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Aleitamento materno: o melhor para os bebés

DR.

A amamentação é a melhor forma de alimentar os bebés, sendo os benefícios mais óbvios para o bebé e a mãe, mas estendendo-se a toda a família e sociedade. É a forma mais antiga, natural e universal de alimentação dos pequenos humanos. É recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a alimentação ideal para os bebés em todo o Mundo, em exclusivo até aos 6 meses e depois mantida com a introdução progressiva dos outros alimentos. A duração “ótima” é desconhecida, sendo recomendada pela OMS até aos 2 anos ou mais, reconhecendo-se benefícios enquanto a mãe e a criança a queiram manter.

Os benefícios para o bebé são geralmente o grande motivador das mães, vão desde a nutrição e hidratação ótimas e adequadas a cada fase de cada bebé, transmissão de imunidade, regulação térmica e conforto, estimulando o ideal desenvolvimento da boca, dentes e linguagem e ajudando a estabelecer a ligação com a mãe. Diminui o risco de morte-súbita. É especialmente importante em recém-nascidos e bebés prematuros. Há ainda benefícios para o bebé a longo prazo, diminuindo o risco de obesidade, diabetes e alguns tipos de cancro.

Os benefícios para a mãe começam no pós-parto imediato, diminuindo o risco de hemorragias graves, fortalecendo a ligação com o bebé, providenciando um momento de pausa nas outras atividades e ajudando na perda de peso. Diminui o risco de obesidade, diabetes, osteoporose e vários cancros (especialmente da mama) a longo prazo. Em Portugal as mães que amamentam e trabalhem podem solicitar ajuste e redução de horário à entidade patronal.

Toda a família beneficia com a amamentação, pelo seu menor custo e ótima segurança e conveniência. A amamentação reduz temporariamente a fertilidade materna, contribuindo para o espaçamento das gravidezes.

Os benefícios para a sociedade são em primeira análise o menor custo com a alimentação dos bebés, mas sobretudo com o tratamento das doenças evitadas (do bebé e da mãe), diminuição do absentismo da mãe (já que os bebés adoecem menos) e globalmente, beneficia também o ambiente, já que a amamentação é a opção mais ecológica.

Estes benefícios são ainda mais evidentes em locais ou momentos em que as alternativas desaparecem ou são menos seguras (catástrofes, saneamento inadequado, pobreza extrema). Durante a presente pandemia de covid as recomendações internacionais têm sido veementes: as mães infetadas com covid devem ser apoiadas a amamentar, mesmo se sintomáticas (sendo que a mãe doente deve usar máscara e medidas de higiene reforçadas), pois os benefícios da amamentação parecem superar largamente o risco de infeção dos bebés.

Então e os “malefícios”, as desvantagens – são raras as situações em que é recomendado não amamentar – geralmente por infeções ou fármacos (da mãe) que passem para o bebé e cujo risco supere os benefícios acima listados (devendo ser avaliados caso a caso por profissional de saúde qualificado e atualizado). A mãe pode optar por não amamentar para partilhar ou ceder a tarefa de alimentar o bebé. Infelizmente, muitas mães desistem de amamentar (ou limitam a duração da amamentação) por dificuldades no processo de amamentação (feridas, mastites), pressão laboral, da sociedade e mesmo de familiares.

Quais as alternativas – quando a mãe não pode ou não quer amamentar, pode recorrer a várias alternativas: a Organização Mundial de Saúde recomenda o leite humano (bancos de leite) como primeira alternativa, para recém-nascidos; as amas-de-leite como segunda alternativa, e só depois as fórmulas de “leite adaptado”. O leite de vaca “normal” (não adaptado a bebés), leite de outros animais e as bebidas vegetais não são recomendadas para os primeiros 12 meses de vida.

Independentemente das escolhas, as Mães deveriam ser mais apoiadas por todos, pois enquanto parte da sociedade, todos queremos e todos ganhamos com o que todas as Mães querem, o melhor para os Bebés.

Artigo de opinião de Inês Palma dos Reis, coordenadora do Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI)

Hoje estou de parabéns: faço 40 anos!

“Os 40 anos são uma idade terrível. A idade em que nos tornamos naquilo que somos”, Charles Péguy

Hoje faço 40 anos. Isso mesmo QUARENTA! Um número tão assustador, quanto merecedor de respeito.

Pela primeira vez, acordei com os dois pés bem assentes no mundo dos adultos. Finalmente, sou uma senhora. Tenho 40 anos e orgulho nisso.

Talvez fosse minha obrigação estar a passar por uma crise de identidade, a sentir-me nostálgica, com medo do futuro – que começa a tornar-se finito – e frustrada por todos os sonhos que ainda não realizei. Não é o caso, pelo menos para já.

