação térmica e conforto, estimulando o ideal desenvolvimento da boca, dentes e linguagem e ajudando a estabelecer a ligação com a mãe. Diminui o risco de morte-súbita. É especialmente importante em recém-nascidos e bebés prematuros. Há ainda benefícios para o bebé a longo prazo, diminuindo o risco de obesidade, diabetes e alguns tipos de cancro.

Os benefícios para a mãe começam no pós-parto imediato, diminuindo o risco de hemorragias graves, fortalecendo a ligação com o bebé, providenciando um momento de pausa nas outras atividades e ajudando na perda de peso. Diminui o risco de obesidade, diabetes, osteoporose e vários cancros (especialmente da mama) a longo prazo. Em Portugal as mães que amamentam e trabalhem podem solicitar ajuste e redução de horário à entidade patronal.

Toda a família beneficia com a amamentação, pelo seu menor custo e ótima segurança e conveniência. A amamentação reduz temporariamente a fertilidade materna, contribuindo para o espaçamento das gravidezes.

Os benefícios para a sociedade são em primeira análise o menor custo com a alimentação dos bebés, mas sobretudo com o tratamento das doenças evitadas (do bebé e da mãe), diminuição do absentismo da mãe (já que os bebés adoecem menos) e globalmente, beneficia também o ambiente, já que a amamentação é a opção mais ecológica.

Estes benefícios são ainda mais evidentes em locais ou momentos em que as alternativas desaparecem ou são menos seguras (catástrofes, saneamento inadequado, pobreza extrema). Durante a presente pandemia de covid as recomendações internacionais têm sido veementes: as mães infetadas com covid devem ser apoiadas a amamentar, mesmo se sintomáticas (sendo que a mãe doente deve usar máscara e medidas de higiene reforçadas), pois os benefícios da amamentação parecem superar largamente o risco de infeção dos bebés.

Então e os “malefícios”, as desvantagens – são raras as situações em que é recomendado não amamentar – geralmente por infeções ou fármacos (da mãe) que passem para o bebé e cujo risco supere os benefícios acima listados (devendo ser avaliados caso a caso por profissional de saúde qualificado e atualizado). A mãe pode optar por não amamentar para partilhar ou ceder a tarefa de alimentar o bebé. Infelizmente, muitas mães desistem de amamentar (ou limitam a duração da amamentação) por dificuldades no processo de amamentação (feridas, mastites), pressão laboral, da sociedade e mesmo de familiares.

Quais as alternativas – quando a mãe não pode ou não quer amamentar, pode recorrer a várias alternativas: a Organização Mundial de Saúde recomenda o leite humano (bancos de leite) como primeira alternativa, para recém-nascidos; as amas-de-leite como segunda alternativa, e só depois as fórmulas de “leite adaptado”. O leite de vaca “normal” (não adaptado a bebés), leite de outros animais e as bebidas vegetais não são recomendadas para os primeiros 12 meses de vida.

Independentemente das escolhas, as Mães deveriam ser mais apoiadas por todos, pois enquanto parte da sociedade, todos queremos e todos ganhamos com o que todas as Mães querem, o melhor para os Bebés.

Artigo de opinião de Inês Palma dos Reis, coordenadora do Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI)

10 cuidados essenciais a ter com os pés dos idosos

Assinala-se, hoje, o Dia Internacional do Idoso

DR.

Os nossos pés são constituídos por uma complexa rede de músculos, ligamentos e articulações, que, ao longo da vida, estão sujeitos a um elevado número de lesões e ferimentos.

Com o passar dos anos, os pés ficam mais suscetíveis a alterações, múltiplas agressões, lesões e doenças, que podem levar a consequências negativas em todo o corpo, caso não lhes sejam prestados os cuidados necessários.

Manuel Portela, podologista

A existência de dores nos pés é frequente, no entanto, não pode ser considerada normal. Uma correta avaliação e estudo da sintomatologia permite, na maior parte dos casos, reduzir significativamente as queixas apresentadas.

Estas situações são um contributo para a diminuição da mobilidade do idoso e para uma série de outras consequências a nível psíquico e social. A intervenção da Podologia pode ajudar na recuperação da funcionalidade do pé e contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos idosos.

Entre as principais causas para o surgimento de alterações podológicas no idoso estão a presença de traumas e problemas anatómicos do pé, que com o tempo acabam por ir danificando a sua estrutura; o uso de calçado desadequado ao longo do tempo; o facto da pessoa ter permanecido muito tempo da sua vida em pé; o sedentarismo; e a obesidade.

Além disto, condições como a diabetes ou a doença arterial periférica, que contribuem para a má circulação sanguínea, estão também entre os fatores de grande influência para o aparecimento de doenças dos pés nos idosos.

Um cuidado adequado dos pés dos idosos é essencial. Esta é a única parte do corpo que nos permite caminhar. A incapacidade de deslocação acarreta consequências não apenas para o pé, mas para a saúde em geral.

Cuidados essenciais a ter com os pés dos idosos:

  • Examinar e lavar os pés diariamente
  • Secar bem os pés, especialmente entre os dedos
  • Cuidado com a água muito quente
  • Cortar as unhas em forma reta
  • Estar atento a eventuais alterações do aspeto da unha, como espessura, cor, forma, entre outros
  • Manter os pés sempre hidratados
  • Evitar a aplicação de creme hidratante entre os dedos, para não provocar maceração (pele fragilizada, branca)
  • Adaptar o calçado, optando por um sapato com uma base ampla
  • Os sapatos deformados devem ser substituídos
  • Usar meias de algodão, lã ou derivados, para facilitar a transpiração do pé e evitar a sudação e o odor
ARTIGO ESCRITO POR MANUEL PORTELA, PODOLOGISTA E PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PODOLOGIA

1,2,3… menos uma beata de cada vez!