“Os 40 anos são uma idade terrível. A idade em que nos tornamos naquilo que somos”, Charles Péguy

40 anos

Hoje faço 40 anos. Isso mesmo QUARENTA! Um número tão assustador, quanto merecedor de respeito.

Pela primeira vez, acordei com os dois pés bem assentes no mundo dos adultos. Finalmente, sou uma senhora. Tenho 40 anos e orgulho nisso.

Talvez fosse minha obrigação estar a passar por uma crise de identidade, a sentir-me nostálgica, com medo do futuro – que começa a tornar-se finito – e frustrada por todos os sonhos que ainda não realizei. Não é o caso, pelo menos para já.

Falta-me muita coisa. Tanto, mas tanto… Tudo aquilo que sonhei e que acreditei que aos 40 anos já teria. Mas que não tenho. Estas 4 décadas não me trouxeram o que queria, mas trouxeram-me tudo.

Muito mais do que algum dia pensei que pudesse viver, sentir, perceber… Pessoas e experiências inesquecíveis e enriquecedoras, que me tornaram melhor, mais tranquila, mais segura, mais feliz e, sobretudo, mais humana. Com certeza das minhas convicções, daquilo que quero e em que acredito, do mundo em que quero viver… Do mundo que quero ajudar a construir.

E o que seria de mim se estes 40 anos já me tivessem trazido tudo aquilo que sempre quis e que continuo a querer com todas as minhas forças?

Que venham as próximas realizações, mas que não demorem. Afinal, já tenho 40 anos!

Parabéns para mim!

Há dias assim…

Há dias em que estou bem em casa e dias em que só me apetece sair. Há dias em que estou calma e em paz e dias em que me sinto triste e ansiosa. Há dias em que estou bem sozinha e dias em que tenho saudade de tudo e de todos. Há dias em que a paz e a tranquilidade reinam nesta casa e dias em que quem se faz sentir é a dúvida, a indecisão, a incerteza e o medo do que o futuro me trará.

Há dias e dias…

O tempo passa. A vida não parou, mas perdeu praticamente todo o seu ritmo.

Aquele ritmo incessante, que me esgotava e me levava a esquecer-me de mim. A “perder a consciência” do meu eu, daquilo que sou, que quero, que defendo e em que acredito. Dos meus princípios, da pessoa que quero ser.

Aquele ritmo que me fez perder a noção da passagem do tempo e que, constantemente, me tornou indiferente aos outros, às suas necessidades e à sua reação perante minha já habitual ausência…

Aquele ritmo, que tanto me cansava e que eu tanto desejava que abrandasse, desapareceu por completo…

E o equilíbrio?!

É tempo de pensar, mas não demais. De aprender a lidar comigo mesma, com minhas as ansiedades e medos. É tempo de dedicar-me à casa e, sobretudo, à doce, meiga e teimosa velhinha que vive comigo e que tanto mimo me dá. De falar mais com os amigos, mesmo que à distância, mas de não fazer promessas que depois não vou poder cumprir, quando a vida voltar ao “normal”.

É tempo de fazer planos, de entender os meus sonhos e de perceber como os poderei alcançar. Mas, não pode ser tempo de antecipar o futuro. Não faz bem e a mim, em particular, provoca-me falta de ar!

É tempo de ser grata. Parece cliché, mas é a realidade. E estou a referir-me apenas a mim e à minha situação. Tenho consciência de que nem tudo é fácil.

Cada vez mais sei que não quero ser “tudo e mais alguma coisa”. Não é preciso. Apenas quero ser equilibrada e feliz.

Hoje deu-me para isto, escrever, escrever e nada dizer. Há dias assim…

1,2,3… menos uma beata de cada vez!

Assinala-se hoje o Dia do Ex-Fumador 

DR.

Tenho de começar este texto com uma confissão oficial: já não estou numa relação abusiva com o cigarro… há quase 12 meses, optei por terminar este relacionamento que durou alguns anos e acabei por dar prioridade à minha saúde.

Como todas as relações abusivas, criei uma dependência física e emocional com o cigarro, mas, desde há uns meses a esta parte, o tabaco não passa de um ex-companheiro, daqueles com quem decidimos terminar um namoro que não tem pernas para andar, sem pensar duas vezes.

O motivo? Voltei a apaixonar-me verdadeiramente pela vontade de viver a vida. Esta “relação” com o tabaco estava a destruir-me aos poucos, era uma espécie de vício, que me limitava a liberdade. Não havia grande margem para continuar esta relação. Os encontros só podiam acontecer em espaços exteriores. Sim, é curioso perceber que as pessoas, no geral, afastavam-se desta relação tóxica… é como se o ar fosse poluído pela presença de ambos. Ninguém aceitava a nossa relação dentro de quatro paredes!