Assinala-se hoje o Dia do Ex-Fumador 

DR.

Tenho de começar este texto com uma confissão oficial: já não estou numa relação abusiva com o cigarro… há quase 12 meses, optei por terminar este relacionamento que durou alguns anos e acabei por dar prioridade à minha saúde.

Como todas as relações abusivas, criei uma dependência física e emocional com o cigarro, mas, desde há uns meses a esta parte, o tabaco não passa de um ex-companheiro, daqueles com quem decidimos terminar um namoro que não tem pernas para andar, sem pensar duas vezes.

O motivo? Voltei a apaixonar-me verdadeiramente pela vontade de viver a vida. Esta “relação” com o tabaco estava a destruir-me aos poucos, era uma espécie de vício, que me limitava a liberdade. Não havia grande margem para continuar esta relação. Os encontros só podiam acontecer em espaços exteriores. Sim, é curioso perceber que as pessoas, no geral, afastavam-se desta relação tóxica… é como se o ar fosse poluído pela presença de ambos. Ninguém aceitava a nossa relação dentro de quatro paredes!

Só por este motivo percebe-se bem que esta relação estava condenada ao fracasso. No fundo, esta relação só pode ser comparável a uma paixão doentia, que nos tira o fôlego, dia após dia… a verdade é que coloquei um ponto final nesta relação com o cigarro e, quando recuo no tempo, não poderia deixar de me sentir orgulhosa, por ter tido a coragem de cortar as amarras que muitos,  por se sentirem reféns de uma dependência, nunca conseguiram cortar. Tenho de congratular todos os ex-fumadores desta vida, porque conseguiram livrar-se de uma relação difícil com o tabaco.

1,2,3 e uma baforada de cada vez… 4,5,6 e mais um prego para o caixão… Parece exagero, não é! Um prego para o caixão. Mas a verdade é que o tabaco, independentemente de ser aquecido ou usado pela via convencional, é responsável por inúmeras mortes prematuras, todos os dias! Não queria ter de dar esta notícia de chofre, mas alguém tem de alertar para os factos, não é verdade? Pior ainda: a decisão de fumar ou abandonar em definitivo este vício depende de cada um de nós, individualmente. E já diz o ditado que mais vale prevenir do que depois remediar.

Quando se larga o cigarro, e meses depois de o nosso corpo se restabelecer sem reservas de nicotina, percebemos que cada “passa” não passa de um tiro quase certeiro na nossa saúde. Se há maneira de “queimar” os minutos que temos nesta vida, essa maneira é através do fumo do tabaco. É uma maneira de queimar o tempo, de subtrair os minutos neste planeta cheio de loucos (é certo!), mas onde habitam algumas das pessoas que mais contribuem para a nossa felicidade.

Foi por este motivo, e por acreditar que há mais vida para além do tabaco, que há aproximadamente 12 meses decidi deixar de fumar. Foi uma decisão difícil, porque acabar um relacionamento tão longo, que durou anos, nunca será algo que se consegue de ânimo leve. Mas teve de ser. Ou seria isso ou iria manter em suspenso um projeto que está prestes a concretizar-se na minha vida: a maternidade.

Já havia feito uma tentativa prévia para abandonar esta relação, que eu sabia ser abusiva, e consegui manter-me afastada do cigarro durante mais ou menos dois anos, depois de um enorme susto, que me limitou a capacidade de respirar. Durante dois anos, enquanto me lembrava da sensação de não conseguir respirar, mantive-me longe desta relação com o cigarro. Sempre tive vontade de colocar um ponto final definitivo nesta relação, mas, como em praticamente todas as relações abusivas, chegamos a pensar que a nossa vida não faz sentido sem aquele elemento da equação: o cigarro.

O cigarro parece a “companhia” perfeita, que está connosco ao final do dia, quando a noite cai e o silêncio parece demasiado pesado. Parece que o cigarro – com quem mantemos uma relação sinérgica – nos deixa mais confiantes e estimula o nosso raciocínio. De repente, deixamos de conseguir pensar sem um cigarro na mão… mas onde está a verdade no meio disto tudo? A verdade é que o cigarro tem um poder magnético e, por vezes, se decidimos dar uma nova oportunidade a esta relação, acabamos por ficar novamente enredados pelo tabaco.

Outra verdade é que só podia “andar de mãos dadas” com o cigarro em espaços exteriores… sentia que havia um certo ostracismo por parte de terceiros relativamente à relação que mantinha com o tabaco. Havia a proibição de me encontrar com o tabaco em espaços fechados. Quase todos os encontros pareciam clandestinos e alguns deles até bastante fugazes.

É um prazer momentâneo, que compartilhava com  outros que, como eu, também estavam em relações semelhantes e abusivas com os seus respetivos cigarros. Depois de cada encontro havia alguns olhares de soslaio, provavelmente aqueles que agora lanço a quem ainda mantém relações do género… há uma condenação quase pública, mas silenciosa, porque toda a gente sabe que estas relações tóxicas são prejudiciais. Há avisos públicos e mensagens bem claras que alertam para relações deste género. Há especialistas que se dedicam a ajudar os que querem sair destas relações, mas toda a gente reconhece que estas relações com o cigarro são difíceis de terminar.