Só por este motivo percebe-se bem que esta relação estava condenada ao fracasso. No fundo, esta relação só pode ser comparável a uma paixão doentia, que nos tira o fôlego, dia após dia… a verdade é que coloquei um ponto final nesta relação com o cigarro e, quando recuo no tempo, não poderia deixar de me sentir orgulhosa, por ter tido a coragem de cortar as amarras que muitos,  por se sentirem reféns de uma dependência, nunca conseguiram cortar. Tenho de congratular todos os ex-fumadores desta vida, porque conseguiram livrar-se de uma relação difícil com o tabaco.

1,2,3 e uma baforada de cada vez… 4,5,6 e mais um prego para o caixão… Parece exagero, não é! Um prego para o caixão. Mas a verdade é que o tabaco, independentemente de ser aquecido ou usado pela via convencional, é responsável por inúmeras mortes prematuras, todos os dias! Não queria ter de dar esta notícia de chofre, mas alguém tem de alertar para os factos, não é verdade? Pior ainda: a decisão de fumar ou abandonar em definitivo este vício depende de cada um de nós, individualmente. E já diz o ditado que mais vale prevenir do que depois remediar.

Quando se larga o cigarro, e meses depois de o nosso corpo se restabelecer sem reservas de nicotina, percebemos que cada “passa” não passa de um tiro quase certeiro na nossa saúde. Se há maneira de “queimar” os minutos que temos nesta vida, essa maneira é através do fumo do tabaco. É uma maneira de queimar o tempo, de subtrair os minutos neste planeta cheio de loucos (é certo!), mas onde habitam algumas das pessoas que mais contribuem para a nossa felicidade.

Foi por este motivo, e por acreditar que há mais vida para além do tabaco, que há aproximadamente 12 meses decidi deixar de fumar. Foi uma decisão difícil, porque acabar um relacionamento tão longo, que durou anos, nunca será algo que se consegue de ânimo leve. Mas teve de ser. Ou seria isso ou iria manter em suspenso um projeto que está prestes a concretizar-se na minha vida: a maternidade.

Já havia feito uma tentativa prévia para abandonar esta relação, que eu sabia ser abusiva, e consegui manter-me afastada do cigarro durante mais ou menos dois anos, depois de um enorme susto, que me limitou a capacidade de respirar. Durante dois anos, enquanto me lembrava da sensação de não conseguir respirar, mantive-me longe desta relação com o cigarro. Sempre tive vontade de colocar um ponto final definitivo nesta relação, mas, como em praticamente todas as relações abusivas, chegamos a pensar que a nossa vida não faz sentido sem aquele elemento da equação: o cigarro.

O cigarro parece a “companhia” perfeita, que está connosco ao final do dia, quando a noite cai e o silêncio parece demasiado pesado. Parece que o cigarro – com quem mantemos uma relação sinérgica – nos deixa mais confiantes e estimula o nosso raciocínio. De repente, deixamos de conseguir pensar sem um cigarro na mão… mas onde está a verdade no meio disto tudo? A verdade é que o cigarro tem um poder magnético e, por vezes, se decidimos dar uma nova oportunidade a esta relação, acabamos por ficar novamente enredados pelo tabaco.

Outra verdade é que só podia “andar de mãos dadas” com o cigarro em espaços exteriores… sentia que havia um certo ostracismo por parte de terceiros relativamente à relação que mantinha com o tabaco. Havia a proibição de me encontrar com o tabaco em espaços fechados. Quase todos os encontros pareciam clandestinos e alguns deles até bastante fugazes.

É um prazer momentâneo, que compartilhava com  outros que, como eu, também estavam em relações semelhantes e abusivas com os seus respetivos cigarros. Depois de cada encontro havia alguns olhares de soslaio, provavelmente aqueles que agora lanço a quem ainda mantém relações do género… há uma condenação quase pública, mas silenciosa, porque toda a gente sabe que estas relações tóxicas são prejudiciais. Há avisos públicos e mensagens bem claras que alertam para relações deste género. Há especialistas que se dedicam a ajudar os que querem sair destas relações, mas toda a gente reconhece que estas relações com o cigarro são difíceis de terminar.

Após cada “beijo” que damos a um cigarro ninguém pode negar que fica um amargo de boca… além disso, esta relação tóxica entranha-se nas nossas roupas e nas nossas vísceras. Não há ninguém que não perceba, através dos sinais olfativos e visuais, que estamos numa relação com o tabaco…

Amor (próprio) é um cigarro que se apaga, porque os benefícios para a saúde, após duas a três semanas sem fumar, são incalculáveis. Depois, a longo prazo os benefícios multiplicam-se e o corpo, aos poucos, liberta-se de todos os componentes químicos que nos causaram dependência física e psicológica.

Há quem decida apagar o cigarro de uma só vez da sua vida. A esses, os corajosos e que optaram por dar mais tempo à vida, devo dar os parabéns. Porque, independentemente dos motivos que nos levam a deixar de fumar, a vida vale sempre muito mais do que um simples cigarro.

E bem sei que a tentação está à espreita a cada esquina e que há sempre quem lucre com estas relações abusivas, fazendo acreditar que quem está “numa relação com o cigarro” poderá manter-se assim, sem que esta relação seja minimamente prejudicial. É um logro pensar que há relações com o tabaco que serão eternas, até porque, a dada altura das nossas vidas, iremos perceber que esta relação nos subtraiu tempo de viver. E esse tempo é irrecuperável e não volta atrás…

Texto escrito por uma “orgulhosa” ex-fumadora que preferiu não ser identificada

Dança profissional e gravidez: sim, é possível

Ser mãe é um sonho. Um desejo que a grande maioria das mulheres não está disposta a deixar de concretizar, mesmo tendo consciência que se trata de uma decisão que vai mudar a sua vida para sempre.

As bailarinas não são, obviamente, exceção. No entanto, quando engravidam, muitas têm medo de continuar a trabalhar, o que não deixa de ser algo natural e compreensível. O corpo muda, o equilíbrio, a elasticidade e a coordenação também. O medo de prejudicar o bebé impõe-se.

No entanto, nada é impossível e muitas bailarinas profissionais há que continuam a trabalhar até ao fim da gravidez. Mas atenção: nada deve ser feito sem autorização e acompanhamento médico, com cuidados redobrados no que respeita à alimentação e à atividade física, adaptando tudo o que for necessário.

VÍDEO GRAVADO DURANTE UMA AULA QUE JANDIRA BAPTISTA DEU COM O BAILARINO TARIK CHAND, NO “AT YOUR BEAT STUDIO”, EM LONDRES.

Jandira Baptista:
a bailarina que dançou até ao final da gravidez

Bailarina profissional e professora de dança, Jandira Baptista escolheu viver este período da sua vida a trabalhar e a dançar até muito pouco tempo antes de dar à luz.

“Sinto-me bem, abençoada e inspirada! Ansiosa por ter a minha pequena em meus braços”, disse a mais recente mamã, aquando da nossa conversa, uns dias antes da sua filha Zoe nascer. E continua: “Quando olho para trás orgulho-me, estou em paz. Tenho muito que fazer, mas estou ciente de que sou capaz e de que ser mãe me dá ainda mais força.”

Jandira nasceu em Portugal, há 33 anos. Há cerca de 10 meses mudou-se para Londres, com o objetivo de dançar muito e crescer ainda mais enquanto bailarina e professora de dança. Escusado será dizer que a gravidez não foi, de todo, programada e que era algo que, na altura, não esperava.

Soube que ia ser mãe já em Londres, com três meses de gestação. “Penso que foi a adrenalina e a ansiedade da mudança que não me deixaram perceber antes. Estava a preparar-me para trabalhar fora do meu país, para fazer audições, treinar, entre muitas outras coisas”, conta.

Sentiu-se a 200% fora da sua zona de conforto: “Foi um misto de felicidade com pânico. Não estava sequer em minha casa. Tive inseguranças em relação à carreira, em como iria gerir este recomeço com a gravidez e, além disso, o fator idade também me deu que pensar… Saiu tudo diferente daquilo que tinha planeado, mas aceitei. Ser mãe sempre fez parte dos meus sonhos, tomei a decisão de seguir em frente e, rapidamente, tudo se tornou secundário.”

Dançar é uma forma de esquecer os sintomas da gravidez

Para a bailarina, trabalhar grávida é “viver um dia de cada vez”, consciente que de há dias melhores e piores, alguns cansativos e stressantes. Mas, nem tudo é mau, dançar foi uma forma de se abstrair dos sintomas da gravidez e de estar ativa. A partir dos cinco meses abrandou, passou a trabalhar entre dois a três dias por semana e, no final, apenas um dia. Porém, sem nunca deixar de treinar. Deu aulas sem dificuldade, sentiu-se sempre bem, até porque “é algo natural” para si. No final de cada sessão, sentia que “toda a energia desaparecia”.

A pequena Zoe nasceu em Londres, no dia 11 de junho. É filha do bailarino Edgar Carvalho, que se mudou com Jandira para a capital do Reino Unido.