Após cada “beijo” que damos a um cigarro ninguém pode negar que fica um amargo de boca… além disso, esta relação tóxica entranha-se nas nossas roupas e nas nossas vísceras. Não há ninguém que não perceba, através dos sinais olfativos e visuais, que estamos numa relação com o tabaco…

Amor (próprio) é um cigarro que se apaga, porque os benefícios para a saúde, após duas a três semanas sem fumar, são incalculáveis. Depois, a longo prazo os benefícios multiplicam-se e o corpo, aos poucos, liberta-se de todos os componentes químicos que nos causaram dependência física e psicológica.

Há quem decida apagar o cigarro de uma só vez da sua vida. A esses, os corajosos e que optaram por dar mais tempo à vida, devo dar os parabéns. Porque, independentemente dos motivos que nos levam a deixar de fumar, a vida vale sempre muito mais do que um simples cigarro.

E bem sei que a tentação está à espreita a cada esquina e que há sempre quem lucre com estas relações abusivas, fazendo acreditar que quem está “numa relação com o cigarro” poderá manter-se assim, sem que esta relação seja minimamente prejudicial. É um logro pensar que há relações com o tabaco que serão eternas, até porque, a dada altura das nossas vidas, iremos perceber que esta relação nos subtraiu tempo de viver. E esse tempo é irrecuperável e não volta atrás…

Texto escrito por uma “orgulhosa” ex-fumadora que preferiu não ser identificada

10 cuidados a ter este verão para prevenir infeções nos pés

Os pés estão muitas vezes sujeitos a condições de calor e humidade, nomeadamente pelo uso de calçado fechado, que favorecem o desenvolvimento de fungos responsáveis por infeções. Tal como outra parte do corpo, os pés devem ser cuidados durante todo o ano, contudo, no verão e em tempo de praia e piscina são vários os fatores propícios ao surgimento de micoses e, por isso, é crucial que os cuidados com os pés não sejam esquecidos.

Francisco Oliveira Freitas, podologista

As micoses são infeções altamente contagiosas provocadas por fungos, que se desenvolvem e se reproduzem em ambientes quentes, húmidos e escuros. Para obter energia, estes microrganismos “alimentam-se” de queratina, uma substância presente na superfície da pele, unhas e cabelo. Em circunstâncias normais, os fungos não causam doença, no entanto, se reunidas as condições necessárias à sua proliferação, a infeção pode instalar-se.

As infeções fúngicas estão entre as principais patologias ao nível do pé e a sua incidência aumenta significativamente no verão. Com o aumento das temperaturas, a concentração de transpiração no calçado e a exposição dos pés, em especial na praia e nas piscinas públicas, estão entre os principais fatores de risco.

Ao nível do pé, podemos falar de dermatomicoses e onicomicoses (micoses nas unhas). O pé de atleta é uma das micoses mais comuns no pé e, uma vez que o seu contágio é mais frequente nas piscinas e balneários públicos, pode ser considerado a “doença do verão”. Este problema surge mais frequentemente nos espaços entre os dedos e os seus sintomas incluem vermelhidão, prurido (comichão), inflamação, mau odor e alterações da pele, podendo provocar bolhas, fissuras e descamação da pele. O contágio é favorecido pela água e areia, bem como pela pele seca e fissurada dos pés, um problema também comum nesta altura do ano.

Já a onicomicose, responsável por mais de metade das doenças que afetam as unhas, pode provocar a alteração da coloração, deformação, engrossamento da unha e dor. Em certas situações, poderá verificar-se o descolamento da unha do leito ungueal. A dor poderá ser agravada pela pressão exercida pelo calçado.

O tratamento dependerá do tipo de fungo e da gravidade da micose, tal como do estado de saúde da pessoa, sendo muitas vezes necessária a prescrição de medicamentos de uso tópico e comprimidos de ingestão via oral. No que diz respeito à onicomicose, o objetivo da terapêutica é o crescimento de uma unha saudável, que demora pelo menos 12 meses a crescer desde a raiz até à ponta. Vigiar diariamente os pés permite a deteção dos sinais de infeção e facilita a obtenção de um diagnóstico precoce. Na presença de um ou mais sintomas de micose no pé, o próximo passo é recorrer a um podologista para tratar imediatamente a infeção e evitar que toda a família seja contagiada, uma vez que as micoses podem servir como “portas de entrada” a agentes patológicos causadores de infeções graves.  

Que cuidados devo ter para prevenir o contágio e o desenvolvimento de micoses no pé?

Transpirar dos pés é uma resposta biológica e fundamental para controlar a sua temperatura e manter a flexibilidade da pele, contudo, ao contrário de outras áreas do corpo através das quais pode evaporar facilmente, o uso de sapatos e meias pode levar à retenção de suor. Como o excesso de transpiração é naturalmente mais comum nas alturas de calor, é importante prevenir a concentração de humidade no calçado, que propicia o desenvolvimento de micoses.

Para evitar a exposição aos fungos pelo contacto com superfícies contaminadas, é crucial usar sempre chinelos em locais húmidos. Embora não se possa garantir que evite a 100 por cento a probabilidade de sermos contagiados, usando-os estamos bem mais protegidos contra este tipo de infeções. Doentes com diabetes e com o sistema imunitário debilitado devem ter cuidados redobrados.

De modo a prevenir infeções causadas por fungos, existem algumas recomendações a seguir no sentido de evitar o contacto direto com o fungo e, por outro lado, o desenvolvimento de condições favoráveis à sua proliferação, nomeadamente durante a estação mais quente do ano:

  • Usar sempre chinelos nas zonas de banho, como piscinas e balneários públicos;
  • Escolher calçado arejado e que permita a ventilação do pé;
  • Colocar os sapatos a arejar num local ventilado e iluminado e aguardar, pelo menos 24 horas, antes de calçar os mesmos sapatos novamente;
  • Preferir calçado em pele e meias de fibras naturais (preferencialmente de algodão);
  • Manter uma higiene cuidada do pé, lavando os pés com sabão de pH neutro;
  • Secar bem os pés com a toalha, especialmente os espaços entre os dedos;
  • Fazer uma hidratação diária dos pés;
  • Trocar de meias diariamente;
  • Em caso de excesso de transpiração, usar antitranspirante específico para os pés;
  • Não partilhar objetos pessoais, como toalhas, meias ou calçado.
ARTIGO ESCRITO POR FRANCISCO OLIVEIRA FREITAS, PODOLOGISTA RESPONSÁVEL PELO CENTRO DE PODOLOGIA DE FAMALICÃO.

Dança profissional e gravidez: sim, é possível

Ser mãe é um sonho. Um desejo que a grande maioria das mulheres não está disposta a deixar de concretizar, mesmo tendo consciência que se trata de uma decisão que vai mudar a sua vida para sempre.

As bailarinas não são, obviamente, exceção. No entanto, quando engravidam, muitas têm medo de continuar a trabalhar, o que não deixa de ser algo natural e compreensível. O corpo muda, o equilíbrio, a elasticidade e a coordenação também. O medo de prejudicar o bebé impõe-se.

No entanto, nada é impossível e muitas bailarinas profissionais há que continuam a trabalhar até ao fim da gravidez. Mas atenção: nada deve ser feito sem autorização e acompanhamento médico, com cuidados redobrados no que respeita à alimentação e à atividade física, adaptando tudo o que for necessário.

VÍDEO GRAVADO DURANTE UMA AULA QUE JANDIRA BAPTISTA DEU COM O BAILARINO TARIK CHAND, NO “AT YOUR BEAT STUDIO”, EM LONDRES.

Jandira Baptista:
a bailarina que dançou até ao final da gravidez

Bailarina profissional e professora de dança, Jandira Baptista escolheu viver este período da sua vida a trabalhar e a dançar até muito pouco tempo antes de dar à luz.

“Sinto-me bem, abençoada e inspirada! Ansiosa por ter a minha pequena em meus braços”, disse a mais recente mamã, aquando da nossa conversa, uns dias antes da sua filha Zoe nascer. E continua: “Quando olho para trás orgulho-me, estou em paz. Tenho muito que fazer, mas estou ciente de que sou capaz e de que ser mãe me dá ainda mais força.”

Jandira nasceu em Portugal, há 33 anos. Há cerca de 10 meses mudou-se para Londres, com o objetivo de dançar muito e crescer ainda mais enquanto bailarina e professora de dança. Escusado será dizer que a gravidez não foi, de todo, programada e que era algo que, na altura, não esperava.

Soube que ia ser mãe já em Londres, com três meses de gestação. “Penso que foi a adrenalina e a ansiedade da mudança que não me deixaram perceber antes. Estava a preparar-me para trabalhar fora do meu país, para fazer audições, treinar, entre muitas outras coisas”, conta.

Sentiu-se a 200% fora da sua zona de conforto: “Foi um misto de felicidade com pânico. Não estava sequer em minha casa. Tive inseguranças em relação à carreira, em como iria gerir este recomeço com a gravidez e, além disso, o fator idade também me deu que pensar… Saiu tudo diferente daquilo que tinha planeado, mas aceitei. Ser mãe sempre fez parte dos meus sonhos, tomei a decisão de seguir em frente e, rapidamente, tudo se tornou secundário.”

Dançar é uma forma de esquecer os sintomas da gravidez

Para a bailarina, trabalhar grávida é “viver um dia de cada vez”, consciente que de há dias melhores e piores, alguns cansativos e stressantes. Mas, nem tudo é mau, dançar foi uma forma de se abstrair dos sintomas da gravidez e de estar ativa. A partir dos cinco meses abrandou, passou a trabalhar entre dois a três dias por semana e, no final, apenas um dia. Porém, sem nunca deixar de treinar. Deu aulas sem dificuldade, sentiu-se sempre bem, até porque “é algo natural” para si. No final de cada sessão, sentia que “toda a energia desaparecia”.

A pequena Zoe nasceu em Londres, no dia 11 de junho. É filha do bailarino Edgar Carvalho, que se mudou com Jandira para a capital do Reino Unido.

Para terminar, a mãe da Zoe deixa uma mensagem de otimismo: “Não tenham medo. Só paramos se quisermos. É preciso muita disciplina e vontade, mas tudo se faz. Somos privilegiadas, porque o que fazemos permite-nos conciliar o nosso trabalho com a maternidade e com o estar mais tempo com a criança. Agrada-me a ideia de ir ensaiar ou de ir dar aulas e levar a minha pequena. Façam por relaxar e respeitar cada fase. Aproveitem para aprender a fazer outras coisas. Observem os outros a dançar, o movimento. Financeiramente, se possível, é bom ter ‘um pé de meia’, para este tipo de surpresas, excelentes! Senão, há sempre solução.”

A história de Jandira

“Dança significa vida”
Jandira Baptista dança desde sempre. Cresceu num ambiente de DJ’s e bailarinos. Porém, a nível profissional, iniciou-se tarde, aos 22 anos. Pensava que o futuro lhe reservava uma carreira enquanto estilista ou ligada à política, isto porque desenhava roupa e fazia desenho de observação a óleo e, também, porque o seu avô era empresário e diplomata, acabando por captar o seu interesse para as políticas sociais e de sustentabilidade.