Para terminar, a mãe da Zoe deixa uma mensagem de otimismo: “Não tenham medo. Só paramos se quisermos. É preciso muita disciplina e vontade, mas tudo se faz. Somos privilegiadas, porque o que fazemos permite-nos conciliar o nosso trabalho com a maternidade e com o estar mais tempo com a criança. Agrada-me a ideia de ir ensaiar ou de ir dar aulas e levar a minha pequena. Façam por relaxar e respeitar cada fase. Aproveitem para aprender a fazer outras coisas. Observem os outros a dançar, o movimento. Financeiramente, se possível, é bom ter ‘um pé de meia’, para este tipo de surpresas, excelentes! Senão, há sempre solução.”

A história de Jandira

“Dança significa vida”
Jandira Baptista dança desde sempre. Cresceu num ambiente de DJ’s e bailarinos. Porém, a nível profissional, iniciou-se tarde, aos 22 anos. Pensava que o futuro lhe reservava uma carreira enquanto estilista ou ligada à política, isto porque desenhava roupa e fazia desenho de observação a óleo e, também, porque o seu avô era empresário e diplomata, acabando por captar o seu interesse para as políticas sociais e de sustentabilidade.

A sua carreira na dança começou quando, finalmente, decidiu enfrentar o medo de participar em competições. Foi-se destacando e ganhando prémios em eventos nacionais e internacionais, conhecendo pessoas na área e sendo convidada para dar aulas. Tudo aconteceu naturalmente. Começou a viajar através da dança e a organizar eventos e workshops como forma de contribuir para o desenvolvimento da comunidade em Portugal.

Dança um pouco de tudo e, atualmente, dá, sobretudo, aulas de Hip Hop, House, Waacking, Popping e High Heels.

Montaña de 7 Colores e Valle Rojo: da exaustão ao êxtase

Viajar é viver uma imensidão de sensações, experiências e emoções. É aprender e crescer interiormente.

Sair da nossa zona de conforto, para conhecer e viver uma cultura diferente, é abrir a mente, passar a ver o mundo de outra forma e abraçar novos valores e perspetivas. Viajar (diferente de fazer turismo) é poder encontrar tudo aquilo que não sabíamos que existia.

O Valle Rojo, no Peru, é um sítio maravilhoso, de uma beleza incrível e quase indescritível. Um local onde estive por acaso, do qual nunca tinha ouvido falar, mas que vai ficar-me na memória para sempre!

Naquele dia acordei por volta das 3h00 da manhã. Estava muito cansada, tinha sono e estava um frio de rachar… Arranjei-me muito à pressa, bebi o habitual chá de coca, para me “defender dos males da altitude” e me aquecer, comi qualquer coisa e sai.

O táxi estava à porta, à minha espera. Edith, a minha “mãe de acolhimento”, fazia sempre questão de chamar um taxista seu amigo para me levar. Afinal, os homens peruanos são “muito machistas” e uma moça indefesa não pode confiar assim e qualquer um! Lembrava-me sempre disso e pedia-me que tivesse cuidado. “Cuidate mucho. Te quiero”, dizia.

Às 4h00, como combinado, estava na Plaza de Armas de Cusco, para me juntar à tour que me ia levar até Vinicunca – também conhecida como Montaña de Siete Colores ou Rainbow Mountain. Dei um beijo de bom dia ao mexicano, que já estava à porta da carrinha a comer um croissant com chocolate, e entrei. Estava muito frio para ficar ali fora a vê-lo comer!

Vinicunca é relativamente perto de Cusco, mas as estradas são péssimas, de terra batida, apertadas, com muitas curvas e com íngremes subidas e descidas, pelo que a viagem foi longa. Mas divertida! À nossa frente estavam três portugueses que, ao ouvir-me falar, se aperceberam da minha nacionalidade e, de imediato, meteram conversa. Que bom que foi poder voltar a falar na minha língua materna. Tinha saudades!

O mexicano fez logo questão de dizer – numa mistura de diferentes idiomas – que tinha vários amigos brasileiros e que também sabia falar português. “Bacana né, bacana. No és asi que se habla en Portugau?!”…

A conversa estava boa e a paisagem lá fora era lindíssima. Montanhas, riachos, llamas, alpacas, glaciares. Cores e mais cores. Mas, a altitude aumentava e o mau estar físico começava a ser geral.

Passadas cinco horas, finalmente chegámos! Porém, tínhamos ainda uma muito longa e difícil caminhada pela frente. Estamos a mais de 4 mil metros de altitude acima do nível do mar. A dor de cabeça e a falta de ar faziam sentir-se, mas seguimos em frente.

Durante cerca de três horas de caminhada coloquei muita coisa em causa. As subidas eram íngremes, o cansaço e a falta de ar eram fortes e a minha cabeça parecia que ia explodir.