A sua carreira na dança começou quando, finalmente, decidiu enfrentar o medo de participar em competições. Foi-se destacando e ganhando prémios em eventos nacionais e internacionais, conhecendo pessoas na área e sendo convidada para dar aulas. Tudo aconteceu naturalmente. Começou a viajar através da dança e a organizar eventos e workshops como forma de contribuir para o desenvolvimento da comunidade em Portugal.

Dança um pouco de tudo e, atualmente, dá, sobretudo, aulas de Hip Hop, House, Waacking, Popping e High Heels.

Sinais de problemas psicológicos nas crianças

Assinala-se, hoje, o Dia Mundial da Criança

DR.

Ser criança é ser pequeno em tamanho e grande em sonhos. É ter no sorriso o dom de trazer a felicidade a quem as rodeia. Ser criança é tudo! É ser inocente, é acreditar no mágico, no maravilhoso e no fantástico, mas é, também, ter medos, traumas e frustrações. Por isso, os pais devem estar atentos e informados para que as possam apoiar, sempre que alguma situação coloque em causa o seu bem-estar psicológico.

Como identificar problemas psicológicos nas crianças
Joana Peres Carneiro, psicóloga clínica, lembra que os mais pequenos se exprimem de forma diferente dos adultos: “Têm mais dificuldade na expressão verbal das suas emoções e, por essa razão, manifestam o seu estado emocional através do comportamento e das atitudes.”

Alterações nos padrões de sono e alimentar, enurese (perda involuntária de urina), isolamento, medos repentinos, irritabilidade, baixa capacidade de concentração e de atenção, comentários depreciativos em relação a si e ao seu corpo, comentários relativos à vontade de “desaparecer”, choro sem motivo aparente, sintomas de ansiedade, irrequietude, comportamentos agressivos e autolesivos são, de acordo com a psicóloga, motivos de alerta.

“Os pais devem estar atentos, não apenas quando a criança passa por algum episódio marcante, mas também na existência de sinais que surjam sem motivo aparente. Pequenas e pontuais situações, às quais não damos importância, poderão perturbar a criança e ter um grande impacto na sua vida”, refere Joana Peres Carneiro.

É, no entanto, de realçar que existem reações adequadas a determinados acontecimentos. Sentir tristeza, raiva e ansiedade, perante situações que assim o exijam, “é natural e saudável”.

“Não podemos querer que a criança esteja feliz, quando é suposto estar em sofrimento. Porém, caso os sinais perdurem no tempo, de forma desproporcionada e com intensidade desmedida, ou se limitarem o seu funcionamento, é importante procurar ajuda.”

Situações que podem originar transtornos
Divórcio dos pais, nascimento de um irmão, mudança de casa ou de escola, morte de alguém próximo, pressão relativamente ao desempenho no desporto e às notas escolares, são acontecimentos que podem levar a alguns desajustes emocionais.

Além disso, problemáticas como bullying na escola, maus-tratos físicos e emocionais por parte da família, vício em jogos e sobreexposição nas redes sociais, entre outras, podem obviamente desencadear instabilidade emocional.

Segundo Joana Peres Carneiro, o que para uma criança pode ser encarado de forma normal, sem qualquer alteração no seu equilíbrio emocional e funcional, para outra pode levar a alguma desestabilização. “Todas são diferentes. Desenvolvem-se a ritmos distintos, física e emocionalmente, e não devem ser comparadas entre elas”, salienta a psicóloga.

“É essencial deixarmos as crianças ser crianças e, tanto quanto possível, que tenham apenas as preocupações típicas da idade”, afirma Joana Peres Carneiro. E continua, mencionando que, por vezes, os pais esquecem-se que os filhos são como uma “esponja”. Ou seja, que absorvem tudo o que ouvem e veem, quer seja bom ou mau. Trata-se situações ansiogénicas e perturbadoras, uma vez que não estão ainda aptos para as entender e gerir internamente

Ajuda profissional
Joana Peres Carneiro salienta que os pais devem ter tempo para os filhos. “A criança deve sentir que a mãe e o pai se preocupam, que querem saber de si e que estão sempre dispostos a ouvi-la. Assim, vão ter confiança para partilhar algumas das coisas que sentem e, pelas quais, possam estar a passar.

“Saber que pode contar com os seus pais e que não vai ser ridicularizada, culpabilizada, nem comparada com o irmão ou com outra criança, é meio caminho andado para que não se construam muros internos”, explica a psicóloga.

Mas atenção: se, apesar de tudo, sentir que o seu apoio não está a ser suficiente para manter o bem-estar psicológico do seu filho, por que não recorrer à ajuda de um psicólogo?!

Sempre que verificar que a vida da criança está a ser afetada e a sofrer alterações que colocam em causa o seu bom funcionamento, pode e deve recorrer ao apoio destes profissionais de saúde. Sem tabus!

Além disso, uma ida ao psicólogo pode ser feita como meio de prevenção e não apenas como tentativa de atenuar sintomas. Se considerar que um evento que está na eminência de acontecer – separação dos pais, nascimento de um irmão, mudança de escola -, pode vir a fragilizar a criança, não descarte esta opção.

Foto tirada em Hmong Village, Luang Prabang, Laos

Joana Peres Carneiro, psicóloga clínica:

“A Psicologia é fascinante no que toca à interpretação de comportamentos e de palavras”

Joana Peres Carneiro desenvolve o seu trabalho, em contexto privado, com crianças, adolescentes e adultos, assim como numa instituição de apoio a crianças em risco, vítimas de maus tratos psicológicos e físicos, de abusos e de negligência.

Histórias – Por que razão se formou em Psicologia?
Joana Peres Carneiro (JPC) – Decidi que queria ser psicóloga aos 14 anos. Na altura, acreditava que ia ser capaz de interpretar o que as pessoas pensavam só de olhar para elas e para o que faziam.

Depois, percebi que, de facto, a Psicologia é fascinante no que toca à interpretação de comportamentos e de palavras, mas que pode ser muito mais do que isso! A Psicologia é uma grande ajuda ao outro, ao seu bom desenvolvimento, bem-estar e equilíbrio, além de que se enquadra em qualquer contexto!

Histórias – E a área das crianças como é que surgiu?
JPC – Entrou na minha vida através dos estágios académico e profissional. Mais tarde, acabou por ocupar a grande maioria da minha vida profissional. É uma área interessante e extremamente gratificante.

Muitas vezes, é também um desafio, pois não trabalho apenas com a criança, mas em tríade, com os pais, que são motores fundamentais para que este trabalho clínico chegue a bom porto.

Histórias – Qual o papel da Psicologia Infantil?
JPC – O trabalho do psicólogo passa por identificar o que se passa com a criança e, à semelhança do que deve acontecer com o adulto, por estabelecer uma relação de confiança. Através do lúdico (brincadeiras e jogos), de conversas e de desenhos são identificadas e interpretadas as dificuldades da criança. O objetivo é desbloqueá-las e tornar o mundo da criança mais suportável e leve.

Histórias – Que tipo de apoio é dado aos pais, para que possam compreender e acompanhar melhor os seus filhos?
JPC – Neste trabalho clínico é fundamental o envolvimento dos pais. Se a criança perceber que a sua ida às consultas de Psicologia não é valorizada, possivelmente também as vai desconsiderar, prejudicando o seu envolvimento na relação terapêutica.

Desde que os pais sejam colaborantes, é fácil e benéfico envolvê-los no processo, pois será uma equipa a trabalhar para um bem comum: a criança. Cada um tem um papel fundamental, nunca esquecendo que aquele é o espaço e o tempo da criança, que não deve ser invadido e, sim, respeitado.

Muitas vezes, são necessárias sessões pontuais com os pais, onde são abordados assuntos relacionados com a criança e realizada a devolução do estado do processo psicológico. Contudo, sempre sem quebrar o sigilo daquilo que é falado entre o psicólogo e a criança. Estas sessões servem também para orientar os pais e dar-lhes algum aconselhamento parental.

10 recomendações para uma boa noite de sono

Assinala-se hoje o Dia Mundial do Sono

Sabias que 46% dos portugueses com idade igual ou superior a 25 anos dormem menos de 6 horas por dia? Que 21% dizem que demoram mais de 30 minutos para adormecer? Que 32% consideram ter um mau sono? E que 40% reportam dificuldade em manter-se acordados durante a condução e outras atividades diárias?

Pois, é verdade! Estes são dados de um questionário realizado online pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia e pela Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho que abrangeu uma amostra de 643 portugueses com idade igual ou superior a 25 anos e que  estão a ser  agora divulgados, no âmbito do Dia Mundial do Sono.

Tendo em conta estes resultados, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia divulgou um vídeo onde as médicas Susana Sousa e Sílvia Correia alertam para os riscos das noites mal dormidas e para os maus hábitos de sono repetidos ao longo da vida e deixam algumas recomedações para que os portugueses possam dormir melhor.

Não deixes que a noite te estrague o dia, segue estas 10 recomendações para uma melhor noite de sono: 

– Evita cafeína, álcool e nicotina 4 a 6 horas antes de dormir
– Mantém a temperatura do quarto a 18/19 graus
– Mantém o quarto escuro e livre de ruídos
– Tem um colchão e uma almofada confortáveis
– Dá preferência à leitura e não utilizes tablets, telemóveis ou outros dispositivos eletrónicos antes de dormir
– Toma um banho de imersão cerca de duas horas antes de ires para a cama
– Pratica exercício físico, mas evita o final do dia (pelo menos 3 horas de intervalo antes de dormir)
– Mantém horários regulares de sono, evitando variações na hora de dormir e acordar
– Mantém-te à luz solar de manhã, mas evita a exposição à luz intensa durante a noite
– Evita refeições pesadas ou picantes ao jantar

Enfarte do miocárdio vitimiza quase duas mil mulheres por ano

Assinala-se hoje o Dia Internacional da Mulher

Artigo de Opinião de Elisabete Jorge, Cardiologista de Intervenção e membro da Comissão Científica da Campanha Cada Segundo Conta

As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte em Portugal. Em 2017, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, morreram 1917 mulheres com enfarte agudo do miocárdio.  A obstrução das artérias do coração por placas de gordura (a doença coronária) pode manifestar-se de várias formas, desde dor no peito em esforço, até ao perigoso enfarte agudo do miocárdio e à dramática morte súbita. Os fatores de risco são bem conhecidos e potenciam-se entre si, fazendo com que pequenas elevações em vários parâmetros condicionem em conjunto um maior risco.