Pollo (sim Pollo), o nosso guia, tinha folhas de coca para irmos mascando, oxigénio para quem se sentisse realmente mal e ia recomendando que andássemos devagar. “Isto não é uma competição. Cada um ao seu ritmo.”

E não podia ser de outra forma! Ainda me deitei umas quantas vezes no chão, para recuperar o fôlego. Mas sou forte e nunca precisei de oxigénio! Os peruanos iam passando por nós, para cima e para baixo, em passo de corrida. Muitos já com alguma idade, o que tornava toda a nossa dificuldade um pouco ridícula.

A montanha arco-íris é real!

Cerca de 3h30 depois, e complemente de rastos, chegámos a Vinicunca, a montanha arco-íris. Estávamos a pouco menos de 5200 metros de altitude! “Ainda bem que não desisti”, pensei! A beleza do cenário era tal que me esqueci do cansaço. Limitei-me a agasalhar-me – faz mesmo muito frio lá em cima – e a contemplar a paisagem.

Nunca tinha visto nada assim. As fotografias que se veem na internet não têm Photoshop, acreditem. É real! Vinicunca é um destino turístico relativamente recente, descoberto em 2013. As alterações climáticas levaram a que a neve, que sempre cobriu toda a montanha, derretesse e que as camadas coloridas se revelassem.

As cores são resultado da composição mineral e das características das rochas da montanha: vermelho, óxido de ferro; amarelo/laranja, minerais combinados com enxofre; verde, óxido de cobre e minerais de ferro e de magnésio; branco, grãos de quartzo e calcário.

Gostei da montanha e de todo o cenário envolvente, mas teria gostado muito mais se não tivesse tanta gente e tanta confusão. Tiram-lhe muito da sua beleza!

Valle Rojo: o êxtase  

Ainda estávamos em Vinicunca quando Pollo nos desafiou a ir conhecer o Valle Rojo, a cerca de 1 km de distância. Estávamos cansados e incomodados com a altitude e não ficámos muito convencidos.

Pollo explicou-nos que o local não era turístico, que era ainda mais bonito que a montanha das cores e que, uma vez que ali estávamos, não deveríamos perder.

O jovem guia é fascinado pela beleza e pela paz que se sente no Valle Rojo e queria mesmo que o conhecêssemos. Praticamente ninguém quis ir, preferiram descer! Só, os quatros portugueses, o mexicano e uma canadiana, que entretanto se juntou ao grupo, aceitaram. E ainda bem!

Andar 1 km naquelas condições não é fácil! Voltei a questionar tudo e mais alguma coisa, mas continuei… De repente, uma paisagem magnífica revelou-se. Uau!!! Percebi logo o que Pollo nos tentava dizer, quando insistiu que fossemos até ali!

Um vale de tonalidade vermelha, sarapintado com uma espécie de relva verde esmeralda! O local estava completamente deserto. Era enorme, não tinha fim. E ainda bem! Passámos horas ali. Senti-me totalmente em paz, completamente abraçada pelas montanhas e em contacto com a natureza na sua mais pura essência.

Voltei a ficar sem ar, mas desta vez por um bom motivo: o respeito e o fascínio que de imediato senti por aquele imponente cenário! A gratidão por poder ali estar!

De uma coisa tenho a certeza: Eu não poderia morrer sem ter ido ao Valle Rojo! O Peru é, sem dúvida, um país abençoado!

Voluntariado com “meninos especiais”: uma lição de vida

Recentemente vivi uma experiência inesquecível, porém muito difícil de traduzir em palavras… Aliás, talvez consiga resumir todos os meus sentimentos num único: gratidão! Passei parte dos meses de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019 em Cusco, no Peru, num projeto de voluntariado na Kusi Wasi (Casa Feliz, em Quíchua), um lar para meninos com necessidades especiais e em situação de abandono e maus tratos.

Se podia ter optado por crianças saudáveis? Podia. Se teria sido mais fácil? Nos primeiros dias, com certeza. No entanto, não teria vivido o que vivi, aprendido o que aprendi, sentido o que senti, nem recebido o carinho e o amor que recebi.

Tratam-se de crianças com problemas mentais e/ou físicos, que viveram situações de abandono, maus tratos físicos, abusos sexuais, entre outros. Meninos com histórias de vida tão difíceis, que passaram por situações impensáveis, tão feias… Meninos sofridos, carentes, doentes, com necessidades várias. E, por incrível que pareça, meninos tão ternos, tão meigos, tão… tudo. Crianças que, inconscientemente, exigiram tanto de mim, mas que deram tão mais de si!

Voltei com o coração apertado e já cheia de saudades dos meus “bebés”, com a sensação que o tempo passou ainda mais rápido que o normal e com uma vontade imensurável de regressar. Voltei uma pessoa melhor (espero) e com uma visão muito diferente da vida.

Como não consigo falar muito mais sobre a Kusi Wasi, uma das casas da Asociación de las Bienaventuranzas (ADLB), conversei com o seu diretor, Genaro Bustamante:

“Os voluntários ajudam muito na estabilidade emocional das nossas crianças”

Histórias – Conta-me um pouco da história da Kusi Wasi e da ADLB?
Genaro – 
Somos uma obra de amor que nasceu no coração de Deus, fundada pelo padre Omar Sánchez Portillo. A ADLB situa-se em Tablada de Lurín, Villa María del Triunfo, em Lima, e está, desde maio de 2016, em Cusco, como Kusi Wasi. Trata-se de um espaço que acolhe quem nada tem, quem mais precisa e quem se sente abandonado e sozinho.

Genaro com algumas das crianças da Kusi Wasi

Histórias – Quais os principais objetivos?
Genaro –
 Dar abrigo, cuidados e desenvolvimento integral a estas pessoas, bem como responder às suas necessidades materiais, educacionais, médicas, emocionais e espirituais, sejam crianças, adolescentes, jovens, adultos ou idosos. Todos eles portadores de doença mental, deficiência ou com necessidades especiais de educação e em situação de pobreza extrema, abandono, vítimas de discriminação, de violência e de exclusão social.

Histórias – Atualmente, a Kusi Wasi acolhe apenas crianças e jovens. Quantos vivem neste espaço e qual média de idades?
Genaro –
 Temos 23 crianças e jovens, 8 meninos e 15 meninas. A faixa etária está entre os 8 e os 27 anos.

Histórias – Quais as principais doenças/problemas?
Genaro –
 Temos diferentes tipos de patologias e em todas as suas escalas, deficiência mental, autismo, trissomia 21, esquisofrenia, convulsões, entre outros.

 Histórias – Quantas pessoas trabalharam na Kusi Wasi?
Genaro –
 Somos uma equipa de seis pessoas.

Histórias – Quais são as principais necessidades da Kusi Wasi?
Genaro –
 Alimentação, limpeza e higiene pessoal, materiais de trabalho para realizar as atividades de desenvolvimento motor e educacional e medicamentos – uma vez que a maioria toma fármacos psiquiátricos e/ou anticolulsivos.
Precisaríamos, também, de contratar um professor de espanhol para os que não podem ir à escola. No entanto, não temos verbas para pagar.
Outra grande necessidade, que para nós é muito importante e queremos que este ano se torne realidade, é conseguir fundos para poder construir uma nova casa Kusi Wasi, num terreno de 8 mil metros quadrados, que foi doado ao padre Omar, em 2018. A casa onde estamos atualmente é alugada, pequena e não nos permite ajudar mais pessoas.

Histórias – De que forma podemos ajudar?

Genaro – Com todos os tipos de doações, sejam materiais ou financeiras. Através do nosso site ou da nossa página de facebook. Assim como com um pouco do seu tempo, ajudando nas tarefas diárias e nas atividades da casa.

Histórias – Qual a importância do voluntariado para a Kusi Wasi?
Genaro –
 O tempo dedicado às crianças faz com que se sintam amadas. Os voluntários ajudam muito na estabilidade emocional de cada um deles. Brincando, abraçando, dançando, etc. Também dão muito apoio no que respeita às atividades de desenvolvimento da motricidade.

Histórias – Consideras que os voluntários chegam à Kusi Wasi preparados para encontrar e ajudar estas crianças?
Genaro –
 São muito poucos os voluntários que vêm preparados! Ao início, quase ninguém sabe como reagir, mas basta vir com o desejo de ajudar, de dar amor e de abrir o coração para o receber também.

Histórias – O que é que um voluntário deve saber antes de iniciar o seu projeto na Kusi Wasi?
Genaro –
 Ao início é difícil, mas com o tempo o voluntário aprende e passa a sentir-se parte de tudo!
De qualquer forma, seria bom que se informasse sobre as patologias mencionadas, que trouxesse ideias de atividades para trabalhar com as crianças e que se lembre que a maioria nunca andou numa escola, não tem formação e foi vítima de abuso físico, psicológico e sexual, exploração infantil, entre outros.

Histórias – És jovem, tens 29 anos. Há quanto tempo estás ligado à Kusi Wasi?
Genaro –
 Desde janeiro de 2018. Estive 9 anos no projeto em Lima. O padre Omar precisava de uma pessoa de confiança, que se encarregasse da missão da Kusi Wasi, e falou comigo. Não pude recusar e aqui estou como diretor, procurando o melhor para a Kusi Wasi, em benefício das crianças.