O controlo eficaz dos seguintes fatores de risco e a implementação de um estilo de vida saudável podem reduzir em 80% a incidência de enfarte agudo do miocárdio, nas mulheres:

  1. O tabagismo é o fator mais importante para o desenvolvimento de doença coronária e causa 50% das mortes evitáveis. Nos fumadores o risco é 60-70% superior aos dos não fumadores. O tabaco deve ser evitado em absoluto, pois não há nenhum nível de exposição que seja considerado seguro. Deixar de fumar é a medida mais eficaz para reduzir o risco de doença coronária.
  2. Na diabetes existe excesso de açúcar no sangue. Isto acontece quando o pâncreas não produz insulina suficiente e/ou quando esta não atua eficazmente, esta última forma associada ao excesso de peso e ao sedentarismo. Esta doença necessita de ser bem controlada de forma a evitar complicações, nomeadamente cardíacas, pois estas são a principal causa de morte nos diabéticos.
  3. Portugal tem uma realidade dramática em relação à hipertensão arterial (HTA). Em geral, a pressão arterial deverá ser <140/90 mmHg. É fundamental um cumprimento rigoroso da medicação e uma redução do sal na alimentação.
  4. A dislipidémia corresponde a um aumento do colesterol, dos triglicerídeos ou de ambos. A redução das gorduras na alimentação e o cumprimento rigoroso da medicação (“estatinas”) são fundamentais para o seu controlo.
  5. A obesidade ocorre quando o número de calorias ingerido é superior ao que é gasto, sendo armazenadas em gordura. Esta associa-se à diabetes, dislipidémia e HTA que, no seu conjunto, aumentam o risco de enfarte agudo do miocárdio. Uma dieta pobre em gorduras saturadas e baseada no consumo de vegetais, fruta e peixe – a dieta mediterrânica – é fundamental na prevenção cardiovascular.
  6. O risco de desenvolver doença cardiovascular aumenta 50% nas pessoas que não praticam atividade física. Recomenda–se a prática de 30 minutos/5x por semana de exercício aeróbico de intensidade moderada ou 15 minutos/5x por semana de exercício de elevada intensidade. O exercício diminui a pressão arterial, os níveis de colesterol, melhora os níveis de açúcar, reduz o peso e melhora o bem-estar psicológico.

Para aumentar a consciencialização para o enfarte agudo do miocárdio, a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) está a promover a campanha Cada Segundo Conta, uma iniciativa que tem como objetivos promover o conhecimento e compreensão sobre o enfarte agudo do miocárdio e os seus sintomas; e alertar para a importância do diagnóstico atempado e tratamento precoce. Para mais informações sobre esta campanha consulte www.cadasegundoconta.pt

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), uma entidade sem fins lucrativos, tem por finalidade o estudo, investigação e promoção de atividades científicas no âmbito dos aspetos médicos, cirúrgicos, tecnológicos e organizacionais da Intervenção Cardiovascular. Para mais informações consulte: www.apic.pt

35% dos fumadores tentam deixar de fumar

Assinala-se hoje o Dia Nacional do Não Fumador

DR.

Artigo de opinião de Rui Alves, médico de Medicina Geral e Familiar do Centro de Saúde de Sete Rios

O consumo de tabaco é a principal causa evitável de cancro, doença respiratória crónica e doenças cardiovasculares. O tabagismo continua a ser um dos principais causadores de perda de qualidade de vida e mortalidade prematura. A promoção da cessação tabágica é a melhor forma para reduzir o número de mortes por doenças associadas ao tabaco nos próximos vinte a trinta anos.

Estudos indicam que cerca de 80% dos fumadores expressam vontade de deixar de fumar, no entanto, apenas 5% consegue deixar com êxito e sem ajuda médica. Todos os anos, 35% dos fumadores tentam deixar de fumar, contudo a taxa de sucesso é reduzida.

Deixar de fumar é difícil. Tratando-se de um hábito com dependência física e psíquica, os sintomas de privação do tabaco nem sempre se conseguem ultrapassar sem ajuda. No entanto, sabemos que é quatro vezes mais fácil deixar de fumar com ajuda médica, pois permite controlar e diminuir os níveis de ansiedade durante o processo.

Planear a decisão calmamente e recorrer a ajuda junto do médico de família é essencial, assim como envolver família, amigos e colegas de trabalho em todo o processo. Anunciar a decisão de deixar de fumar vai reforçar e tornar mais simples de cumprir o compromisso que estabeleceu.

Atualmente existem consultas de cessação tabágica nos centros de saúde e hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Recomenda-se assim, que o processo de fumar seja apoiado por uma equipa multidisciplinar, de forma a que seja feito um maior controlo e preparação de todas as situações novas que a pessoa terá de experienciar. É também aconselhado que durante os primeiros 3 meses de cessação, o fumador se concentre apenas na cessação tabágica e melhore ou modifique os seus hábitos de vida, alimentação e higiene do sono, promovendo ainda o exercício físico.

As pessoas que deixam de fumar vivem em média mais 10 anos, reduzem para metade o risco de sofrer de doença cardiovascular, assim como o risco de sofrer de cancro e de doenças respiratórias. Quanto mais cedo for tomada a decisão, maiores serão os benefícios em termos de saúde.

Vai uma “massagem com alma” e energia positiva?!

O ritual é praticamente sempre o mesmo. Ambiente escuro, iluminado por luz de velas, música relaxante… Perfeito para descontrair! Sou recebida pela simpática, doce e sorridente Patrícia Caldeira, massagista, que me dá dois beijinhos e me pergunta como estou. Tiro a roupa, deito-me na marquesa e lá começa a tortura… Uma tortura boa, que me deixa bem mais leve, descontraída, feliz e sem dores nas costas! A massagem nem sempre é boa, dói. Mas a verdade é que resulta! “Ai, este pescoço está péssimo!”, diz quase sempre, mas acrescenta também que, ainda assim, estou muito melhor. E eu sei que estou, sinto!