Histórias – O que significa para ti poder ajudar estas crianças e ter um papel tão importante nas suas vidas?
Genaro –
 Só posso agradecer a Deus. Isto é a minha vida. Há muito tempo que pus os meus planos pessoais de lado e decidi ficar na ADLB. É maravilhoso o poder dos meninos de Lima e de Cusco… Mudaram totalmente a minha vida e ensinaram-me a dar amor desmedidamente.

Histórias – Projetos futuros?
Genaro –
 A nova casa. Queremos ampliar o espaço, para hospedar mais crianças e jovens, mas também adultos e idosos, todos com necessidades especiais em situação de abandono.
É uma grande necessidade em Cusco. Temos recusado muitos casos por questões de espaço, o que nos afeta muito, porque sabemos que precisam de nós. Queremos ter quartos adequados às necessidades, áreas de trabalho para os jovens, escola, gabinetes médicos e de terapia e dormitórios para os voluntários.
Gostava que tivesses conhecido o espaço de Lima, para que pudesses ter uma ideia daquilo que queremos desenvolver em Cusco!**

Obrigada Genaro! Com certeza, voltarei para conhecer o espaço em Lima e espero encontrar a “nova Kusi Wasi” a funcionar em pleno!

Por último, mas não menos importante, devo dizer que fiz este projeto de voluntariado através da Iko Poran Volunteer Abroad, uma organização de voluntariado internacional sem fins lucrativos, com sede no Rio de Janeiro, Brasil, a quem devo também agradecer, na pessoa do seu diretor, Luis Felipe Murray, por todo o seu profissionalismo, atenção, acompanhamento e disponibilidade.

Tal como foi referido, a Kusi Wasi passa por diversas necessidades, tanto financeiras, como de material e de recursos humanos e toda a ajuda é bem-vinda. Apoiem a associação, fazendo um donativo através de https://asociacionbienaventuranzas.org.pe/ ou https://www.facebook.com/AsociaciondelasBienaventuranzas/.

É muito importante e os nossos príncipes agradecem!

Hasta luego, Cusco

“A saudade é a voz que grita ‘fica’ na hora da partida”

Partir não é fácil, sobretudo quando deixamos pessoas, projetos e formas de estar e de viver que tanto gostámos de experiênciar, mesmo que por pouco tempo.

Paisagens de sonho, cheiros, sons, sabores, texturas… Abraços apertados que ficam para sempre na memória. Sentimentos.

Hasta luego Cusco. Un dia voy a volver, te lo juro.

Agora é tempo de desfrutar de Lima e dos seus arredores…

Ronda das Almas em Luang Prabang

á lá vão uns meses desde que estive em Luang Prabang, em Laos, mas as recordações continuam vivas. São boas e mais que muitas. O país é pobre, as pessoas humildes, simpáticas e acolhedoras. A pobreza é visível. A solidariedade e a partilha também. A Cerimónia da Ronda das Almas é uma prática budista, realizada desde o século XIV, que consiste na doação de alimentos por parte da população local aos monges e noviços dos mosteiros da cidade.

Vale a pena acordar cedo para assistir, às 5h30, a este “ritual religioso” tão bonito e cheio de simbolismo. Todos os dias, ao nascer do sol, a população junta-se nas principais ruas da cidade para fazer as suas oferendas aos monges. Os alimentos doados são parte da única refeição diária que consomem. Contudo, estes ainda as partilham com quem mais precisa. Arroz, frutas e doces são as doações mais comuns.

Pelo que percebi, para os budistas a cerimónia da ronda das almas é muito mais que uma simples doação de comida ou ato de caridade. De acordo com a sua crença budista, fazer esta oferenda é uma forma de acumular méritos. Para os monges é uma maneira de exercitar a humildade.

Ajoelhados em tapetes ou sentados em pequenos bancos à beira da estrada, homens, mulheres e crianças esperavam a passagem dos monges, que iluminados pelas suas vestes laranja começaram a aparecer silenciosamente. A cerimónia é imponente. Senti respeito, admiração.

São rápidos, passam em procissão, recebem as oferendas, partilham-nas com as várias crianças pobres que se alinham à sua frente, esperando que as redistribuam, e seguem. Muitos deles são também ainda crianças! Pequenos monges que os pais enviam para os templos, para que tenham uma educação melhor e para que a família acumule méritos.

Assistir à ronda das almas foi ter tido o privilégio de ver com os meus próprios olhos o forte senso de comunidade e generosidade desta população. Sentir-me conectada a uma força e energia maiores!

Histórias de encantar… ou não

Num dos passeios que costumo fazer pelo miradouro, fui apanhada de surpresa e entrevistada por um amigo!

Aqui está o resultado, que serve para apresentação do meu blog “Histórias de encantar… ou não”!

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