Esta última sessão, teria sido “igual a todas as outras” se no final não tivesse ficado a conversar com a massagista da Gémeos Academia, em Lisboa, que me explicou todos benefícios da massagem de recuperação, tanto a nível físico, como emocional e energético. Isso mesmo, emocional e energético!

Considera que a massagem é a sua vocação e, cá só entre nós, eu acredito! Massagista, mas também psicóloga, Patrícia Caldeira tem 35 anos, está nesta área há 14 e, tal como explica, durante cada sessão trabalha para libertar as contraturas, distensões, luxações e “nós” musculares dos seus clientes, mas não só. Faz muito mais que isso! Ajuda a pessoa a libertar as suas emoções negativas, permitindo a fluidez energética.

“Tudo o que sentimos tem consequências físicas. As emoções negativas são as que mais reprimimos e quando não trabalhadas acabam por gerar problemas como stress, ansiedade, depressão, esgotamento, ataques de pânico, cansaço, insónias, pesadelos, enxaquecas, medos, raiva, obesidade, mente confusa, fazendo com que percamos toda a nossa energia e conexão com o nosso interior”, explica Patrícia Caldeira.

Acrescentando que tudo isto vai originar também dores musculares e nas articulações, nós, contraturas, massas físicas, sobretudo na zona do pescoço e omoplatas. “São resultados de emoções mal resolvidas, que se refletem no nosso corpo.” Estes sintomas são agravados, no dia-a-dia, pela nossa postura e esforço no trabalho e em casa.

“Todas as sensações que se geram com o coração vão bloquear o mesmo chakra –  núcleo de absorção de energia – nas costas, diminuindo assim a fonte de energia da pessoa e criando os tais nós na dorsal, até ao pescoço”, explica.

Durante uma sessão é possível libertar as emoções negativas e absorver as positivas, que nos são transmitidas pelo profissional, daí “a importância do toque do massagista”.

“Imagina o que seria teres uma pessoa fria, nervosa e irritada a fazer-te uma massagem! Quando há toque, há troca de energia e um bom profissional tem de passar bons sentimentos e ajudar a libertar a emoção negativa”, exclama Patrícia.

Massagem atua a nível emocional e físico

A massagem de recuperação da Patrícia atua ao nível do corpo emocional e físico, libertando tensões musculares, que comprometem o bem-estar e a saúde.

Com as “suas mãos de fada”, pelas quais é tão conhecida, a Patrícia desfaz os “nós” físicos que estão a fazer pressão sobre determinado chakra, tendo a pessoa uma sensação imediata de leveza.

“Quando desfaço um nó liberto a emoção que o provocou, que pode ser de raiva, de tristeza…”, afirma, acrescentando que todo este processo é inconsciente para o cliente. “Esta é uma forma de trabalhar a parte emocional e a física. Porém, as pessoas não têm noção deste lado psicoterapêutico da massagem”, indica. E acrescenta: “Normalmente, pensam que, ao fazer a massagem e ao tirarem os nós, ficam bons. Não é bem assim, porque voltam a ter a mesma semana, as mesmas emoções e sentimento.”

Patrícia Caldeira trabalha também a respiração durante a sessão, que contribui para a, já tão referida, libertação de emoções e tensões acumuladas, denominadas de stress emocional.

A massagem regular ajuda não só a limpar as emoções negativas presentes, como a prevenir que novas emoções se instalem fisicamente.

Em suma, a massagem de recuperação – ou a “massagem com alma” da Patrícia – ajuda na recuperação muscular, melhora a mobilidade e a elasticidade, ajuda na remoção do ácido lático, em caso de se tratar de uma pessoa que treine diariamente, e liberta as emoções negativas.

“Além de tudo isto há, ainda, as emoções positivas que a massagem gera, como a alegria, a leveza, o conforto”, acrescenta.

E conclui: “Nós, massagistas, aprendemos a trabalhar a nossa própria energia e a libertar muita da emoção negativa que soltamos.”

Massagista por paixão e vocação

“Ser massagista é ter o dom de curar com as mãos e isso para mim é uma bênção”, afirma a doce massagista ao falar da sua profissão. Patrícia tirou um curso de técnica auxiliar de Fisioterapia, em 2004, e concorreu a um concurso público para massagista no Estádio Universitário de Lisboa, onde trabalhou durante 10 anos. “Penso que desenvolvi uma massagem mais forte porque comecei logo a trabalhar com homens, atletas, com muitas contraturas.”

Mais tarde, decidiu tirar outro curso: “Com o meu trabalho como massagista fui percebendo que as pessoas têm muita necessidade de falar e que vão desabafar com alguém que não seja conhecido, porque podem falar de tudo. Achei que gostavam de conversar comigo, que podia aprender mais e que fazia todo o sentido tirar um curso de Psicologia.” Tirou a licenciatura e o mestrado.

Considera que este segundo curso foi uma mais-valia para si, também, enquanto massagista. “Não tinha tanta noção do lado físico-emocional do tratamento da massagem.”

E termina: “Gosto de ser psicóloga, de trabalhar com grupos, mas ser massagista dá-me aquela gratificação maravilhosa de ver que determinada pessoa que um dia entrou no gabinete com uma dor enorme, muito triste, abatida e cheia de emoções negativas, passado dois ou três meses é outra. Muito mais feliz!”

Patrícia Caldeira trabalha como massagista na Gémeos Academia, em Lisboa, às quartas-feiras e sábados. Para marcar ou para mais informações basta contactar este espaço ou enviar um email para patricia_caldeira@sapo.pt e seguir a sua página de Instagram.

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